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Tradição e inovações fortalecem fama do licor na Bahia

A convivência entre as empresas centenárias de licor na Bahia

Por Renato Alban

18/06/2023 - 6:00 h
Licores de São João

Na foto: Mãos de Irmã Maria Lourdes (Irmã Lurdinha), uma das responsáveis pela produção de licores do Convento de Santa Clara do Desterro, em Nazaré, segurando uma taça de licor junto a medalha de sua irmandade; garrafas de licor produzido no convento.
Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde

Data: 16/06/23
Licores de São João Na foto: Mãos de Irmã Maria Lourdes (Irmã Lurdinha), uma das responsáveis pela produção de licores do Convento de Santa Clara do Desterro, em Nazaré, segurando uma taça de licor junto a medalha de sua irmandade; garrafas de licor produzido no convento. Foto: Uendel Galter/ Ag A Tarde Data: 16/06/23 -

Na família Pinto, a tradição de fazer licor já tem mais de 100 anos. Na família Silva, a produção da bebida junina completou 10 neste ano. Na marca Roque Pinto, de Cachoeira, os sabores de jenipapo, cajá e tamarindo são chefes de venda.

Já a D’Grasi, marca de Grasiele Silva, de Alagoinhas, se destaca com sabores como torta de limão, doce de leite e chocolate branco com frutas vermelhas.

A convivência entre as empresas centenárias de licor na Bahia com novos produtores tem fortalecido a fama da bebida feita no estado e trazido usos e sabores modernos para a tradição. A bebida está em processo para se tornar patrimônio cultural imaterial do estado, com pesquisa da Fundação Hansen Bahia (FHB) com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Ao mesmo tempo, sabores inovadores de licor não ficam restritos às marcas mais modernas. A Roque Pinto tem um cardápio com 30 opções, incluindo cremosos e trufados. “Os jovens geralmente escolhem esses”, conta o empresário Rosival Pinto, administrador da marca de licores de Cachoeira. Rosival é neto do fundador da empresa.

Outra inovação no mercado de licores baianos tem sido o uso da bebida para fazer drinks. Criadora de conteúdo online sobre coquetéis e bartender, Roberta Figueiredo explica que a tendência faz muito sentido. “Licores funcionam super para drinks, dão mil possibilidades de misturas com bebidas gaseificadas, raízes, frutas e outros ingredientes”, afirma.

Roberta defende que o mercado dos licores baianos tem espaço para todos, os antigos e os novos. “Os mais tradicionais trazem aqueles sabores que ficam guardados na memória, enquanto os novos surgem com novas propostas de sabor que vão se adaptando ao paladar atual. Tem público para todos”, diz a bartender.

Ponto em comum

Novos ou antigos, as diferentes marcas de licores baianos têm um ponto em comum: o início da produção. Seja há 100 anos ou há 10, a história se repete, o licor começa como uma produção caseira para amigos, família ou poucos clientes. Na Roque Pinto, o licor começou como uma cortesia para os clientes da loja de charutos, fogos e vinagres de Francisco Pinto, pai de Roque e avô de Rosival.

Na D’Grasi, foi a busca de um sustento que transformou a bebida em negócio. Grasiele começou fazendo para amigos e parentes. “Estava desempregada, o licor veio como uma renda em 2013 e não deu mais para parar, as pessoas passaram a procurar todo ano”, conta a empresária, que também trabalha como nutricionista.

Na Sonatta, marca de produtos artesanais de Salvador, um cliente se tornou sócio e assim a empresa deslanchou. O empresário Iuri Paulino provou o licor do chef de cozinha Evandro Magno, que vendia a bebida para familiares e amigos, e convidou o profissional para montar a marca. No primeiro ano de vendas, em 2020, a expectativa foi superada em mais de 40%.

Em Cachoeira, o licor A Gauchinha também começou com uma produção caseira. O empresário Roberto Amorim aproveitou as receitas de batidas que o pai já fazia no bar da família para montar a marca. “A gente fechou o bar e, logo depois disso, teve a ideia de produzir em casa mesmo, de forma artesanal”, conta o dono da empresa, que tem sete anos e aposta no sabor de tamarindo cremoso para impulsionar as vendas.

Outro ponto em comum entre as marcas é que elas têm agora o período mais movimentado financeiramente: as festas juninas. “As expectativas para este ano são altas, com cerca de 30% a mais [que em 2022]”, conta o empresário Rosival, administrador da Roque Pinto. Grasiele, da D’Grasi, também está esperançosa e pretende estender as vendas até agosto.

Apesar das expectativas positivas de Rosival e Grasiele, outras marcas têm reclamado das vendas. Com uma produção de 346 anos, o licor do Convento do Desterro, que começou com as Irmãs Clarissas vindas de Portugal, tem notado um movimento menor neste ano.

“Mas acreditamos que os clientes podem chegar até o São João”, diz a freira Maria Lourdes, responsável pela fabricação. Com consumidores em todo o estado, a produção do Convento pretende vender mais de mil garrafas nas festas juninas e têm como carro-chefe o licor de rosas.

Iuri Paulino, da Sonatta, comenta que o feriado de São João ter caído em um final de semana atrapalhou as vendas. “Se fosse feriadão, venderíamos mais, porque as pessoas têm o hábito de levar o licor para o interior”, diz Iuri.

Ainda assim, a Sonatta pretende vender até quatro mil garrafas nas festas juninas, um aumento de 20% em relação às vendas do ano passado.

Fora do São João

O investimento de algumas marcas de licores baianos tem sido para manter a venda durante o restante do ano. Esse é ainda um entrave para os negócios.

A irmã Maria Lourdes diz que a procura pelos licores do Convento do Desterro no resto do ano é muito pequena. O mesmo se repete nas marcas Roque Pinto e A Gauchinha, que concentram a maior parte das vendas no período junino.

Na Sonatta, o mês de junho é 10 vezes mais lucrativo que os outros, mas a empresa tem tentado ampliar as vendas. “A gente quer transformar o licor em uma bebida atemporal, que seja consumida no ano todo”.

Para isso, a empresa investe em sabores como chocolate belga, ensina coquetéis com o licor para clientes e negocia com restaurantes para o Sonatta e drinks feitos com a bebida entrarem nos cardápios de bebidas.

Outra marca de licor daqui da Bahia que tem crescido dessa forma é a Bene Limoncello. A bebida é vendida para restaurantes, hotéis e lojas de Salvador e também de outras cidades, como Trancoso, São Paulo e Brasília.

“A meta agora é começar expandir a distribuição para outras cidades e estados”, afirma o sócio da Bene, o cantor Felipe Pezzoni, da Banda Eva.

Diferente das marcas tradicionais de licores baianos, a Bene não tem relação direta com as festas juninas. “Apesar disso, temos um aumento considerável nas vendas, inclusive a Bene está presente nos encartes de São João dos distribuidores”, diz o cantor. Felipe atrela essa procura à qualidade da fabricação do limoncello baiano.

Atualização

A produção artesanal também é um diferencial dos licores tradicionais de Cachoeira que os fabricantes não abrem mão. Interditada às vésperas do São João no ano passado por conta de irregularidades na fábrica, a Roque Pinto investiu no maquinário para este ano, mas não deixou de manter a produção majoritariamente artesanal.

De acordo com Rosival, as mudanças exigidas pelo Ministério da Agricultura foram cumpridas, como a compra de máquinas esterelizadoras de garrafas. Mas o administrador da Roque Pinto afirma que o processo de produção continua o mesmo, “essencialmente artesanal, com poucos utensílios tecnológicos no processo”.

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