MUNDO
Venezuela faz simulação de invasão por exército estrangeiro
Por Agência Reuters
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, prevê há anos que um exército estrangeiro vai invadir o país para roubar suas enormes reservas de petróleo. Uma simulação feita nesta semana mostra como isso ocorreria.
Um barco chegou à costa do Estado de Falcón (oeste) levando tropas e mais de 12 tanques camuflados. O exército "invasor" então assumiu o controle da enorme refinaria de Paraguana, essencial para a economia da Venezuela, quinto maior exportador de petróleo do mundo.
A "ocupação" é parte de um exercício militar destinado a treinar tropas e comunidades contra uma eventual invasão.
O governo Chávez diz preparar os cidadãos para uma guerra de guerrilha caso os EUA invadam o país do mesmo jeito que fizeram no Iraque. O governo Bush insiste que a paranóia com a invasão serve aos interesses de Chávez, mas seguidores do presidente venezuelano garantem que a ameaça é real.
"Já nos invadiram, agora as forças invasoras estão controlando certos objetivos estratégicos", disse o contra-almirante Zahin Quintana, comandante de um esquadrão, após o desembarque de um navio de guerra. "Agora começa a resistência das nossas tropas junto com o nosso povo."
Os tanques começaram a circular pelas ruas, e unidades no papel de soldados inimigos lançavam bombas de fumaça para abrir caminho. Mas a população local, organizada e treinada pelos militares, resistiu ao ataque bloqueando estrada com carros e queimando pneus.
"Estamos dispostos a ir a qualquer lugar para defender nossa pátria", disse Rosmey Trujillo, que participou da operação, à TV pública. "Este país nunca mais será colocado sob as botas do Norte, graças ao nosso presidente Chávez."
A simulação é parte da chamada "Operação Patriota 2006", que ocorre nesta semana.
O governo criou "Conselhos de Defesa Locais" para esconder arsenais, transmitir mensagens e sabotar serviços de água e energia em caso de invasão.
Quintana disse que a simulação envolveu nove navios, três aviões de combate e quatro helicópteros -- dois dos quais são de fabricação russa, comprados por Chávez depois que os EUA o impediram de adquirir tecnologia militar norte-americana.
Na sexta-feira, a força de ocupação da simulação deve ser repelida por venezuelanos treinados para defender bens estratégicos do país, como terminais petrolíferos, postos de gasolina e caminhões-tanque.
Chávez acusa frequentemente os EUA de tramarem contra o seu governo. Já Washington vê no presidente esquerdista da Venezuela uma ameaça à democracia na região. Nesta semana, o Departamento de Estado anunciou que não vai mais vender armas e equipamentos militares ao país.
Apesar das críticas dos EUA, Chávez é favorito para se reeleger em dezembro, graças aos programas sociais e à retórica antiamericana.
Críticos na Venezuela dizem que Chávez está desperdiçando o dinheiro do petróleo em programas sociais improvisados e criando um conflito artificial com os EUA.
Mas, com o aumento do antiamericanismo e do preço do petróleo, muitos venezuelanos vêem a invasão como uma ameaça real. "E se o petróleo for a cem dólares por barril?", disse um oficial de alta patente. "Quem sabe? Qualquer coisa pode acontecer."
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