Surto de cólera na África está ligado à mudança climática

O pior surto de cólera que a África enfrenta em três anos tem relação com a mudança climática, segundo o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o principal órgão consultivo de saúde do continente. A instituição afirma ainda que o clima diferente aumenta o risco dessa doença mais rapidamente na região do que no resto do mundo.

"A cólera na África é uma questão de mudança climática", disse Jean Kaseya, diretor-geral do CDC da África.

A República República Democrática do Congo e grande parte do sul da África enfrentaram grandes enchentes até final de dezembro de 2023, o que acaba pressionando os sistemas de saúde, limitando o acesso à água potável e saneamento.

Um surto recente de cólera atingiu mais de 12 de países africanos em 2023, provocando centenas de mortes entre a Zâmbia rural e os arredores da capital da África do Sul.

A cólera é transmitida pela água e causa desidratação grave por vômitos e diarreia. A doença pode ser tratada por meio da administração rápida de solução de reidratação oral, mas o tratamento é mais difícil em comunidades que têm baixa imunidade pré-existente devido a baixas taxas de vacinação e saúde geral precária.

A atual escassez de vacinas contra a cólera também está prejudicando os esforços para conter os surtos da doença. Globalmente, existem de 15 a 18 milhões de doses disponíveis, enquanto só no continente africano seriam necessárias até 80 milhões, afirmou Kaseya. "Quando você não tem vacinas, quando você não tem uma série de medicamentos, isso leva ao agravamento da situação", disse.

De acordo com o diretor-geral do CDC, Zâmbia adquiriu 1,7 milhões de doses, mas precisa de 3,2 mi. Já o Zimbábue precisa de 3,2 mi, mas só garantiu 800 mil, e o Congo precisa de 5 milhões de doses, mas não tem nenhuma. Kaseya afirmou que aumento das doses está sendo buscada pelo Gavi, uma aliança internacional de vacinas ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).