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CRÔNICA

Luta contra o Tempo

Confira a crônica da Muito deste domingo

Por Clara Cerqueira*

03/03/2024 - 4:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Luta contra o Tempo
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Eu nem sabia o dia da luta, só estava sabendo das fofocas que ele andava me passando – Popó vai almoçar Bambam, era basicamente o que ele dizia. No sábado, ele me chamou dizendo que começava daqui a pouco, tipo 2h45 da manhã. Eu raciocinei um segundo e declarei: são 11h30 ainda, a única chance que a gente tem de ficar acordado até lá é tomando uma. Pedimos cerveja, mas a notícia era falsa.

O canal aberto iria retransmitir o evento às 2h45, mas a luta mesmo ia passar antes num canal fechado. Sacanagem isso, haja disposição para ficar acordada para ver uma transmissão de segunda mão na televisão. Fui procurar quem estava transmitindo e encontrei uns canais que foram derrubados e depois um que estava com a imagem torta. Pelo menos a gente ia conseguir ver ao vivo. Um amigo mandou outro link com a imagem na horizontal e ficamos com as duas janelas abertas, caso uma delas falhasse.

Comemos, bebemos, conversamos, assistimos à luta anterior das meninas, que caíram para dentro, assistimos à luta depois dessa, com uns boys famosos que eu quase não sei quem são, e foi engraçado ver um homem correndo do outro dentro de um ringue até cansar. Aí a gente começou a prestar atenção né, já ia começar. Fizemos nossas apostas, um round para ele, 4 minutos para mim. Mas de repente, não mais que de repente, um narrador que não era o da janela principal, mas o da secundária, começou a dizer que Bambam já tinha caído, que Bambam caiu de novo e que terminou a luta!

Desespero. Nossa transmissão estava atrasada e na loucura de tentar silenciar a outra, perdemos o embate principal, que durou exatos 36 segundos, entre Acelino Popó Freitas, o mão de pedra, e Bambam, o homem do BBB que andava com uma boneca de pau. 36 segundos. Até agora não me refiz da crise de riso que nos acometeu, Bambam perdeu, mas a gente também. Inconformados, prometemos que veríamos na TV aberta, afinal, já estava quase na hora. Tão na hora que nos passamos e perdemos de novo. Nova crise de riso, não ia dar certo, não deu pra nós, uma luta de menos de um minuto é muito difícil de acompanhar. Se duvidar, essa nem o juiz viu.

De copos cheios, ficamos olhando um para a cara do outro com um leve sentimento de frustração. Pô, a gente tinha feito tudo aquilo para ver boxe, então a gente queria ver boxe, nada mais justo. Foi então que decidimos procurar o vídeo de Popó X Whindersson Nunes. Que alegria! Assistimos à luta todinha sem piscar. Vimos um Popó super sério começar a se soltar, enquanto Whindersson tentava de tudo para ser um oponente digno. Aguentou um monte de porrada, cresceu no ringue, tentou bater, viu Popó fazer esquivas lindas e revidar como se mostrasse a ele e ao mundo o que é um belo boxe.

Fiquei sinceramente emocionada, como na primeira vez que revi o primeiro Rocky Balboa, em especial, a cena final, em que os dois rivais se enfrentam em um combate épico. Sabe aquela filmagem quase experimental que vai crescendo em tensão narrativa, transportando o espectador para o ringue e deixando todo mundo encantado com o cinema, com os personagens e com o esporte? Então, Popó e Whindersson me fizeram sentir algo parecido, nesse último sábado: eles me mostraram a grandeza de competir para tentar atingir o que há de mais belo na prática de um esporte, na prática de uma arte, na prática do boxe.

*Escritora

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