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O jogo de sonhos e chances para promessas do futebol tornarem-se profissionais

Por Adriano Motta*

12/07/2021 - 6:00 h
Lourival: novos caminhos, mas à espera de oportunidades | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Lourival: novos caminhos, mas à espera de oportunidades | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE -

O sonho de muitas crianças e adolescentes no mundo inteiro é tornar-se jogador de futebol profissional. Atuar num clube grande, defender a seleção do seu país e as cores do time de coração, melhorar as condições de vida da família, motivos não faltam para alcançar o objetivo. Mas bem poucos realmente chegam lá. Para a maioria, o sonho termina sem nem ter tido a chance de começar.

De acordo com o artigo Jogadores de futebol no Brasil, publicado em 2016, coordenado pelos professores Antônio Gonçalves e Leonardo Melo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Gama Filho, respectivamente, as chances de um garoto passar em uma peneira – grandes testes feitos para entrar nas categorias de base dos clubes – são de apenas 1,5%.

Quando entra nos clubes, nada garante que o jovem sairá de lá como jogador profissional. Segundo estudo da Ernst & Young para a CBF sobre o futebol brasileiro, dos 360 mil jogadores de futebol no país, apenas 90 mil são profissionais, 25% do total.

Muitas vezes, o jovem atleta acaba tendo que colocar de lado os estudos para perseguir a carreira. E uma vez profissional, o glamour, luxo, fama e riqueza associados ao jogador estão reservados para uma minoria.

Ainda de acordo com o estudo da E&Y, mais de 75% dos jogadores ganham entre um e três salários mínimos. Apenas 5% ganham acima dos R$ 5 mil e, quando pensamos nos salários acima de R$ 50 mil, esse número cai para 1% do total.

O sonho do futebol geralmente nasce cedo e vale para todas as classes sociais. À primeira vista, pode ser esquisito ver alguém com condições tentar seguir a dura trajetória de atleta, mas se trata de ser fiel ao desejo.

É a história de Paulo Souto Neto, neto do ex-governador Paulo Souto – que, de acordo com o jovem, nunca o afetou na carreira. Atualmente com 14 anos, ele joga no Palmeiras, uma das principais categorias de base do continente.

“Sempre gostei muito de jogar. Mas foi com 10 anos que realmente decidi que me tornaria jogador profissional e perseguir esse sonho”, lembra.

Proposta

Ele pediu ao pai que o levasse para um teste na Jacuipense. Acabou passando e ficou no clube de Riachão do Jacuípe, com uma passagem também pela base do Vitória, até o começo do ano, quando apareceu proposta do Palmeiras e ele se mudou para a capital paulista.

“Ficar distante da família é a parte mais difícil, bate muita saudade. Mas eles me dão muito suporte, estão sempre aqui em São Paulo e se revezam para que eu não fique muito tempo sozinho”, conta Paulo.

Agora, o desafio da jornada do atleta está começando a se pagar: no último mês, Paulo foi convocado à Seleção Brasileira Sub-15 visando à preparação para o Torneio Conmebol Sub-15, um dos principais campeonatos da categoria, que será disputado no segundo semestre deste ano.

“Foi o momento mais feliz até aqui. Me senti muito honrado também. Estava no ônibus depois do treino e falaram que tinha saído a convocação. Abri o site da CBF e meu nome estava na lista. Uma alegria imensa”, conta o meio-campista, que desde os tempos da Jacuipense é tratado como uma grande promessa.

Sua inspiração é o belga Kevin de Bruyne e, para o futuro próximo, deseja se profissionalizar e atuar pelo Palmeiras.

Para dar o salto da base para o profissional, também é preciso muito cuidado e competência dos clubes no processo, sob o risco de afundar carreiras promissoras no meio do caminho. É o caso de Lourival Ferreira, hoje com 26 anos, mas que no início da década passada era considerado a grande esperança do Bahia para o futuro.

Descoberto nos campos de Alto de Coutos aos 7 anos, ele logo foi alçado ao status de promessa graças aos mais de 100 gols que marcou nas categorias de base. “Sempre foi meu sonho estar no Bahia, clube que torço desde criança, costumava ir à Fonte Nova com meu pai ver os jogos”, lembra o jogador.

Questão de tempo

Suas marcas chamavam a atenção e, desde cedo, ele já dava entrevistas à imprensa e parecia apenas uma questão de tempo para vê-lo no time principal tricolor. No entanto, isso nunca aconteceu.

Era consenso, ao menos fora do clube, que Lourival tinha que entrar no profissional – ainda mais em uma época bastante tensa para o Bahia, com a intervenção judicial no clube, diretoria inteiramente nova (ocorreram duas eleições no clube até 2016, final do seu contrato) – mas ele seguiu sendo emprestado de um clube para o outro até encerrar seu contrato com o Bahia, em 2016.

“Sentia que não era valorizado dentro do clube, não achava que o clube queria que eu me destacasse. Era como se as pessoas me aguentassem lá porque eu conseguia responder em campo. Não senti dentro do clube o desejo de revelar, seja para ser visto ou vendido”, lembra Lourival do complicado processo de transição ao nível mais alto.

Ele não acertou sua renovação com as diretorias do Bahia durante seu contrato. De acordo com ele, chegou até a ser retirado da escalação de uma partida no vestiário por conta de problemas nas negociações – e, no último ano, ficou treinando afastado do elenco principal na academia.

Foi quando percebeu que sua história de mais de uma década de Bahia se encerraram sem entrar em campo pelo clube do coração. “Não me deram nem a chance de treinar com o grupo. Aí eu vi que não dava mais”, conta.

Após sair do Bahia, Lourival chegou a viver bons momentos na Jacuipense, fazendo parte do elenco que subiu à Série C em 2019, atuando em seis partidas na competição.

“Lá me senti querido novamente", afirma. Acabou saindo do clube no ano passado e está à espera de uma nova oportunidade.

Enquanto isso, trabalha como técnico na escolinha que o revelou, para passar tudo aquilo que aprendeu. “Um conselho que dou para eles é sempre lembrar que no futebol tem que se matar um leão a cada dia. Tem que se esforçar, se dedicar dentro e fora de campo e agarrar as oportunidades que aparecem”, diz.

*Sob supervisão do editor Marcos Dias

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