Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > MODA
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

MODA

Lilian Pacce fala sobre reinvenção das semanas de moda

Por Alezinha Roldan l A TARDE SP

15/03/2017 - 22:40 h | Atualizada em 15/03/2017 - 23:33
Lilian Pacce: “O que mais gosto na Bahia é do baiano”
Lilian Pacce: “O que mais gosto na Bahia é do baiano” -

Em entrevista exclusiva para A TARDE, direto da sala de imprensa da 43ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), a jornalista, apresentadora e escritora Lilian Pacce fala sobre a reinvenção das semanas de moda no mundo, sobre polêmicas e a importância da indústria da moda na economia do país.

É visível que a crise chegou e afetou a SPFW e, com isto, diminuiu muito o tamanho e o brilho do evento. Você acha que esta crise é o fim dos ciclos das "semanas de moda" ou a oportunidade para reinvenção delas?

Super oportunidade de reinvenção. Acho que isso aparece com mais clareza aqui no Brasil, mas o mundo inteiro está vivendo um período de transição, recessão e reinvenção. Aqui talvez apareça de uma forma mais evidente, primeiro por causa da situação econômica do nosso país e segundo, porque o evento optou por radicalizar mesmo e embarcar nesse “now by now” como um todo, coisa que lá fora as pessoas ainda estão pensando. Algumas marcas aderiram, outras não, porque é uma decisão muito complexa, então o que acabamos vendo hoje é que esta acabou sendo a grande discussão em relação às semana de moda no mundo. Esse “now by now” e a crise econômica, que é global, fizeram com que as marcas dessem preferência para o “tudo mais fácil, mais compreensível”, então a imagem de passarela, a imagem de moda, acabou sendo muito simplificada neste formato, porque de fato o desfile está ali como ferramenta de venda e não de criação de uma imagem de desejo.

O conceito "pronta entrega" e o imediatismo, copiado das grifes internacionais não desvalorizou as semanas de moda ao acabar com o glamour e ansiedade da "espera"?

Acho que isso que é louco, entendeu? Porque tem um lado que é bom, o da venda e do retorno financeiro imediato para que as empresas se mantenham, mas acho que realmente tirou um pouco do sonho da moda. E a moda é sonho, é o encanto, é preciso sonhar um pouco. Por um lado eu entendo que o momento pede uma moda acessível no sentido de fazer as pessoas compreenderem o que veem e imediatamente falarem “eu posso usar, eu quero usar aquilo”. Mas realmente não conseguimos ser tão realistas na moda. Precisamos do sonho também.

A maioria das pessoas não percebe que a moda movimenta a economia como um todo, porque o marketing só é feito em cima do produto final. Você acha que mudar o conceito da divulgação dos produtos, mostrando mais todas as etapas de fabricação, pode ajudar o público final a perceber isto?

Eu acho, de alguma maneira, natural que uma pessoa que não está envolvida no mercado ache que é só glamour ou é só futilidade. O que me admira é o governo não perceber isso como uma indústria econômica, um setor econômico importantíssimo para a economia. É um segmento que gera receita, que gera emprego, que é super forte. Se não me engano é o segundo maior gerador de empregos, depois da indústria automobilística e, no entanto, não tem respeito, não tem incentivo. Infelizmente é assim no Brasil, né? Porque você vai para a França, vai para a Itália, e você vê que é uma indústria respeitadíssima porque eles sabem a importância não só em termos de “commodity”, como de valor agregado. É super importante. O governo brasileiro já mudou várias vezes, mas ninguém ainda entendeu e soube incentivar esta indústria que é super importante. Ela precisa ser incentivada. Incentivos fiscais como os que a indústria automobilística tem são um absurdo, na minha opinião, porque ninguém precisa de mais carros na rua. Precisamos de transporte público, e não de mais carros, e no entanto a indústria automobilística recebe vários incentivos. Se todo o ciclo de formação da indústria da moda recebesse do governo apoio para programas de educação e formação, capacitação de mão de obra, seria sensacional porque o brasileiro tem habilidade manual, ele tem essa aptidão, mas ela não é valorizada, então fica um segmento totalmente à margem. Especialmente no Nordeste nós sabemos que existem vários casos de Bolsa Família, por exemplo, que desestimulou totalmente o trabalho das rendeiras. Se elas recebiam o Bolsa Família, por que iriam ficar ali bordando se não havia um incentivo para aprimorar a arte delas? E temos, por causa da falta de incentivo, uma nova geração que não vê valor nisso, porque isso não é mesmo valorizado. No entanto, os trabalhos manuais e artesanais do Nordeste são pérolas e nós precisamos olhar para isto com muito carinho e atenção.

Na sua opinião, a vida útil das blogueiras ainda é longa? Elas vão se manter ou isto uma hora vai acabar?

Eu acho que não vai acabar não, mas acho que vai mudar como já está mudando. As blogueiras já tiveram duas gerações, pelo menos, e, hoje acho que o que é forte não é mais blogueiro, é o youtuber. Tivemos uma primeira geração de blogueiros que era muito livre, muito pessoal, muito opinativa. Depois veio esta geração que é uma coisa mais fantasiosa, mais a geração do selfie. Agora o que eu acho que está muito forte são os youtubers mesmo. Daí você junta tudo e dá os que são os influenciadores digitais. Então já está vindo uma outra geração. O que acontece no meio destas transformações é que com isso muitos desistem, porque tudo é trabalho, tudo precisa de dedicação e só ficam alguns mesmo.

Diante de tantas pessoas buscando serem incluídas em grupos, seja eles de magros, gordos, negros, bonitos, maquiados ou qualquer outro, você acha que o ser humano normal perdeu a graça?

Eu acho que tudo que é muito normal não tem graça mesmo. Mas são modelos né. Acho que os modelos de agora são esses mesmos que fazem parte destes grupos que você falou. É a mesma coisa que em jornal: notícia boa nunca é manchete, manchete é sempre a calamidade, a polemica, então nós, como jornalistas, como imprensa, também temos um pouco de culpa por estarmos sempre em busca do diferente e não do normal.

Sobre a polêmica do post do emprego, você tem mais algo a acrescentar?

Errar faz parte de todo processo de aprendizado na vida e todos nós estamos sempre aprendendo.

Fale um pouco sobre o seu último lançamento literário, o livro “Biquini made in Brazil”.

Fiz o lançamento no mês de outubro de 2016 em Paris e agora esse ano vou lançar em Minas, no “Minas Trend”, depois em Porto Alegre, em São José do Rio Preto e estou esperando o convite para fazer um lançamento na Bahia (risos).

Você tem algum plano de fazer algum evento, algo ligado a moda, no Nordeste, já que lá é um centro de cultura no que diz respeito a isso?

Adoraria! Estou super aberta e quero realmente fazer o lançamento em vários lugares, pois tem muitos estados do Brasil que não conseguimos fazer ainda. Agora tem esse “road show”, essa coisa de fazer o lançamento em várias capitais, mas Salvador não está previsto, engraçado! Bahia não está no roteiro. Adoro Salvador, tem que colocar. Agora a Bahia vai ter que entrar no roteiro!!! ( risos)

E a moda da Bahia? A moda do Nordeste?

Eu acho que no mundo da moda por exemplo, tem algumas pessoas da Bahia que são super talentosas, por exemplo a Marcia Ganem, a Goya Lopes, o Vitorino Campos e outras pessoas que eu não vou lembrar agora. O John Drops que eu adoro, ele é um fenômeno do instagram e você vê, é uma pessoa que trouxe uma alegria e ao mesmo tempo uma... É uma ironia e ao mesmo tempo muito real. Eu adoro. Acho que ele esculacha um pouquinho aquilo, ele mostra que pode ser tão simples, entendeu? Que está tão ao seu alcance. Eu adoro.

O que você mais gosta na Bahia?

O baiano! Povo criativo, simpático e muito original!

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Lilian Pacce: “O que mais gosto na Bahia é do baiano”
Play

'Não é exclusivo da SPFW, é uma questão estrutural', diz Fióti sobre racismo

Lilian Pacce: “O que mais gosto na Bahia é do baiano”
Play

Marca lança tênis feito com plástico retirado do oceano

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA