GESTÃO
Pandemia eleva demanda de coleta seletiva em prédios
Houve alta de 4% da geração de resíduos urbanos, o que ampliou a necessidade de reciclagem
Por Leilane Suzarte*

Segundo a Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), houve um aumento de 4% da geração de resíduos sólidos urbanos durante a pandemia , o que está relacionado principalmente ao descarte de resíduos das residências. O volume de lixo domiciliar aumentou devido às pessoas ficarem mais tempo em casa e, consequentemente, consumirem mais.
Os síndicos foram obrigados a reavaliar o sistema de coleta nos prédios. No caso dos condomínios residenciais que fazem a coleta seletiva houve uma preocupação maior, já que precisavam armazenar e fazer a destinação correta de todo material.
Viviane Santos, engenheira sanitarista e ambiental da cooperativa Bariri, conta que dos 25 condomínios ativos que ela atua, são recolhidos, em média, 300 a 500 kg de materiais recicláveis por dia. A cooperativa faz parte do programa de logística reversa chamado Dê a mão para o futuro - Reciclagem, Trabalho e Renda, que visa conscientizar os moradores sobre reciclagem e coleta seletiva. Sua implementação ocorre pela empresa Visões da Terra e é financiado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
O administrador do condomínio Mansão Niccolo Paganini, Feliciano de Almeida, faz uma parceria com a cooperativa Bariri para a coleta seletiva no edifício. “A gente não faz a seleção do material reciclado, nós só fazemos o recolhimento do material já selecionado e separado pelo próprio morador”, completa Feliciano.
Gil Lopes, síndico profissional, formado em administração e que, atualmente, atua como gerente condominial do Residencial Carpe Diem - Alphaville 1, conta que não tem a colaboração de nenhuma cooperativa e que durante a pandemia aumentou o volume de lixo e, por isso, seu depósito ficou “impraticável”. “Chegou um momento que eu tive que parar de coletar e o que chegasse eu descartava, porque não tinha mais onde guardar”, diz.
Projeto sustentável
Ivan Euler, diretor da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (SECIS), informa que durante a pandemia houve a suspensão da coleta seletiva na capital, sendo retomada no ano passado com a implantação de 11 Casas Soma na cidade.
“Cada Casa So+ma que recebe os materiais recicláveis da população possui um atendente que auxilia na pesagem dos resíduos e na computação dos pontos gerados. Esses pontos podem ser trocados por cursos, alimentação básica, experiências, descontos em supermercado e muito mais. É como se o resíduo fosse uma moeda social”, explica Ivan.
Ele diz ainda que a adesão é totalmente gratuita e sem taxas de anuidade. A unidade destina os materiais recebidos para uma cooperativa de reciclagem da região. Para se cadastrar no Programa So+ma Vantagens em Salvador ou saber mais sobre o projeto, acesse o site www.somavantagens.com.br .
A profissional Viviane destaca a necessidade de todos estarem envolvidos na participação da coleta seletiva e de que o treinamento com a equipe de limpeza é de fundamental importância para compreender o trabalho da cooperativa. "A gente tem que entender que a coleta seletiva é uma responsabilidade compartilhada", ressalta.
Vale lembrar que muitos condomínios têm dificuldades para instaurar a coleta seletiva e incentivar os moradores a adotarem essa prática. Feliciano dá dica ao síndico ou administrador que queira implantar isso de forma efetiva.
"A gente tem que ter persistência na divulgação do trabalho. Se na primeira dificuldade que a gente tiver, desistir, aí a gente não consegue implantar. Mesmo depois da coleta implantada, você já tendo o material, ainda assim tem de continuar fazendo a divulgação sobre a importância da coleta para o meio ambiente e também que ajuda famílias que necessitam desse material para sobreviver", ressalta o administrador Feliciano.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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