MUNDO
Ilhas Malvinas: dois nomes, dois lados e muitos interesses em jogo
Por João Mauro Uchôa
Há exatos 30 anos, a bandeira britânica que tremulava no pátio da residência do governador das Ilhas Malvinas (ou Falklands) dava lugar à flâmula argentina. Durante a madrugada, equipes de mergulhadores de combate transportadas por submarinos da Marinha Argentina desembarcaram no arquipélago do Atlântico Sul para abrir caminho para uma invasão. Por volta do meio-dia, a pequena guarnição de fuzileiros britânicos que defendia as ilhas estava rendida. Assim começou o conflito militar de 74 dias que provocou o colapso da ditadura militar argentina e continua alimentando disputas e provocações.
A Argentina reivindica o direito de soberania às Malvinas desde o século 19. Os primeiros habitantes das ilhas foram os franceses, que venderam o território à Espanha, em 1766. Com a saída dos espanhóis, que em 1811 decidiram abandonar as ilhas no calor das guerras de independência na América do Sul, a Argentina deu início à sua tentativa de colonizar as Malvinas, em 1820. Os britânicos, que fundaram um base nas Malvinas em 1765 ignorando a presença francesa, expulsaram os argentinos em 1833. Desde então, o arquipélago é considerado território britânico.
Alemães - Antes da guerra de 1982, as Ilhas Malvinas foram cenário de batalhas entre navios britânicos e alemães em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial. Mais tarde, durante a Segunda Mundial, o arquipélago serviu de ponto de apoio para a esquadra britânica, que voltaria a enfrentar os alemães na Batalha do Rio da Prata (1939).
Em 1982, quando a Junta Militar decidiu executar a operação de retomada das Malvinas, o que estava em jogo não era apenas o resgate da popularidade do governo junto ao povo. A posição do arquipélago é estratégica, pois sua posição garante um ponto privilegiado para o controle de importantes rotas de comércio marítimo no Atlântico Sul.
A existência de jazidas de óleo e gás é outro fator que aumenta a relevância estratégica do arquipélago. “A questão do petróleo das Malvinas já era discutida desde a década de 1960”, observa Carlos Eduardo Vidigal, professor de história da Universidade de Brasília (UnB).
Vidigal discorda da visão de que a campanha das Malvinas foi uma aventura argentina desvairada. “Houve um cálculo militar estratégico bastante razoável para a época: fazer a ocupação das ilhas para levar o caso até a ONU, onde a Argentina tentaria, com o apoio dos Estados Unidos, negociar a soberania sobre as ilhas. O cálculo não era chegar a uma guerra”, justifica.
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