CADERNO IMOBILIÁRIO
Minha Casa Minha Vida movimenta R$ 1,8 bilhão no mercado baiano
Alta do subsídio para aquisição de imóvel pelo programa gera otimismo no setor da construção do estado
O otimismo tem tomado conta da construção civil. O motivo é o relançamento do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e novas regras definidas para ele. O setor já vinha dando sinais de enfraquecimento, quando registrou, em maio deste ano, mais demissões do que contratações, segundo estudo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Agora, com o aumento do subsídio para aquisição de imóvel pelo programa e a contemplação de 11.400 unidades para a Bahia, a expectativa é movimentar, no mínimo, R$ 1,8 bilhão no mercado baiano.
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Alexandre Landim relembra que, apesar do Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil ter registrado um crescimento de 6,9% em 2022, nos últimos três anos, o setor viveu um momento de escassez de recursos e alta dos preços dos insumos, o que acabou tornando a contratação de novos projetos desfavorável. O então programa Casa Verde e Amarela também não ajudou o mercado como era esperado.
“Praticamente não houve recurso federal, alguns estados precisaram subsidiar. E os valores estipulados já estavam apertados (para viabilizar as obras)”, avalia.
Agora, entre as principais mudanças que devem beneficiar a demanda do setor, estão o aumento do subsídio para aquisição de imóvel, a redução dos juros para financiamento de famílias com renda mensal de até R$ 2 mil e o aumento do valor máximo da unidade que pode ser comprada pela maior faixa de renda. Tudo isso deve deixar o mercado mais atraente para o consumidor.
Mas uma outra fatia do programa também chama atenção das construtoras e incorporadoras: são as 11.400 unidades que foram oferecidas pelo programa para a chamada faixa 1, aquela que confere o subsídio federal quase que integral no valor do imóvel. Neste caso, as construtoras não participam da venda ou lançamento do empreendimento, apenas o entregam para Caixa Econômica Federal. De acordo com o presidente do Sinduscon, só esse volume destinado à Bahia já representa mais do que o dobro do total de lançamentos do mercado imobiliário no ano passado.
Geração de emprego
“O segmento de habitação de interesse social, que é onde se encaixa o programa Minha Casa Minha Vida, tem um volume muito grande (de construções) e acaba fomentando uma extensa cadeia de fornecedores. Então, ele tem um potencial para alavancar a construção civil e consequentemente a geração de emprego no estado. Nossa expectativa é muito alta”, explica o presidente do Sinduscon.
Vice-presidente do Sinduscon-BA e sócio-diretor da Kubo Engenharia, Ângelo Simões estima que somente com essas unidades da faixa 1 o setor deve somar em contratações cerca de R$ 1,8 bilhão. Já para os canteiros de obra, a previsão é de 5.700 vagas de emprego.
Por enquanto, a nova versão do MCMV está na fase de inscrição das construtoras. Aquelas interessadas em participar das obras da faixa 1 já enviaram suas propostas de localização e aguardam o resultado da classificação técnica feita pela Caixa. A Kubo, por exemplo, já inscreveu seis terrenos em Ilhéus, Vitória da Conquista e Salvador. Caso sejam aprovados, a previsão é de 1.500 unidades disponíveis. No ano passado, a empresa não participou de obras dessa categoria.
Para as faixas 2 e 3, a construtora já tem 450 unidades nas duas cidades do interior e um novo projeto para a capital. Simões acredita que as novas condições do projeto devem facilitar as vendas nessas categorias, mas faz uma ressalva ao funcionamento do projeto.
“É preciso agora rodar rápido o projeto, porque a construção civil já demonstra indícios de declínio. As obras do mercado imobiliário que estão aí são de dois ou três anos, as obras públicas são do período da eleição”, pondera.
Na Pejota Empreendimentos, a expectativa também é de fomento na demanda por imóveis dentro das faixas 2 e 3 do programa. Gerente comercial da construtora, Antônio Oliva acredita ainda que, além das novas condições, as mudanças vão permitir melhorias na estrutura dos próximos projetos, o que deve torná-los ainda mais atraentes para os consumidores.
“Foi-se o tempo em que imóveis do MCMV eram somente aqueles baratíssimos e sem muitos atrativos para o cliente além do valor. O que podemos observar é que, cada vez mais pessoas estão buscando empreendimentos do MCMV porque, com as mudanças que foram acontecendo historicamente no programa, os empreendimentos já chegam com tudo o que se deseja para morar em termos de tamanho e infraestrutura”, afirma Oliva.
Mais lançamentos
Segundo o gerente da Pejota, o novo enquadramento do projeto já era uma cobrança do setor e dos próprios consumidores. “Era algo que pedíamos porque tivemos um aumento muito grande dos custos da construção civil. Além disso, o próprio cliente cobrava que o programa abraçasse melhor os lançamentos que chegavam ao mercado. Agora o cliente pode esperar lançamentos ainda mais interessantes em diferenciais e valores e as incorporadoras podem melhorar suas margens”, analisa.
Dentro das condições do programa, a Pejota lançou recentemente o Vivver Ulysses, que já foi totalmente vendido, e entregou há um ano o Vivver Novo Horizonte, que hoje conta com oito unidades disponíveis e valores a partir de R$ 230 mil.
A MRV também analisa como positivas as mudanças no programa. As novas regras fizeram com que a construtora passasse a ter 92% de seu portfólio enquadrado no MCMV. Anteriormente o índice era de 60%. Só na Bahia, são mais de 1.990 unidades elegíveis ao MCMV. Em cidades como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari, por exemplo, esses imóveis representam 100% dos produtos disponíveis. A expectativa é que isso aqueça as compras.
Já trabalhando para que o consumidor tome conhecimento das novas condições, a MRV lançou uma websérie de oito episódios, no Youtube. A gestora comercial da construtora na Bahia, Flávia Cezimbra, explica que a ideia é trazer para o público as novidades em cada faixa do programa, as novas regras de financiamento e outros benefícios oferecidos pelo MCMV. “Só na primeira semana, foram mais de 215 mil visualizações no Youtube, o que mostra o grande interesse do público pelo assunto", comenta a gestora.
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