Decoração feita de afeto aumenta a conexão entre pessoas

Um ambiente com boas lembranças que resgata a história vivida na infância ou algum momento significativo do indivíduo é o que traduz o conceito de decoração afetiva. Ter em casa ou no ambiente de trabalho um espaço que seja aconchegante, cheio de personalidade e emoções aumenta a conexão entre as pessoas e o lugar.

Por meio de retratos, objetos, cores e adornos a decoração afetiva consegue gerar um sentimento de pertencimento na residência, levando o morador a acessar memórias que estavam guardadas ou perdidas na sua mente. Dessa forma, é possível renovar a moradia ou qualquer outro espaço da casa com elementos afetivos.

Priscilla Daltro, 42, gerente na Aon Inc Inc (empresa multinacional de seguros), por exemplo, contratou a arquiteta Mally Galvão para que a sua residência fosse decorada nesse estilo. “Porque nossa casa é um reflexo do que somos. Acredito nessa harmonia entre a gente e o ambiente em que vivemos. Olhar para nossa casa e nos reconhecer nela nos dá conforto, aconchego e pertencimento”.

A designer de interiores Marcela Neri afirma que a decoração afetiva traz para dentro do lar os sentimentos e lembranças que a pessoa tem dentro de si, podendo ser uma recordação mais recente. “Lembrando que designer afetivo não é só sobre lembranças do passado, mas sim sobre sensações e memórias boas que a pessoa quer ter no espaço”.

Com isso, ter itens de decoração que resgatam as memórias do indivíduo e possuem um significado importante para o morador deixam o ambiente mais caloroso. Os objetos não precisam custar caro para que eles tenham grande valor.

Segundo a arquiteta Mally Galvão, uma peça que pertence a algum familiar ou alguém estimado pode tornar o espaço com mais afeto e carinho.

“Então, misturar um objeto de decoração com um móvel que tenha uma história, que seja de uma avó ou de alguém querido, no contexto de um ambiente novo e com móveis mais modernos é uma ideia de deixar o ambiente mais afetivo, trazendo uma memória, valorizando aquele objeto e aquele ambiente”, diz.

Além disso, o uso de cores, uma iluminação adequada, e, principalmente, os itens decorativos no espaço podem trazer sensações e lembranças de algum momento especial.

A designer de interiores dá um exemplo de um projeto que ela fez num quarto de bebê, no qual tinha memórias de quando os pais se conheceram. “Os pais se conheceram no Maranhão, no pôr do sol, nas dunas, e aí retratei no projeto (nesse quarto de bebê) as dunas em formas geométricas para lembrar desse sentimento bom de lá do início deles, de onde tudo começou”.

As especialistas têm em suas casas objetos de decoração que remetem à lembrança de algum ente querido. No caso de Marcela Neri, ela emoldurou um pente garfo do pai para recordar do cabelo black dele. Já Mally Galvão têm quadros com uma foto 3x4 e um par de sapatos dos seus avós, e, ainda, uma jarra e um conjunto de copos deles.

Geralmente os ambientes que os clientes escolhem para ter esse tipo de decoração são o quarto de casal e a sala, de acordo com a arquiteta. Ela ressalta que os objetos acabam revelando qual cômodo da casa fica melhor. “Depende muito do tipo de objeto. Se for um santo, por exemplo, para quem cultua e gosta, normalmente fica na sala ou em algum cantinho no corredor que tem esse espaço marcado. Mas se for outro tipo de objeto, algo mais compacto, que traga mais significado no quarto, então dá para usar no dormitório também”.

Em espaços comerciais

A decoração afetiva pode ser feita em outros locais, além da residência. Um exemplo disso foi Raquel Maia, 21, que tem uma loja virtual de produtos artesanais e também presta serviço de pintura artística na parede. Ela fez um projeto no seu ateliê com a designer Marcela Neri para que pudesse aproveitar a área e que guardasse seus materiais de trabalho. A artista contou que depois de ter ficado pronto o lugar, ela ficou bastante satisfeita com o resultado.

“A experiência foi com certeza indescritível, e a prova disso é que enquanto respondia essa pergunta me emocionei. Marcela Neri conseguiu tornar meu sonho, de ter um ateliê, realidade e, agora mesmo, depois de quase um mês pronto às vezes entro no ateliê só para admirá-lo”.

A designer de interiores explicou que decorar de forma afetuosa os ambientes de trabalho faz com que o lugar tenha mais personalidade e conforto para os clientes. “Acho que locais de trabalho, espaços comerciais são, hoje em dia, os principais ambientes que precisam também ter a questão do afeto, do aconchego e da personalidade”, revelou

*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló