MUITO
Futuro do presente
Por Tatiana Mendonça

Tomar-se-há huma casa sufficiente para os fins propostos, a qual deve ser dentro da Cidade, em sitio agradavel, bem arejada, e não muito proxima aos lugares mais frequentados. Essa casa será ornada com possivel decencia, e sempre de modo, que se possa estar nella com aceio, e satisfação. Na sála principal, haverá huma grande meza com assentos ao redor, sobre a qual estarão as Gazetas mais recentes, papel, e tudo mais necessario para escripta.
O trecho em português antigo integra o Plano para o estabelecimento de huma bibliotheca publica na Cidade de S. Salvador, enviado em abril de 1811 pelo coronel e intelectual baiano Pedro Gomes Ferrão Castellobranco ao então governador da capitania da Bahia, D. Marcos de Noronha e Britto. O projeto foi implementado no mesmo ano. Em 13 de maio, uma segunda-feira, Salvador ganhava sua primeira biblioteca pública, espaço até então inexistente no Brasil e também na América Latina.
Se por algum malabarismo espiritual seu Pedro aportasse hoje em frente à Biblioteca Pública do Estado da Bahia, mais comumente chamada de Biblioteca dos Barris, capaz que lhe caísse o queixo etéreo para o tamanho e imponência do lugar. Mas se estendesse um pouco o passeio, escrutinando o que foi feito da sua criação, não demoraria a ver falhas no plano. Procuraria em vão as gazetas mais recentes e ao conversar com os humanos presentes, passado o susto inicial pelo insólito do diálogo, não demoraria a ouvir reclamações do calor sufocante que faz naquele sítio que deveria ser agradável e bem arejado.
Há coisa de um ano, o ar-condicionado da biblioteca está sem funcionar. Esparramado num sofá vizinho à sala de periódicos, o americano Scott Ickes puxava repetidamente a camisa para se refrescar. “De vez em quando eu saio, para não desmaiar”. Às vezes, algum funcionário ou pesquisador leva para a sala um ventilador, compartilhado entre os presentes, sorte que não o alcançou naquele dia.
Professor de história da Gustavus Adolphus College, em Minnesota, Scott está escrevendo um livro sobre o jornalista Odorico Tavares, que dirigiu o Diário de Notícias. Já estava de novo à frente de uma pilha de jornais encadernados quando elogiou o acervo da biblioteca, que frequenta há cinco meses. Depois, mostrou como partes das folhas amareladas já se esfarelavam e com um português correto demonstrou preocupação quanto ao futuro daquele material. “Deveria haver um projeto de digitalização, para que tudo isso não se perca”.
Na sala onde Scott pesquisa, as prateleiras estão todas vazias. Desde agosto do ano passado, a biblioteca deixou de receber os exemplares diários de jornais e revistas locais e nacionais. Um senhor desavisado que visitava o lugar ficou tão indignado com a situação que subiu até o terceiro andar para falar com a diretora, andando lento com sua bengala, mas teve que se contentar em desabafar com a funcionária da antessala. “Essa biblioteca está diferente, está uma degradação. Estive agora em Fortaleza e a biblioteca de lá é um sonho. É um absurdo que a do nosso estado seja uma das piores”.
Desde o fim do ano passado, reclamações como essa já tinham ganhado coro por meio de postagens nas redes sociais. O publicitário Nelson Cadena foi um dos autores dos textos de protesto. O dele começava com um marcador que não deixava dúvidas para a gravidade do cenário: “#SOS”. Ele frequenta a biblioteca desde 1979 e escreveu que nunca a viu em “pior estado”. Para tentar amenizar o que considera o problema mais grave, a falta de jornais diários, Nelson criou uma campanha conclamando que aqueles que tivessem periódicos de 2016 os doassem à biblioteca.
O objetivo é que pesquisadores do futuro não fiquem prejudicados, como já estão os leitores de hoje. “Eu particularmente nunca fui à biblioteca por conta disso, mas sei reconhecer sua importância. Os jornais diários atraíam público à biblioteca. É como se tivesse tirado a alma do lugar. É absurdo. Entendo que estamos vivendo uma crise. Nesses momentos, você corta o que é possível, mas não é possível que se corte o âmago da biblioteca, que é a leitura”.
Mais que situações pontuais, Nelson critica a demora que leva para se resolverem os problemas que surgem ali. “É uma burocracia enorme. Houve um terminal para consulta online que ficou quebrado por 15 meses. Há quase um ano, está sem ar-condicionado... Fica uma biblioteca meia-boca. O que se percebe é que toda parte da preservação da memória não é prioridade no Estado. A prioridade é o entretenimento”.
Em 1865, Antonio Ferrão Moniz de Aragão, que à época dirigia a biblioteca, apontou num relatório algo parecido, para você bem ver como essas escolhas vêm de longe:
Esta província tem sido tão liberal em dispender quantias avultadas e muito superiores a que pêço, para ornato e decoração do Passeio Publico, e tem sido extraordinariamente mesquinho para com a Bibliotheca Publica.
Mas não há de ser nada, aguardemos o Carnaval passar. “O Brasil funciona pós-Carnaval, evidentemente”, diz Zulu Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon, órgão responsável pela gestão da Biblioteca. É para quando ele promete o conserto do ar-condicionado, a regularização dos serviços de vigilância e limpeza e a renovação dos contratos de assinatura dos jornais e revistas. Para o diretor, todos esses problemas que fizeram com que a biblioteca fosse “alvo de uma observação mais intensa” são “circunstanciais” e “fáceis de resolver”. Mas vamos por partes.
Sobre a questão da climatização, conta que as providências já foram adotadas e que o contrato com a empresa que irá consertar o sistema de ar-condicionado já foi firmado, a um custo de R$ 200 mil. “Em meados de fevereiro, estará à pleno vapor”. Já sobre a oferta de jornais diários, Zulu aguarda a liberação da “concessão financeira”, mas dá a coisa como liquidada e certa, também para meados de fevereiro. “Todos os periódicos que estão em falta estarão sendo contratados. Pode ir lá que estarão nos seus devidos lugares”. E por fim, chegamos aos serviços de limpeza e vigilância, que também acumulam queixas. O diretor assegurou que os contratos com as empresas que prestavam esses serviços foram rompidos e novos já foram licitados.
Nova gestão
Zulu explica a crise na maior biblioteca do Estado por meio de outra crise, a que o país vive. E defende que foi acertada a decisão do governo Rui Costa de priorizar as áreas da educação, saúde e segurança e o pagamento do salário dos servidores. “Sem isso, a gente provavelmente estaria como o Rio de Janeiro, com os funcionários pedindo esmola no meio da rua. Esta crise não é uma figura de retórica. Ela é grave o suficiente para por o país em convulsão”. A outra etapa da justificativa credita aos problemas “acumulados” ao longo do tempo. “A resposta que dei a isso foi uma nova gestão, uma nova diretora. Eu não posso ficar me lamentando, nem muito menos olhando no retrovisor para criticar meus antecessores”.
A bibliotecária Lívia Freitas assumiu no dia 1º de dezembro do ano passado o comando da biblioteca que frequenta desde criança, no lugar da também bibliotecária Ivana Lins. Ela conta que visita o lugar desde os cinco anos, quando saía de Cajazeiras, pegada nas mãos da mãe, para ler e participar de atividades no setor infanto-juvenil. Depois, passou a ir sozinha fazer pesquisas escolares e tomar romances emprestados. “Sempre me senti à vontade aqui, entre os livros”. Acredita que o tempo que passou ali foi determinante para a profissão que iria escolher depois, já grande.
Ela diz que não se assustou com os “desafios” que teria pela frente porque já os conhecia bem, e prefere falar dos seus planos como diretora do espaço. “Nossa missão é resgatar o público, trazê-lo de volta, pensar um novo modelo para a biblioteca. Queremos reestruturar esse espaço não só em termos físicos, mas também em termos de atividades culturais, sempre tendo como base o fomento ao hábito da leitura”. Diz também, de modo um tanto genérico, que a biblioteca precisa investir em novas tecnologias, para promover uma “fluência” entre o texto impresso e o digital. Quando pedimos exemplos de que modo isso poderia acontecer, conta que na verdade é algo que já está acontecendo, e cita um curso de informática que foi oferecido para a terceira idade.
Zulu é o porta-voz oficial dos novos ventos que podem soprar sobre a Biblioteca Central, como prefere chamá-la. Conta que a primeira novidade é o recebimento de 100 mil livros doados pelo Ministério da Cultura, que irão compor o acervo e devem chegar em 90 dias. Algo pontual para uma mudança que pretende estrutural. “Esses problemas que apareceram na biblioteca são emergenciais. Quando paramos para analisar isso, vimos que o buraco é mais embaixo. Nos tempos atuais, as bibliotecas passaram a ter outro conceito e função. Não podem continuar mais sendo depósitos de livros. A biblioteca de Medellín, na Colômbia, e a Biblioteca Parque, no Rio de Janeiro, deram exemplo disso. A Biblioteca Central precisa se contemporaneizar para continuar cumprindo sua missão de estimular o livro, a leitura e a escrita”.
Zulu também afirma que um dos principais elementos dessa reforma é o investimento em tecnologia. “Hoje, se você vai em uma livraria, você pode pegar o livro, dar uma olhada, tomar um café, e deixá-lo lá de volta. Já na Biblioteca Central, para acessar um livro você precisa passar por uma barreira física, humana, aguardar... Nenhum garoto quer se submeter mais a isso”.
O novo projeto para a biblioteca, a bem da verdade, ainda não existe. Zulu diz que não teria como impor um modelo saído de “dentro do seu gabinete”. Por isso, instituiu uma comissão, formada por técnicos da Fundação e por Lívia Freitas. A primeira reunião do grupo aconteceu no dia 21 de dezembro passado. A ideia é que o projeto executivo seja apresentado até o dia 21 de março.
Nesse meio tempo, novos atores devem passar a compor a comissão, como representantes da área de letras, biblioteconomia e arquitetura, conta Zulu. A reforma seria, portanto, não apenas conceitual, mas também física. “Como sou arquiteto, vejo que precisamos modificar o acesso, facilitar a circulação. Aquele lugar parece um bunker. O conjunto de vidro que tem ali poderia ser facilmente suprimido, a partir da modificação dos mecanismos de controle e segurança”. Resta-nos saber com que dinheiro, se até ontem não havia nem para o jornal. Zulu explica que, para não “conflitar” com o governo estadual, a verba viria do governo federal, de parcerias com a iniciativa privada e de emendas parlamentares. “Temos que seduzir a sociedade para a importância que aquilo ali tem”.
Outra ideia que tem na cartola é instituir uma instância permanente de diálogo com os usuários do espaço, como uma associação de amigos, num modelo similar ao que a biblioteca já abrigou, e que contava na época com personalidades como Mario Cravo Jr. e Jorge Calmon.
Para além dos jornais
A Biblioteca Pública do Estado da Bahia recebe o segundo maior público dentre os equipamentos culturais mantidos pelo governo. No ano passado, 66.389 pessoas visitaram o lugar, número que só perde para o complexo do Teatro Castro Alves. A maioria dos frequentadores são homens, entre 22 e 35 anos. Os números confirmam os comentários que se ouvem por ali dos funcionários mais antigos, que viram diminuir as visitas dos estudantes e suas pesquisas escolares. Um mundo deles migrou para o Google. Hoje, representam apenas 32% do público que frequenta a biblioteca. A maioria dos usuários são profissionais com ensino superior, dos quais uma parcela significativa tem pós-graduação.
Há três anos, o historiador Luís Santana frequenta a biblioteca quase diariamente. Primeiro, fazendo pesquisas para a faculdade, depois, como estagiário do Centro de Memória da Bahia, que fica no local, e atualmente realizando pesquisas para terceiros. Um dos setores que ele mais visita é o de periódicos. Viu a frequência da sala diminuir “pra caramba” com a ausência de jornais diários. Ele mesmo antes de começar a trabalhar costumava lê-los, para ficar informado.
Para ele, o acervo da biblioteca, que começou a visitar aos 12 anos, para tomar livros emprestados, é “show de bola”. “Tem muita coisa boa, mas me preocupo com o descaso do poder público. Os jornais antigos por exemplo, do início do século 20, das décadas de 1920, 1930, estão bem deteriorados, rasgados. Até jornais mais novos, das décadas de 1960 e 1970, também não estão em muito bom estado. Precisam de uma melhor manutenção”.
Por causa do calor, ele está pensando em levar um ventilador para lá, para conseguir trabalhar melhor. Também reclama dos banheiros “abandonados”, onde sempre falta papel e sabonete, e de não ser possível ver os livros de literatura antes de escolher qual levar para casa. “Você precisa já ter o título na cabeça. Não tem como ver um e outro pra depois se decidir. É uma barreira para o visitante. Além disso, por todas as outras questões, quem entra na biblioteca por curiosidade não se sente bem... Sai logo”. Luís reconhece, no entanto, o esforço das equipes de cada setor para que os visitantes sejam bem-atendidos – atualmente, são 54 funcionários. “O que precisaria mesmo é de mais recursos”.
Sentada em frente à seu ar-condicionado particular, um janelão na sala de acesso restrito do setor de periódicos, a bibliotecária Arlete Sodré tenta rememorar há quanto tempo trabalha ali. “São 18 anos, ou 15, não me lembro mais...”. Já passou pelo centro de atendimento ao público, pelo setor de braile, pela sala infanto-juvenil e agora está cuidando de dezenas de coleções de jornais preciosos, como o Correio Braziliense, esse mesmo que mostra aí na foto. Lançado em 1808, é considerado o primeiro jornal brasileiro, embora fosse impresso em Londres.
Arlete trabalhava num banco antes de tornar-se funcionária da biblioteca. Gosta tanto do que faz que volta e meia adjetiva por “delícia” o seu ofício. “Aqui é um paraíso. Não é rotineiro. Todo dia se tem contato com um pesquisador diferente, com um tema novo. É excelente”. Ela acompanhou ressabiada às críticas na internet ao estado atual da biblioteca. Para Arlete, há exagero e distanciamento da realidade. “Aqui nós temos um acervo riquíssimo, e tudo isso permanece. A biblioteca não vive só de jornal diário”.
Questões históricas
Muitos dos problemas pelos quais a biblioteca passa hoje vêm se repetindo ao longo dos seus dois séculos de existência, como se sofresse de males crônicos. O calor mesmo, quer ver?
Um novo Regulamento, datado de 10 de dezembro de 1839, estabelece o funcionamento em dias úteis no horário das 9h às 12h e das 15h às 18h, contra o que se manifesta o diretor, sob a alegação do forte calor decorrente do sol que incide sobre as salas durante o período do verão.
E o que dizer da desatualização dos periódicos?
É notório o descaso com que é tratada a Biblioteca Pública pelos órgãos superiores. Assim, em 1º de março de 1853, na solicitação de verba à Assembleia Legislativa Provincial para ampliação do acervo, o presidente da Província, João Mauricio Wanderley, reconhece a falta de apoio à instituição, registrando que, no ano de 1852, não haviam sido adquiridos livros, jornais e revistas: [...] Se não quisermos alimentar um estabelecimento que, em vez de testemunhar a illustração da Província, deponha contra nossa incuria [...]
O trecho – como outros destacados nesta reportagem – estão no livro A Biblioteca Pública da Bahia: dois séculos de história, lançado em 2011 em comemoração ao bicentenário do equipamento. A obra é fruto de um minucioso trabalho de pesquisa capitaneado pelo historiador Francisco Soares, funcionário da Fundação Pedro Calmon, que estuda documentos relacionados à biblioteca há mais de uma década. A equipe que assina o livro também é composta pelos pesquisadores Laura Carmo, Carmem Aziz e Sizaltina Coelho.
A biblioteca começou a funcionar em um local improvisado, a antiga livraria do Colégio dos Jesuítas, na Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus. Tinha 3 mil exemplares, a maioria em francês — hoje, são cerca de 200 mil livros. Em 1859, recebeu a ilustre visita do imperador D. Pedro II, que em seu diário registrou ter visto no local “boas obras de jurisprudência”, embora as “mais procuradas“ fossem de medicina. Deu também os seus pitacos reais:
A iluminação é pouco clara e faltam estantes para os que lêem com os pertences anexos para tomarem notas; o Gaspar Lisboa já se lembrou disto, mas o encarregado da obra não o compreendeu.

Fachada da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, inaugurada em 1970. Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
A biblioteca perambulou nômade por uma mão de endereços até ter sua primeira sede própria, em 1919, na Praça Rio Branco, num edifício que era réplica da Public Library de Nova Iorque, como informa o livro. O prédio na Rua General Labatut, nos Barris, com 17 mil metros quadrados, seria inaugurado em 5 de novembro de 1970, com sessão solene presidida pelo então governador, Luiz Viana Filho, que na ocasião discursou:
Afirmei certa feita, precisarmos educar para enriquecer. Acrescentarei constituir temeridade enriquecermos sem o correspondente aprimoramento da educação. E dessa educação será instrumento adequado a Biblioteca Central, hoje posta a serviço da nossa comunidade.
Francisco ressalta que apesar das dificuldades que acompanham a biblioteca, ela sempre atuou como um espaço que ia além do armazenamento de livros. “Basta lembrar que o primeiro salão de artes aconteceu lá. Foi também o espaço onde o escritor Jorge Amado realizou a primeira exposição dos seus livros. É uma referência cultural para a Bahia, com um manancial incomparável de obras, inferior apenas ao da Biblioteca Nacional. Tem seus problemas, mas de uma forma ou outra sempre dá a volta por cima”.
Há 14 anos, a bibliotecária Célia Mattos é a guardiã do setor de Obras Raras da biblioteca. Chegou ali há mais tempo, em 1980, mas não esconde sua preferência por aquele acervo tão valioso. “É um setor eminentemente de pesquisa, com usuários mais especializados”, conta. Vez em quando, também recebe crianças para conhecerem o lugar. Elas costumam se impressionar mais com o tamanico dos livros em miniaturas do que com a data em que aquelas publicações todas foram escritas.
O livro mais antigo abrigado pela biblioteca é de 1581 e foi escrito por Nathale Compe – um compêndio em latim sobre mitologia. Mas os pesquisadores vão mais em busca de um tal de Casparis Barlei, que publicou em 1647 um tratado sobre os oito anos de Maurício de Nassau no Brasil. Já Célia tem especial apreço por um livro mais novinho, da década de 1960, que está ali por conta da sua edição luxuosa e limitada. O romance russo A Dama de Espadas, doado por Odorico Tavares, foi inteiro impresso em ricas páginas de seda.
O setor de obras raras tem cerca de 60 mil volumes, muitos dos quais tratam sobre legislação e medicina, como Dom Pedro bem havia notado. Coisas que não estão na internet, sabe, para aqueles que precisam acessar as “fontes primárias”, como diz Célia. Se bem que a tecnologia de todo jeito ajuda. “A gente não permite tirar cópias das obras, por isso os pesquisadores tinham que voltar várias vezes. Agora, com o celular, já dá para tirar foto”. As fichas dos livros ficam num belo móvel antigo cheio de gavetas, como se tudo ali fosse de outro tempo. Aos poucos, elas estão sendo digitalizadas, para que os pesquisadores possam saber se o livro que procuram está lá sem precisarem ir até a biblioteca para descobrir. Mas Célia sabe que para sobreviver será preciso mais. “A digitalização do acervo é imprescindível”. É sobre passado, mas também sobre futuro.
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