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17/03/2024 às 7:01 - há XX semanas | Autor: Alessandro Isabel

DESDE O INÍCIO, ESTÁ IRÁ

Irá Carvalho completa 40 anos de carreira com grandes apresentações

Produtora cultural já teve que se reinventar no mercado diversas vezes

Irá Carvalho é produtora cultural
Irá Carvalho é produtora cultural -

No antigo Estádio da Fonte Nova, em 1980, o cantor jamaicano Jimmy Cliff se apresentou com show de abertura do músico baiano Gilberto Gil. O encontro histórico entre os dois lotou a arena. Em meio à plateia, estava Irá Carvalho, uma jovem recepcionista soteropolitana de 21 anos no primeiro show da vida dela.

Inspirada pelo momento, Irá produziu três apresentações da carioca Marina Lima em Salvador. Foi um sucesso. Todos os shows lotaram o Teatro Castro Alves (TCA). Foi o início do repertório de grandes apresentações produzidas por Irá em solo baiano, que ainda incluem artistas como A-Ha, Cássia Eller, Djavan, Lulu Santos, Marisa Monte e Zeca Pagodinho.

Para Lulu, “desde o início, está Irá”. “Não consigo me lembrar de um tempo em que os shows na Bahia e no Nordeste, não tivessem Irá à frente”, conta o cantor carioca. A parceria mais especial, diz Lulu, foi a passagem da última turnê do artista por Salvador, em outubro. “Sempre fui tratado com muito carinho, atenção e respeito por Irá e toda a sua equipe”.

Mesmo antes do show de Gil com Jimmy Cliff, Irá já tinha uma veia artística. Frequentava a sede do bloco afro Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu, em Salvador, onde fazia parte do grupo cultural do coletivo. Na escola, participava de todos os eventos em datas comemorativas. E, em casa, cresceu em uma família festeira. “Isso estava no meu DNA”, conta Irá.

Antes de se dedicar profissionalmente à cultura, a baiana trabalhou numa concessionária de carros. “Minha família não era rica, era humilde, e eu comecei a trabalhar com 15 anos”. A mãe é dona de casa e costureira e o pai era mestre de obras. A ideia de produzir o show de Marina Lima, a estreia de Irá no setor, veio do ex-marido, que conheceu no dia do show da Fonte Nova.

“Foi um tumulto esse show. Para ter noção, perdi uma unha numa confusão e tive que ir para uma clínica. Quando saí de lá, não tinha mais ônibus e peguei uma carona. Foi essa carona que me rendeu a carreira que eu tenho hoje”, lembra a produtora cultural. Um tempo depois do show, Irá começou a namorar o condutor do carro, que já trabalhava no setor de eventos em Salvador.

Junto a alguns amigos, o casal traçou o objetivo de produzir o show de Marina Lima no TCA. “Começamos a trabalhar e querer que aquilo desse certo. O show de Marina foi um sucesso”, rememora. Depois, a empresa do grupo de amigos trabalhou com artistas como Paralamas do Sucesso e Titãs. E não é só talentos de outros estados que Irá produz.

Entre os artistas dessa primeira leva de produções, estava o baiano Caetano Veloso. Também já produziu shows de Jau e Daniela Mercury. A cantora e guitarrista Thathi conta que se sente orgulhosa de participar dessa lista. “Sou muito feliz e honrada por estar no radar dela. Só tenho a agradecer por 40 anos de amor e dedicação à música”, diz.

Thathi também destaca a oportunidade que Irá oferece ao público baiano de ver shows de artistas que admira. Um dos grandes destaques da carreira foi a apresentação com ingressos esgotados da banda norueguesa A-Ha no antigo Centro de Convenções, em 1991.

Desde então, Irá já teve que se reinventar no mercado diversas vezes. Com envolvimento maior com a MPB e o pop rock, a produtora sentiu o baque do sucesso da Axé Music na década de 1990. “Os shows não lotavam mais e começamos a fazer parceria com os blocos para fazer dobradinhas, como Cheiro de Amor com Lulu Santos”.

NOVA ETAPA

Após se separar do marido e sócio, em 2001, Irá se reinventou mais uma vez. Levou para Angola artistas brasileiros como É o Tchan, Ivete Sangalo e Djavan e, em seguida, abriu a Íris Produções, que completa 20 anos em 2024. A empresa é especialmente reconhecida entre artistas de MPB e pop rock, já que Irá nunca se distanciou dos gêneros. “Fez meu nome ser forte na cena”.

“Nando [Reis] quando fez o primeiro show solo, prometeu que ia fazer uma turnê e eu topei. Foi um fracasso de bilheteria. E ele leva isso em consideração até hoje, porque eu estava junto mesmo na dificuldade”, ressalta a produtora. Além do domínio da Axé Music, Irá lembra que também enfrentou o amadorismo do setor, com estruturas inseguras e informalidade no segmento.

“O mercado se profissionalizou muito, não pode mais errar, não dá para vacilar”. Ainda que à frente de uma empresa consolidada, Irá enfrentou um dos períodos mais difíceis da carreira nos últimos anos, devido à pandemia de Covid-19. “Fiquei praticamente dois anos parada, foi terrível. Tenho 64 anos, não podia sair, como é que ia me reinventar?”, reflete Irá.

Quando o isolamento social foi flexibilizado em 2021, ela produziu shows em Salvador das bandas Melim e Titãs e do amigo Nando Reis. Todos no estilo “drive in”, com o público dentro de carros.

Nesse período, o governo de Jair Bolsonaro também afetou Irá. “Enquanto mulher negra, fico triste porque não entendo como as pessoas enxergam um gestor público em um homem tão cruel”. Para a produtora, a resposta aos ataques de Bolsonaro ao setor cultural veio no trabalho. “Emprego pessoas pretas, mulheres, minha linha de trabalho é essa”, destaca.

MERCADO

Testemunha das transformações do mercado de shows em Salvador, Irá afirma que os principais equipamentos culturais da cidade, o Centro de Convenções Salvador, o Parque de Exposições e a Concha Acústica do TCA, têm atendido bem as demandas de apresentações. Para ela, o principal problema é a discrepância entre o poder aquisitivo da população e o preço dos ingressos.

Irá explica que a produção de shows internacionais, por exemplo, tende a custar pelo menos três vezes mais que a de apresentações nacionais. Mas, com esse custo repassado nos ingressos, eles correm o risco de não valerem a pena. “Muito show tem deixado de acontecer em Salvador por causa disso, sempre bate na trave”, afirma a produtora.

Ainda assim, Irá diz que tem vontade de trazer mais shows internacionais para a cidade para comemorar os 40 anos de carreira. As celebrações também incluem mais uma edição do Rock Concha, festival criado em 1989, e shows de artistas como Capital Inicial, Paula Toller, Djavan, Djonga, Anavitória e Nando Reis, Amado Batista, Fábio Júnior, Zeca Pagodinho e Lulu Santos.

E se Lulu diz que sempre que pensa em show na Bahia, pensa na produtora cultural, o próprio cantor complementa: “Tem sido assim, assim será, Irá”.

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