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CADERNO IMOBILIÁRIO

Redução na tarifa de importação do aço atenuará alta dos custos

Variação do insumo em 101% nos dois últimos anos tem pressionado preços de imóveis novos

Por Fábio Bittencourt

14/05/2022 - 6:10 h
Custo dos insumos impacta nos preços dos imóveis
Custo dos insumos impacta nos preços dos imóveis -

A redução na tarifa para importação de produtos siderúrgicos usados na construção civil, como o vergalhão de aço, de 10,8% para 4%, essa semana, soou como um alívio para a indústria. Segundos os analistas, a medida deve contribuir para mitigar os efeitos da inflação sobre o setor, e beneficiar o consumidor final.

Um dos principais componentes de uma obra, a alta do insumo tem impactado fortemente o custo da construção – e pressionado o preço de novos imóveis –, após sofrer variação de 101% nos dois últimos anos. Desde 2020, ítens, como cimento (39%), tijolo e peças cerâmicas (46%), também tiveram reajustes expressivos.

O anúncio da aprovação foi feito na última quarta-feira pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia, atendendo a um pleito da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) de julho de 2021, defendendo isenção total da alíquota (0%).

Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da Abrainc, Luiz França, disse que a redução no preço do produto permite às empresas o ganho de “força e competitividade”.

“A redução amplia as possibilidades de compras de materiais para o setor, podendo contribuir para atenuar a subida dos custos em um momento em que as famílias de baixa renda estão sofrendo com a alta inflação. A medida estimula não só a produção de moradias como a geração de postos de trabalho”, afirma.

Segundo ele, o impacto do aumento do aço sobre o segmento Casa Verde e Amarela (CVA) é “enorme pela magnitude do programa de moradia popular”. “Não é correto pensar que a variação prejudique uma ou outra empresa. Isso é um grande erro, uma vez que o CVA representa 80% das moradias construídas no Brasil, gerando por ano 1,4 milhão de empregos”.

Presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Carlos Henrique de Oliveira Passos ratifica a importância da medida, lembrando que a “elevação frequente” do preço do aço vem afetando não somente a indústria imobiliária, como também as obras públicas, “sem que os custos possam ser repassados”.

Ele frisa, contudo, que a importação de aço “não é algo tão simples”, e que esse será um “aprendizado”.

“O setor precisa agora saber fazer a importação, precisa juntar as empresas (em pool), verificar questões como quantidade, frete, tarifas alfandegárias, mas é um caminho. Por cultura, nós temos o costume de trabalhar com insumos locais, e vamos ter de daqui para a frente trabalhar esse assunto”.

Ainda de acordo com o dirigente, o próximo passo do setor agora é “tentar entender” a indústria da resina de PVC. Segundo ele, outro insumo de uso intensivo na construção.

Alta mundial

“Tanto na forma direta como indireta, está presente na cadeia como um todo. Mas é (uma indústria) tão complexa como a do aço. Grande parte das resinas são importadas, e os produtos derivados vêm registrando grande variação”, pontua.

O último relatório do índice Global Residential Cities, realizado pela consultoria especializada no ramo imobiliário Knight Frank, com mais de 500 escritórios pelo mundo, aponta que a pressão nos custos dos insumos é sentida em grande parte na forma do aumento dos preços dos imóveis.

O último trimestre de 2021 registrou a maior alta em 18 anos nos valores praticados em 140 cidades analisadas –, de um total de 150. Com periodicidade trimestral, a pesquisa revela que o preço médio dos imóveis comercializados nos locais mensurados cresceu 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, o maior percentual desde o quarto trimestre de 2004.

O aumento no custo das obras já faz o resultado de construtoras despencar. Na última quinta-feira, ao divulgar lançamentos dos primeiros três meses de 2022, pelo menos cinco anunciaram queda no lucro líquido. O grupo MRV, por exemplo, registrou um tombo de 76,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Procurada, a empresa não quis comentar.

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