Em cada oito endereços, um fica em condomínio

Cada vez mais brasileiros moram em condomínios, com 13,3 milhões de endereços residenciais nesse formato, o que corresponde a um em cada oito endereços no País, de acordo com o censo de 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado no dia 15 de julho. O Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe) registrou 106,8 milhões de endereços de uma forma geral no país, número 19,5% maior que o registrado no censo anterior. Os dados chamam a atenção de moradores, síndicos e do mercado imobiliário.

Para Kelsor Fernandes, presidente do Secovi-BA, sindicato patronal da habitação que representa as empresas de comércio e serviços imobiliários, um dos principais motivos do crescimento do número de moradores de condomínios está associado à segurança. “Os principais fatores são, a sensação de segurança, a oferta de serviços de lazer, como por exemplo piscina, academia, quadra, e até pequenos mercados”, afirma Kelsor.

Para a estudante universitária Kamila Souza, além da sensação de segurança, a falta de oferta de outras modalidades de moradia também influenciou na escolha por um condomínio. “Ao buscar imóveis para alugar em Salvador, a maioria era apartamento, então foi por uma questão de oferta. No entanto, também tem a questão da segurança da portaria, uma vez que moro sozinha”, relata a estudante de arquitetura e urbanismo.

A estudante de jornalismo Luanda Costa, avalia que além da segurança, os preços desses empreendimentos são normalmente mais atrativos. “Precisei mudar de endereço e apartamentos tem preços melhores que casas, essa foi a real motivação. A segurança é o principal benefício, me sinto mais segura. Há uma dificuldade maior para invadir um condomínio em relação a uma casa”, afirma a estudante.

Kamila também enxerga desafios na vida condominial, como a falta de comunicação com a gestão e a burocracia para resolver certas questões. “Os principais problemas são a falta de comunicação entre a administração, e o fato de que nem todos os vizinhos sabem respeitar o espaço comum o que, por vezes, gera inconveniências. Se eu fosse me mudar, ainda preferiria morar em um condomínio, exceto se eu fosse morar com minha família, pois há muitas burocracias e demandas dentro da administração”, observa.

Privacidade é desafio

A privacidade no contexto do condomínio é um tópico de debate entre moradores. “Sinto que perdi um pouco da privacidade. Não poder fazer muito barulho ou sempre encontrar um vizinho na saída faz eu me sentir exposta de certa forma”, relata Luanda Costa, que recentemente se mudou de uma casa para um condomínio.

Para os profissionais de gestão condominial e síndicos, o novo panorama também apresenta questões. “Acredito que o maior desafio, com o crescimento de moradores, seja a conscientização de todos quanto às regras do Regimento interno. Para reunir pessoas de culturas diferentes é preciso não só apresentar o documento (regras), mas, sim, mostrar a importância da socialização para que de forma coletiva todos tenham uma convivência agradável”, explica a síndica Luciana Pereira.

* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló