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MUITO

Crônica - Cuidado: frágil

Por Evanilton Gonçalves* | Escritor

27/12/2020 - 6:02 h
Ainda não aprendemos, diante de tudo que vivemos até aqui, que o nosso comportamento em sociedade afeta outras vidas? | Foto: Bruno Aziz | Editoria de Arte A TARDE
Ainda não aprendemos, diante de tudo que vivemos até aqui, que o nosso comportamento em sociedade afeta outras vidas? | Foto: Bruno Aziz | Editoria de Arte A TARDE -

Charlatões se espalham como vírus pelas redes sociais transmitindo pânico e ódio para a população por meio de fake news produzidas em áudios, imagens e vídeos, com discursos trapaceiros, alucinados. A finalidade? Dizer: não se cuidem, não se vacinem (quando tiver vacina), sejam negligentes consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor. Compartilhem a mentira como se fosse verdade e espalhem teorias conspiratórias, ajudem a aniquilar o bem-estar social: conto com vocês!

E então, com mais ou menos cinco movimentos com o dedo na brilhante tela do smartphone, as pessoas têm a capacidade de lançar no convívio social as trevas que corroem as nossas vidas.

O ano de 2020, embora terrível em inúmeros aspectos, não deixa de ser lido em paralaxe. São muitos corações batendo em diferentes sintonias. Da posição em que me encontro, triste dizer, o otimismo não está tão presente. É que eu sofro com o sofrimento alheio e me imagino sem saber como seremos capazes de nos refazermos. Mas talvez eu saiba, só não prestei a devida atenção ainda. Estamos em ruínas, penso. Invadidos por uma criatura microscópica capaz de nos aniquilar sem quê nem pra quê, talvez com a missão silenciosa de nos alertar para o que evitamos admitir – cuidado: frágil. Um quase nada é capaz de mudar o estado do nosso corpo de modo que não sejamos mais o que éramos. A grandiloquência é uma ilusão. Vivenciamos a luta contra a amargura, a estupidez, a arrogância, a perversidade. Exaustivo, diga aí?

O medo, milenar inimigo nosso, ainda nos persegue. É preciso relembrar: somos humanos. Sim, humanos, não monstros. Somos hu-ma-nos. Temos que lidar com a necessidade de criarmos saídas possíveis para qualquer mal que nos aflige. É ou não é? Tem como algum fio de esperança surgir da apatia? Ainda não aprendemos, diante de tudo que vivemos até aqui, que o nosso comportamento em sociedade afeta outras vidas? Com gestos simples, podemos melhorar ou piorar tudo ao nosso redor.

Vou mudar de assunto, viu?

Meus vizinhos iniciaram o rito anual de renovação de suas casas. Uma batalha que se sabe vencida pelo tempo em todos os tempos, mas, pelo visto, motivadora da insistência humana pela recriação da harmonia. É bom viver em harmonia. Eu gosto. Um pintou a frente da casa de amarelo, outro, as grades da varanda de branco, uma outra vizinha pintou as escadas de cinza. Me incomodou o cheiro da tinta fresca, o barulho da grade sendo lixada. Enquanto estivermos vivos, é evidente, a vida sempre terá seus males. Não nego, porém, que me emocionou perceber que, apesar da implacável força do tempo, meus vizinhos não esmorecem e anualmente renovam suas casas com as próprias mãos. Talvez seja possível tirar alguma lição disso. Me ocorre pensar na inevitável luta para se perpetuar a beleza num futuro que talvez não chegue para nós.

*Evanilton Gonçalves é autor de Pensamentos supérfluos: coisas que desaprendi com o mundo (Paralelo13S)

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