Sobreviventes de tragédia militar pedem US$ 8,5 mi em indenizações ao Chile

Um grupo de 32 ex-recrutas sobreviventes da tragédia de Antuco, no sul do Chile, que em maio de 2005 matou 45 soldados congelados, processou o Estado chileno em US$ 8,5 milhões, confirmaram hoje fontes judiciais.



Segundo o advogado Guillermo Claverí, os 32 ex-recrutas, respaldados pela Corporação Vítimas, decidiram abrir o processo em Santiago por estarem "cansados de esperar por uma resposta do Governo".



Claverí indicou que o Estado deve pagar pelos sofrimentos que passaram por causa da tragédia, uma das piores no Exército chileno em tempos de paz, ocorrida nas proximidades do vulcão Antuco, situado 580 quilômetros ao sul de Santiago.



"Eles têm as solas dos pés queimadas, lesões articulares em braços e joelhos, dores de cabeça constantes, de natureza quase invalidantes, além de danos psiquiátricos e psicológicos muito graves, que em alguns casos induziram os soldados a tentativas de suicídio", afirmou Claverí.



O advogado assinalou que não somente existe uma lesão direta para os soldados envolvidos, mas também para seu entorno familiar.



Claverí lembrou a situação de Orlando Morales, um dos ex-recrutas, que teve de ser internado por causa de suas tentativas de suicídio.



Além disso, o advogado sustentou que os ex-soldados procuraram os tribunais de Justiça por estarem cansados de esperar pelas promessas feitas pelo Governo, particularmente a ex-ministra da Defesa Vivianne Blanlot.



Os litigantes esperam um rápido trâmite ao recurso, que correrá em paralelo às indenizações de 200 milhões de pesos (US$ 380 mil) pedidas pelos familiares das vítimas fatais da trágica caminhada.



Em 18 de maio de 2005, o agora ex-major de Exército Patrício Cereceda ordenou uma marcha entre dois refúgios da Cordilheira dos Andes, no vulcão Antuco, em meio a condições meteorológicas adversas que tinham sido alertadas pelo Serviço Meteorológico.



Os cerca de 200 recrutas que iniciaram a marcha, sem a indumentária adequada, se encontraram com o chamado vento branco (nevasca de neve), perderam a orientação e 45 deles morreram congelados.



Em 27 de novembro do ano passado, a Corte Marcial de Justiça do Chile ratificou a condenação a cinco anos e um dia de prisão a Cereceda, pelo homicídio de 44 recrutas e um sargento no vulcão Antuco.