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Campeonato virtual de ginástica da Bahia começa nesta semana
Por Adriano Motta*
Algumas modalidades esportivas costumam ganhar maior visibilidade durante o período de olimpíadas. E embora seja uma das antigas da história, com suas origens voltando lá para a Grécia Antiga, a ginástica talvez seja uma delas. Integrante do circuito olímpico desde 1984, sempre representou uma forte possibilidade de medalhas para o país.
Quatro das 139 medalhas da história olímpica brasileira vieram da ginástica artística, e a primeira de ouro da modalidade veio na última olimpíada, em 2016.
Nomes como Daiane do Santos, Jade Barbosa, Daniele e Diego Hypolito, Arthur Zanetti, entre outros, ganharam fama nacional durante a maior competição esportiva do planeta.
Para falar de ginástica, é preciso distinguir: esses atletas são parte da ginástica artística, a ramificação mais conhecida, que usa argolas, barras, cavalos com alças, entre outros aparelhos.
Há também a ginástica rítmica, que usa cordas, arcos e fitas; e a ginástica aeróbica, que interpreta movimentos, ritmo e a música da dança aeróbica tradicional.
O esporte, no entanto, existe para além do momento olímpico. Movimenta pessoas, entre atletas e público para acompanhar as competições. Pode não ser um dos esportes mais populares do país, mas tem seu nicho e encanto. Aqui na Bahia, a Federação Bahiana de Ginástica, que existe oficialmente desde 1991, é que organiza as competições.
Há 150 atletas federados no estado, sendo que os grandes nomes da modalidade estão na ginástica rítmica, incluindo alguns com participação em competições internacionais, caso de Keila Santos.
Engajamento
De acordo com a presidente da Federação Bahiana, Evelin Lobo, o último evento organizado por eles, em 2019, chegou a ter público de 3 mil pessoas. “A gente vem conseguindo engajar as pessoas com a modalidade”, afirma.
Nos últimos anos, como parte do esforço para aumentar a representatividade das outras modalidades da ginástica, houve o retorno do campeonato brasileiro de ginástica artística ao estado, em 2018. A edição de 2020 acabou paralisada, assim como todas as outras competições de ginástica.
A Federação teve a ideia, então, de organizar um torneio virtual, que é o CampeOnline Bahia de Ginástica, competição que reúne as três principais ramificações.
A competição começará a sua segunda etapa na próxima quinta e irá até o dia 31. As inscrições podem ser realizadas no site da Federação Bahiana de Ginástica e será transmitido pelo canal do Youtube da Federação.
Condições
A primeira etapa foi realizada ainda no ano passado, o que acabou forçando diversas mudanças, já que era algo que não havia sido feito anteriormente. “O CampeOnline veio com a ideia de superar esse momento difícil que é a pandemia, tivemos que reinventar as maneiras de continuar sem as condições necessárias para desenvolver a ginástica de forma adequada”, afirma Evelin.
Foi preciso adaptar o regulamento, as avaliações, entre outros aspectos, para fazer funcionar. Mas a ideia acabou fazendo bastante sucesso, inspirando outros estados e federações a copiarem o modelo, com o uso do espaço doméstico e a adaptação do regulamento da Federação Internacional de Ginástica às limitações do meio digital.
“Foi utilizado como referência Brasil afora por outras federações, que começaram a vislumbrar a possibilidade de realizar eventos online”, lembra Evelin.
Após a primeira etapa, a Federação realizou cursos de capacitação online buscando atingir um público do interior do estado, algo que também irá acontecer durante a segunda etapa do CampeOnline. “Foi difícil, mas ficamos felizes de ver o que conquistamos".
Momento
A dificuldade para se reinventar diante desse momento complicado não vem só de quem organiza, mas também dos que competem. É o caso de Wesley Estrela, 20, atleta, árbitro e treinador de ginástica rítmica e aeróbica.
Ginasta há 10 anos, conheceu o esporte graças a uma amiga que competia e desde então, nunca mais largou. “Foi amor à primeira vista. Assim que vi senti que era isso que queria fazer para o resto da vida”, lembra.
E olhe que ele conseguiu se adaptar bem: venceu as duas modalidades em que disputou, ginástica rítmica e aeróbica, ambas na categoria avançado, na primeira etapa do CampeOnline. “Todas as modalidades precisam de espaço para executar os movimentos e em casa não há esse espaço”, diz Wesley.
A estudante Dhailla Vieira, 23, também ginasta desde a infância, foi outra que passou maus bocados para reinventar seus movimentos no ambiente doméstico.
“Estamos aprendendo a lidar com outros fatores: treinar em espaço pequeno, não ter o calor do público nem a troca com as outras competidoras e com a arbitragem. Estamos tendo que nos adaptar e reinventar como atletas”, diz a ginasta.
Ainda assim, ambos lembram da competição com bastante alegria. “Foi uma das melhores sensações da minha vida”, conta Wesley.
Já Dhailla também guarda boas recordações. Não só pela vitória entre os iniciantes na ginástica rítmica, mas por ter feito papel de auxiliar técnica, ajudando outras competidoras do seu clube.
“Para além de lidar com a pressão, a ansiedade, tive que montar coreografia, adaptar os movimentos para ficarem nítidos na câmera, mas foi uma experiência de extremo valor comoatleta, professora, mas também como pessoa”, afirma Dhailla.
*Sob a supervisão do editor Marcos Dias
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