MUITO
O silêncio dos órgãos de tubos
Por Ronaldo Jacobina

O Brasil tem nove organistas, três deles na Bahia. O Estado também abriga o mais antigo órgão de tubos do País
Entre o sobe e desce das ladeiras coloniais, um pequeno e obstinado grupo de músicos percorre igrejas históricas da cidade numa luta incessante para interromper o silêncio imposto aos órgãos de tubos. Introduzido no Brasil durante ação missionária dos padres franciscanos que vieram na esquadra de Cabral, em 1500, este instrumento musical (cujo som é produzido pela passagem do vento através de tubos de metal e madeira) foi muito usado, durante séculos, na liturgia católica, a partir do século 16.
Com o passar dos anos, as igrejas foram substituindo os enormes equipamentos por outros mais modernos na celebração de suas missas, como os órgãos eletrônicos e os teclados sintetizadores. Assim, ao longo dos anos, os órgãos de tubos foram abandonados nos corredores das antigas igrejas e relegados ao mais profundo e absoluto silêncio. Muitos viraram abrigos de cupins. Alguns perderam peças importantes. Como os pedais e os tubos de estanho, responsáveis pela sonoridade. Outros conservam apenas a suntuosa fachada.
Mas nada disso parece demover o grupo liderado pelos organistas Marcos Santana, Flávio de Queiroz e André de Arruda. Ao lado do organeiro (luthier) Eduardo Silva, eles dedicam boa parte do seu tempo à luta pelo resgate, preservação e recuperação dos antigos instrumentos. Vez por outra esbarram em teclas emperradas, como a falta de recursos, o descaso de autoridades, de instituições de proteção ao patrimônio. E até mesmo dos donos ou dos fiéis depositários desses bens.
A cada nota fora do tom, renasce a vontade de dar novo fôlego aos enormes tubos que caracterizam o som desses instrumentos. "Sabemos que a luta é árdua, mas o que nos mobiliza é a paixão por esse patrimônio. Embora cada um de nós tenha o seu instrumento de dedicação, de trabalho, nutrimos um amor comum pelo órgão de tubos. Vamos seguir firmes com o nosso propósito de devolver-lhes sua função", diz o organista Marcos Santana, um dos fundadores do Núcleo de Amigos de Órgãos de Tubos (Naot) e vice-presidente da Associação Brasileira de Organistas.
Leia a íntegra da matéria na edição desta semana.
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