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Xanddy: "O Carnaval podia ser todo financiado pelo Estado e a prefeitura"

Por Tatiana Mendonça

05/02/2018 - 10:21 h | Atualizada em 06/02/2018 - 8:46
Xanddy, do Harmonia do Samba, irá se apresentar em cinco trios e cinco camarotes no Carnaval
Xanddy, do Harmonia do Samba, irá se apresentar em cinco trios e cinco camarotes no Carnaval -

Quem viveu o Carnaval do ano 2000, certamente se lembra de algum sufoco que passou quando apareceu na rua o trio do Harmonia do Samba, com o cantor Manoel Alexandre Oliveira da Silva nos vocais e rebolados. “Ele tem empatia com o público e uma sensualidade contagiante”, declarou Cateano Veloso na época, afirmação comprovada pelo mundo de gente que se acotovelava para estar mais perto dele. Foi uma comoção coletiva, embalada ao som de Vem, neném. Xandy, que costumava se apresentar com os pés descalços, tinha 20 anos e assinava o nome artístico com um “d” só. Hoje são dois (esquecemos de perguntar se foi por causa da numerologia). Como já aconteceu tantas vezes, podia ser que no Carnaval seguinte ninguém se lembrasse dele, mas o cantor, e a banda, conseguiram se manter como protagonistas da festa. Neste ano, o Harmonia vai comandar cinco trios (dois deles sem cordas, pela primeira vez) e se apresentar em cinco camarotes. O bloco do grupo, o Meu e Seu, sai no domingo e na segunda, na Barra, e não mais três dias, como costumava acontecer. Xanddy despista e não fala em crise. Conta que o que motivou a mudança foram os convites para tocar para a pipoca. O que segue inabalável é o ensaio que promove nos verões, A Melhor Segunda-Feira do Mundo, com uma ajudinha de atrações de peso, como Luan Santana e Thiaguinho, que estiveram na última edição do evento. Enquanto descansava num resort em Praia do Forte, Xanddy conversou com a Muito sobre as carreiras de artista e empresário.

Como você curtia o Carnaval antes de ser famoso?

Quando criança, tive a oportunidade de viver o Carnaval raiz. Minha vó costurava mortalha. Então, eu já ficava esperando ela trazer aqueles tecidos para casa. E aí a gente comprava as máscaras. Era aquele Carnaval mesmo de serpentina, marchinha passando na rua. Isso era lá na Soledade, onde a gente morava. Na adolescência, conheci o Carnaval de trio elétrico, mas nunca tive o prazer de sair atrás do trio. Na verdade, até podia fazer isso, mas preferia ficar num lugarzinho vendo os artistas, sonhando em estar ali um dia. Eu era mais espectador do que folião.

Você é um dos protagonistas do Carnaval baiano há quase vinte anos. Como vê as mudanças pelas quais a festa está passando?

É uma transição. O Carnaval está se reformulando. Ainda não temos uma definição do que, de fato, vai acontecer. Nós estamos nesse muro. Os camarotes hoje oferecem o pacote completo, vamos dizer assim, porque tem show, tem tudo dentro. Tem uma nova geração que não conhece muito essa cultura de chão, de sair atrás de bloco, de trio. Por outro lado, tem esse resgate do Carnaval raiz, de ser pipoca... Então, está tudo acontecendo ao mesmo tempo. Eu quero muito que haja uma definição.

Em qual definição você aposta, ou qual prefere?

Acho que o Carnaval podia ser todo financiado pelo Estado e a prefeitura, e os camarotes continuarem tendo o que já têm. Acho que isso vai democratizar ainda mais o Carnaval, vai favorecer a todos. O Carnaval da Bahia vai ganhar com isso, os foliões também, e os que fazem através de iniciativa privada, que são os camarotes. Todo mundo vai ficar feliz, e aí define, pelo amor de Deus, gente. Só basta isso.

"Poderia cobrar da pipoca um valor mínimo, sei lá, de R$ 10, existindo um controle maior de segurança, com um abadá único para todos os trios e artistas. E, ao lado, os camarotes montados".

Há alguns anos Durval Lelys defende um circuito fechado no Carnaval. Como você vê essa ideia?

O que Durval está defendendo foi o que eu falei. São modelos que já existem e que dão certo. Vamos imaginar [um circuito] ali do antigo Aeroclube até não sei onde, porque tem duas vias, e na Barra é uma só. A gente poderia ter um alambrado de fora a fora. Poderia cobrar da pipoca um valor mínimo, sei lá, de R$ 10, existindo um controle maior de segurança, com um abadá único para todos os trios e artistas. E, ao lado, os camarotes montados. No contrafluxo, poderiam ficar as pessoas que, de repente, não quisessem contribuir com esse valor pequeno. Elas também teriam a oportunidade de curtir. O modelo já está pronto, se quiserem é só marcar para a gente conversar. Está tão fácil...

Esse ano, o seu bloco, o Meu e Seu, vai sair apenas no domingo e na segunda. Nos anos anteriores, eram três dias. O que provocou essa mudança?

Nós vamos cantar em cinco camarotes e em cinco trios. O Meu e Seu vão ser dois dias. A gente vinha recebendo convite há dois anos para fazer pipoca, isso foi uma das coisas que motivou. Foi o fator principal. Dividir um pouquinho, fazer bloco e fazer pipoca. Serão dois dias de pipoca. O nosso Carnaval vai iniciar sendo pipoca, na quinta-feira, no Campo Grande, e vai terminar sendo pipoca, na terça-feira, também no Campo Grande.

O outro dia de trio é no Reduto do Samba, na sexta-feira. Vocês se preparam de um modo diferente pra sair num bloco de samba?

O repertório é todo diferente. É bem dividido, ligado às nossas duas raízes: o samba de roda do Recôncavo e o partido-alto. Lá, as pessoas não vão ouvir Comando, por exemplo. É um bloco diferenciado. Tem desde adolescente até a turma de mais idade. E aí a gente costuma fazer algo brando, sem muito empurra-empurra. É o sambinha mesmo, abanando o chapéu. Eu curto demais, principalmente vendo lá os senhores dando tchauzinho.

Apesar da crise, o Harmonia conseguiu manter um ensaio consolidado, que está sempre lotado. Como vocês driblaram essa conjuntura?

É difícil responder, até a gente fica intrigado. A gente só pensa que o povo gosta muito, e, no bem popular, dá seus pulos pra ir. Mas que isso impressiona, impressiona. E a segunda-feira é um dia contrário a festas. A gente conseguiu criar essa tradição. Já é uma festa de calendário. São 16 anos. Virou um patrimônio, mesmo. É aquele negócio de o povo dizer: rapaz, quando A Melhor Segunda-feira chegar, é certo que eu vou, mesmo que passe a terça-feira me arrastando. Tem 70% a 80% de baianos. Os turistas são o crédito.

Lembro de como as pessoas se acotovelavam para ver o Harmonia no Carnaval quando o grupo surgiu. Foi uma comoção. E aí, passados os anos, não se ouvia mais falar tanto da banda. Houve um período de ostracismo, quase, antes de vocês voltarem aos holofotes. O que aconteceu nessa época?

Olha, o grande desafio do artista é se manter. Tem até aquela frase, ‘fazer sucesso é fácil, manter é difícil’. Concordo em parte, porque fazer sucesso não é fácil, mas se manter é, mesmo, muito mais difícil. Os altos e baixos são naturais na carreira de qualquer artista. Talvez tenham aí as exceções, que estejam sempre no alto. Vamos dizer assim, o rei, Roberto Carlos. Pronto. Então a gente procura fazer a nossa verdade, mas buscando sempre acertar. Acertar no sentido de escolher a música certa, usar as estratégias internas certas para fazer nossa música chegar ao público. É uma soma de fatores.

Mas houve esse momento de transição, de ruptura?

Diria que nós tivemos dois momentos fortes de transição. O primeiro foi há quase 10 anos, quando nós deixamos de ser empresariados e passamos a fazer a gestão da nossa própria carreira. Foi ali na véspera de lançar Comando, em 2009. Além da mudança na gestão, com um outro olhar, nós também mexemos na questão musical. O pagode da Bahia passou ali por uma mudança. Deixou de ser um pagode para sambar e passou a ser um pagode para pulsar. Aí vem Comando. É aquela multidão pulando, não é mais o samba no pé, entendeu? Graças a Deus, a nossa música sempre foi o trampolim da nossa carreira, desde Vem, neném. Depois de Comando, a gente também lançou Selo de qualidade – levando tudo, quebrando tudo [cantarola]; Balança tudo – Ô balança, balança tudo... Demos uma mexida, sem perder a essência, mas preocupados com o que o público estava ouvindo, o que realmente estava tocando o povo. E foi batata. Foi um boom absurdo. Essa foi uma transição bem importante. E a outra, mais recente, foi com Daquele jeito para cá [a música foi lançada em 2015]. De novo, através da música, a linguagem mudou, o pagode mudou. E mudou, principalmente, a forma de se comunicar com o público. Aí a internet veio dizendo ‘eu sou a bola da vez, quem quiser agora saber de música é através de mim, não é só TV, não é só rádio’. Nesse momento, passamos a ter um trabalho de marketing digital. Daquele jeito foi uma das músicas mais tocadas no Youtube no Carnaval. Foi uma virada de chave. Agora, com o novo DVD, nós estamos potencializando essa estratégia.

A gestão da banda é algo compartilhado ou fica tudo centrado em você?

É coletivo. Eu posso ter o voto de Minerva. Gosto muito de ouvir a todos. Acho que assim a gente acerta mais. Cada um tem seu jeito de ver. O nome é muito bom, porque até nesse aspecto a harmonia é perfeita. Arrisco dizer que a melhor fase da nossa carreira, no aspecto empresarial, de resultados, é de 2009 pra cá. Sempre tivemos empresários, desde 1999, mas acho que antes a gente não conseguia imprimir 100% da nossa verdade, sabe? Do que a gente enxergava como deveria ser. Mas todos os momentos foram importantes, tá? A gente passou sete anos na Sunshine, uma produtora de história fantástica, que foi a nossa grande faculdade. Nesse aspecto, foi importantíssima.

Mas é uma coisa que toma muito do seu tempo?

Toma demais. Tem horas que eu não quero. Na verdade, a gente até tem dado um passo diferente agora. A gente vai contar com uma gestão nova, justamente para dar uma aliviada e a gente se concentrar mais no artístico, que é o que a gente gosta de fazer. Porque tem uns assuntos técnicos, empresariais, que são bem chatos, roubam tempo, além de desgastar.

Você acredita que esses formatos mais fechados, CD, DVD, ainda dizem o que para o seu público?

O físico? Daqui a pouco não vai ter mais. Vai ser o vinil que a gente coleciona. Eu ainda escuto vinil, tenho uma vitrolinha. Mas é mais aquela coisa do coração, né? E o CD vai ser isso. Nós lançamos o DVD todo no nosso canal do Youtube, e temos alcances incríveis. Somando todas as faixas, já tem mais de 50 milhões de views. Tem músicas estouradas no país todo, como Hipnotizou, Tic nervoso. Nós tocamos em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, que são termômetros bons pra gente, e fiquei impressionado, porque o povo todo já conhece. É um negócio assustador. E aí existe uma cobrança do torcedor mais fiel, mais conservador, digamos assim, pelo formato físico, porque o DVD físico não saiu ainda. Mas vai sair. É para colecionador. Eu adoro fazer álbum completo, com encarte, tudo bonitinho. Sou dessa época. Mas o negócio está tão ligeiro que nós começamos a lançar esse DVD no nosso canal no dia 27 de outubro. E aí a nossa distribuidora, a gravadora digital, já está nos cobrando um single pós-Carnaval, com clipe, inclusive. Aí eu disse: peraê, calma! (Risos). Estão testando o coroa.

"São poucos que ganham dinheiro hoje com streaming. E disco então, ô meu Deus... disco, esquece. Se vacilar, você até perde".

A grande fonte de renda de um artista hoje são os shows, não é? Streaming rende alguma coisa?

São os shows. Streaming está começando, né? É uma novidade. Até essa coisa das contas, de como se faz, como se recebe, está meio... Não sabemos. O dinheiro ainda é pouco, porque a forma de eles remunerarem é diferente. Você não baixa a música, você simplesmente escuta. Você é só um ouvinte. Vamos chamar de execução. É o pagamento de uma execução pública mundial, mas que é zero, zero, zero, zero, zero vírgula alguma coisa. Nem sei dizer. Show é o mais importante. Até para ter recursos para fazer os investimentos necessários, manter a banda e pagar as contas pessoais, é show. São poucos que ganham dinheiro hoje com streaming. E disco então, ô meu Deus... disco, esquece. Se vacilar, você até perde.

Você sempre foi a figura de destaque do Harmonia. Já pensou em seguir carreira solo?

Já. Não por qualquer desgaste interno, confusões, mas por reflexões, filosofia de vida. Foram pensamentos que fiquei maturando. Nada demais, não. Passou, e faz muito tempo. Foi lá na metade do caminho.

E o que fez você permanecer na banda?

Como eu disse, foi mais uma reflexão. Logo depois caí na real de que eu estava muito feliz onde estava e não tinha por que arriscar, saca? Eu considero que todos da banda são meus amigos. O dinheiro nunca esteve à frente de nada. Nossa motivação sempre foi fazer o que a gente ama. O dinheiro, de verdade, sempre foi consequência. Eu, quando era adolescente, ficava pensando como seria minha vida. Fazia uns planos assim: ah, com 30 anos vou conseguir comprar minha casinha, aí talvez uns cinco anos depois eu consiga comprar um carro. E aí, com 20, 22 anos, eu já tinha muito mais do que imaginava. Então, pra mim, já tava bom. Nunca imaginei ter um terço do que tenho hoje. Dinheiro, pra mim, nunca foi o primeiro plano, mesmo. É bom, é legal, mas que seja a consequência, sempre.

"Nunca imaginei ter um terço do que tenho hoje. Dinheiro, pra mim, nunca foi o primeiro plano, mesmo. É bom, é legal, mas que seja a consequência, sempre".

O Harmonia ocupa um lugar de destaque entre os grupos de pagode baianos. O arranjo das músicas sempre foi mais sofisticado, as letras nunca foram muito rasteiras, de objetificar a mulher e tudo mais. De onde vêm essas escolhas? Como vocês administraram isso?

Existe uma palavra que nos define que é: verdade. Isso em todos os aspectos. Não tem negócio de duas conversas. A base do Harmonia é muito musical. Sem nenhum tipo de pretensão, mas os meninos são estudados, mesmo. Você pega um Bimba, e falo sem medo de errar: é um dos melhores baixistas do país. Ele conhece tudo de trás pra frente, ele estudou muito. É o coração, o diretor musical. É a base forte dos arranjos, de tudo. A gente fica em busca do equilíbrio. A gente sabe que conversa com um público que é altamente popular, e já tivemos fase de exagerar. Tem um disco, o Meu e seu [de 2003], que a gente diz que fez pra gente. A gente abriu o baú e botou tudo que a gente sabia nele (risos). O começo de Deslizando, por exemplo, é um jazz lascado. Então, de novo, é a busca do equilíbrio. A gente pode fazer arranjos talvez mais simples, mas precisa estar impresso ali, carimbado, a nossa essência, sempre. Se vai para uma letra mais picante... Se você pegar Vem, Neném e Daquele Jeito vai perceber que a estrutura da letra é praticamente igual. São letras que falam de amor e aí o refrão pode ser um pouquinho mais picante, mas sem chegar a ferir ninguém, saca? O samba do Recôncavo, desde sua raiz, sempre teve o lado mais malicioso, o que é normal, e a gente até gosta. A gente toca samba de roda e canta um monte de músicas que tem o refrão mais apimentado, que tem aquela sacanagenzinha. Mas é o equilíbrio. O Harmonia se destaca por conta desses cuidados. A gente zela pelas coisas. Faz um disco e não economiza se é pra fazer bem feito. O disco tem que ser muito bem gravado, a música tem que ser bem mixada, o clipe tem que ser muito bem feito, ainda que a gente não tenha uma verba gigantesca. Pode ser simples, mas precisa ser altamente criativo, bonito de ver. E que a música seja boa de ouvir. Isso me orgulha muito, e aos meninos também. E como o dinheiro, como eu disse, não é nossa prioridade, então taí a resposta. Fica fácil de não se corromper e sair fazendo loucura, sabe? Porque se for para entrar em desespero e sair fazendo qualquer coisa, porque acha que está dando certo, me desculpe, mas vai ser tiro no pé, como nós já vimos vários colegas darem. A gente tem até esses exemplos a não seguir. E recebemos também muitos estímulos das pessoas. O zelador do aeroporto que vira e fala: ‘Xandão, sou fã de suas músicas, porque você não apela, negão. O Harmonia é qualidade’. Só isso, pra gente, já é um incentivo. A gente fica sendo motivado e aconselhado o tempo todo dessa forma, pra ter certeza de que está num bom caminho.

Como você vê a evolução do pagode baiano?

Tem coisas que eu gosto muito, tem outras que já não gosto tanto. Tem um monte de novidades que os pagodes atuais trouxeram que a gente incorporou. Eles nos ensinaram, sabe? A gente trouxe para o Harmonia, porém mantendo a nossa base. Teve a mudança da percussão, do beat, é mais pra trás, é pulsante, é pra pular, como eu falei antes. Depois mudou de novo, é mais arrastado, aí muda a base toda da percussão. Daquele jeito é a primeira música dessa nova leva, que se aproxima mais do que são os pagodes atuais. E as músicas novas do DVD seguem esse caminho. Nós colocamos um guitarrista no Harmonia, antes não existia, porque esse pagode atual é muito riff, meu irmão.

"Uma criança ouvir uma música que tem um refrão que não é nem de duplo sentido, é erótico, saca? Isso me machuca".

E dessa aproximação mais recente com a música eletrônica, você gosta?

Bom, taí uma coisa que a gente faz, mas é muito sutil. A gente está entendendo aos poucos, por sermos muito conservadores. Mas temos aprendido muito com os nossos filhos, acredite. A gente tem absorvido aos pouquinhos.

Do que você não gosta tanto?

Das letras que agridem. A internet se tornou número 1; assim, é libertária, mas aí é que está o grande problema. Uma criança ouvir uma música que tem um refrão que não é nem de duplo sentido, é erótico, saca? Isso me machuca. Pelo amor de Deus, eu não estou aqui querendo ser politicamente correto, mas é uma questão de consciência, mesmo. Porque isso, pra mim, traz consequências. Um adulto tem discernimento. Quer ouvir uma música que fala de pornografia explícita? Que escute, você é adulto. Mas a internet... É terrível, cara. Não tem sentimento pior do que você pegar uma criança ouvindo uma música de pornografia rasgada. Disso, eu não gosto. Não sei nem se vão entender, talvez seja difícil entender.

Os seus filhos estão morando em Orlando, nos Estados Unidos. Como você está se dividindo?

Estou lá e cá, mas eu prefiro cá. Bote isso grifado, bem grande. Fico me revezando, Carla [Perez, esposa do cantor] também. É um intercâmbio, porém assistido pelos pais. Acho que essa é a forma mais fácil de traduzir. Quando Camilly começou a falar disso aos 13 anos, Carla disse logo: ‘Epa, eu vou junto’. E eu falei: deixa a criança ser livre! (risos). Está sendo muito bom, principalmente para a educação deles. Eles têm ralado. Não têm nada na mão. Até para ter a mesada, eles precisam fazer trabalho voluntário. Lá vai uma pessoa fazer a limpeza de 15 em 15 dias. Então, eles têm que fazer tudo. Outro dia, postei um vídeo de Vitinho, meu filho, passando o aspirador em casa. Isso, para mim, não tem preço. Não é que aqui eles não possam fazer também, mas é que aqui tá todo mundo do lado, todo mundo quer ajudar. Vitinho me fala: ah, meu pai, tá faltando tal coisa. E aí eu digo: vá ao mercado e compre, oxen... Tem a bicicleta com a cestinha na frente, vá, se pique, compre seu negócio e volte.

No DVD, você cantou com sua filha. Vocês já pensavam nisso há muito tempo?

A gente já conversava há um tempinho sobre isso. Ela canta desde pequena, a primeira música que gravou foi com Carla. Eles sempre estiveram envolvidos com música, mas Camilly é quem demonstra querer seguir. Vitinho não tá nem aí. Ela vai ter todas as orientações possíveis. Mas, em determinado momento, as decisões vão partir todas dela. Está sendo muito legal essa troca. Ela estuda canto lá fora há um ano e meio. E aí tem vezes que diz: ‘Pai, essa nota que você tá fazendo assim, ó, porque não faz desse jeito? Alongue mais’. E com ela eu já mexo na parte da interpretação. Ela tá cantando e eu digo: ó, tá interpretando lendo. Cadê o coração? Rola essa troca, que é fantástica.

Você é evangélico já há alguns anos. Como a religião interfere na sua carreira artística?

Influencia muito, porque é a minha base. Para mim, em primeiro lugar vem Deus, e depois vem a família, o trabalho. O fato de eu ser cristão e buscar viver a minha vida nesses passos me ajuda a tomar decisões. Acredito muito que são decisões muito mais assertivas, pensando que eu estou tentando fazer o melhor ao olhar de Cristo. Não sou perfeito, erro muito, mas a proposta é justamente viver tentando errar menos. Em cada DVD tem um momento que a gente reserva para Deus, e nesse foi a música que canto com Camilly, Ninguém explica Deus, que foi um presente.

E você pensa em gravar um disco gospel?

Não é meu foco no momento, mas não vou dizer que nunca vai acontecer. Pode ser que um dia eu faça.

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