MATERIAL GENÉTICO HÍBRIDO
Baleias-azuis estão acasalando com outras espécies, aponta estudo
Cientistas examinaram genomas de baleias azuis do Atlântico Norte para identificar indícios de consanguinidade
Por Da Redação

Um estudo revelou que as baleias-azuis do Oceano Atlântico abrigam uma quantidade de material genético híbrido não identificado, que indica a possibilidade delas acasalarem com outras espécies.
Em um estudo publicado em janeiro na revista Conservation Genetics, cientistas examinaram os genomas de baleias azuis do Atlântico Norte para identificar indícios de consanguinidade, que poderiam atrapalhar a recuperação da espécie.
Os pesquisadores montaram um genoma “de novo”, construindo a partir de fragmentos de DNA de vários indivíduos. Este serviu como base para analisar os genomas completos ou parciais de 31 baleias da região.
De acordo com Mark Engstrom, coautor do estudo e geneticista ecológico da Universidade de Toronto, o processo foi como montar um grande quebra-cabeça sem ter a imagem de referência.
A análise genética revelou que cada baleia examinada possuía DNA da baleia-fin (Balaenoptera physalus) em seu genoma, com uma média de 3,5% do DNA do grupo originário dessa espécie.
Os pesquisadores já suspeitavam da presença de DNA de baleia-fin nos genomas analisados, mas a extensão da mistura genética surpreendeu. Estudos anteriores com baleias-comuns não mostraram herança de DNA de baleias azuis, trazendo a possibilidade que apenas as baleias azuis se acasalam com híbridos ou sejam capazes de fazê-lo.
Para Engstrom, isso pode ser devido ao fato de haver um número muito maior de baleias-comuns em comparação com as baleias azuis.
A pesquisa também indicou que essa troca genética entre baleias-fins e azuis parece ser um fenômeno exclusivo do Atlântico Norte, mas a causa ainda não é clara.
Até o momento, não há evidência de que o DNA de baleia-fin afete negativamente as baleias-azuis. No entanto, Engstrom expressou preocupação de que a continuação desse fenômeno possa diluir o DNA de baleia azul na população, potencialmente diminuindo a capacidade das baleias de se adaptarem a novos desafios, incluindo as mudanças climáticas.
Sobre as baleias
As baleias azuis (Balaenoptera musculus) têm o título de maiores criaturas do planeta, podendo alcançar 34 metros de comprimento (equivalente a aproximadamente três ônibus escolares enfileirado).
A caça comercial intensiva no início do século 20 levou a uma grande redução desse animal. Atualmente, esses gigantes marinhos são classificados como espécie ameaçada pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, embora haja sinais de recuperação populacional mundial. A subespécie B. musculus musculus, habitante do Atlântico Norte e do Pacífico Norte, é uma das mais vulneráveis.
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