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Plataforma baiana conecta pacientes a profissionais de saúde negros

Em janeiro de 2021, a plataforma foi selecionada para receber recursos financeiros do Black Founders Fund

Por Renato Alban

13/11/2023 - 0:15 h
Os criadores da plataforma, Arthur Lima e Igor Leo Rocha
Os criadores da plataforma, Arthur Lima e Igor Leo Rocha -

A arquiteta Sheroll Silva não se sentia plenamente compreendida pela terapeuta. O jornalista Igor Leo Rocha sempre buscou, sem sucesso, um dermatologista que tratasse a foliculite da pele dele adequadamente. Sheroll e Igor têm em comum a pele negra e o constrangimento em atendimentos com especialistas brancos.

A frustração de pessoas pardas e pretas em consultórios de profissionais de saúde brancos levou Igor a idealizar a plataforma Afrosaúde, que conecta pacientes a profissionais negros. O maior estímulo, conta ele, foi o relato de uma amiga que sofreu racismo em um atendimento odontológico.

Junto com o marido, o cirurgião-dentista Arthur Lima, o jornalista desenvolveu a ferramenta. Criada há dois anos, a Afrosaúde tem atualmente seis mil pacientes, 1,8 mil profissionais de saúde cadastrados e 3,5 mil atendimentos realizados. A plataforma já recebeu investimento de empresas como Google, Nubank e Amil e prevê faturar R$ 1 milhão este ano.

O casal se uniu para desenvolver um banco de dados de profissionais negros de saúde. Criaram dois formulários online: um para pacientes e outro para profissionais. Já na fase de testes, realizada na Bahia com dentistas e médicos entre os especialistas, eles perceberam o interesse tanto dos pacientes quanto dos profissionais.

Essa, diz Igor, foi a primeira validação do negócio: a garantia da demanda. “Percebemos que havia muita gente que passa por situações de discriminação em ambientes médicos e que prefere ser atendida por profissionais negros”, conta o jornalista. O próximo passo foi ampliar as classes de especialistas, incluindo nutricionistas e psicólogos, e a expansão para outros estados.

Em janeiro de 2021, a plataforma foi selecionada para receber recursos financeiros do Black Founders Fund, fundo de investimento do Google voltado para produtos e serviços de tecnologia de empreendedores negros sem contrapartida em dinheiro para a empresa americana. “A iniciativa foi impulsionada”, diz Igor. No primeiro ano, a Afrosaúde faturou R$ 117 mil.

No ano seguinte, esse valor saltou para R$ 640 mil. E, de janeiro de 2023 até o mês passado, o Afrosaúde chegou a R$ 900 mil. O faturamento vem dos investimentos, como o do Google, e também das próprias consultas. Em cada atendimento, o profissional cadastrado recebe 80% do valor e a plataforma, 20%. Nem paciente nem profissional pagam assinatura para usar a ferramenta.

Foi em 2021, também, que a psicóloga Ana Claudia da Silva conheceu a plataforma. Ela buscava se dedicar exclusivamente aos atendimentos clínicos e o cadastro lhe interessou para seguir esse caminho. “Quem chega mais para a gente são pessoas pretas, o que é ótimo, porque é uma oportunidade de conexão muito boa com essas histórias”.

De acordo com os criadores da plataforma, nove em cada 10 atendimentos pela Afrosaúde são de consultas terapêuticas. Para Igor, isso se deve a uma atenção maior da população à saúde mental. “A nossa geração cresceu dizendo que era besteira, agora um público mais jovem busca por terapia por conta própria”.

Esse foi o caso da arquiteta Sheroll Silva. Foi através da Afrosaúde que ela encontrou uma terapeuta negra, após cinco meses sem acompanhamento psicológico. "Eu não me sentia compreendida pela minha última terapeuta e resolvi parar", conta a paulista. "Entrei na plataforma e achei, foi muito fácil e coube no meu bolso".

A psicóloga Ana Claudia conta que diminuiu o preço da consulta ao se cadastrar na plataforma para que mais pessoas pudessem ter acesso. “Minha consulta é mais barata de propósito, porque não quero que seja limitante”, diz a profissional que atende principalmente pessoas que nunca fizeram terapia antes.

Empresas

Além de atendimentos como o de Sheroll, a Afrosaúde também possibilita a contratação de profissionais de saúde por empresas. “Elas estão percebendo a quantidade de dinheiro que estão perdendo por não investir em saúde mental”, diz Igor. No ano passado, por exemplo, o Google fez uma parceria com a ferramenta e forneceu o atendimento a startups ligadas à empresa.

A Afrosaúde vendeu cupons de atendimento dos psicólogos da plataforma para os beneficiários da empresa. É uma forma da startup trabalhar tanto com grupos quanto no atendimento pessoal. “Para a empresa, é muito benéfico porque gera mais produtividade e diminui o afastamento por causa de questões de saúde mental”.

Igor conta que a maior parte do faturamento da empresa vem dos negócios com corporações, mas que pretende direcionar os investimentos para o aumento de pacientes na plataforma. Em janeiro, a Afrosaúde deve lançar um clube de benefícios em saúde para que o cadastrado tenha descontos em farmácias e laboratórios.

Identificação

A plataforma hoje tem mais cadastrados em São Paulo, que é seguido pelo Rio de Janeiro e pela Bahia. Para Ana Claudia, o crescimento da empresa se deve ao sentimento de identificação entre pacientes e profissionais. “Tem coisas que são particulares, de entendimento da população preta”, diz a psicóloga, que também atende pessoas de outras etnias.

Com essa perspectiva de identificação, a plataforma também tem filtro para que pessoas LGBTQIAPN+ possam encontrar profissionais da mesma comunidade. Outro cuidado é para os pacientes com deficiência auditiva, que podem escolher especialistas que atendam na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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