MUNDO
Véspera de São João é celebrada com festa tradicional na Noruega
Por Da Redação

O livro Anjo Russo, da escritora Zia Stuhaug, tem uma passagem, na página 31, em que ela cita uma festa tradicional norueguesa. Trata-se de Sankthans, uma festa religiosa em memória de João Batista, que foi discípulo e também primo de Jesus.
Como não há relato da data exata do seu aniversário, este é comemorado no dia 23 de junho, à véspera do dia oficial estipulado pelo calendário gregoriano porque, de acordo com suposição bíblica, acredita-se que Jesus nasceu na madrugada do dia 25 de dezembro, e como a Bíblia relata que João Batista nasceu seis meses antes, definiu-se a data 24 de junho.
Mas as tradições em torno da celebração são mais populares do que eclesiásticas, pois o dia está muito próximo do solstício de verão e da celebração pré-cristã do famoso sol da meia-noite. Desde os velhos tempos acreditava-se que a noite de São João ‒ Sankthans ‒ era o dia mais longo do ano, mas hoje é considerado o dia mais longo do verão, ocorrendo normalmente entre os dias 20 ou 21 de junho no hemisfério norte.
Na Noruega recebe o nome de Midtsommeraften, ou solstício de verão. Já o Natal, comemorado seis meses depois, é marcado pelo solstício de inverno, o dia mais curto do ano, que ocorre no hemisfério norte no dia 22 de dezembro. A cor litúrgica que representa este dia é a cor branca, e desde 1771 não é mais considerado feriado nacional na Noruega.
Tradições
Um dos costumes mais comuns do evento é a queima de uma enorme fogueira. Na cidade de Ålesund, considerada a capital mundial do bacalhau, costa oeste da Noruega, é tradição todos os anos montar a fogueira com a união de dezenas de moradores.
Com muitos barris de madeira, caixas e outros materiais inflamáveis, as pessoas vão passando os materiais de mão em mão até chegar no topo, formando uma grande pilha. Pode levar dias para montá-la, e no dia 23 de junho ateia-se fogo àquele monte, transformando-se em uma fogueira de grandes proporções.
Pode render bons momentos, pois o povo se aglomera ao redor do fogo e confraterniza-se com comidas típicas da região. Assar salsichas no fogo e fazer cachorros-quentes são uma boa opção, e a criançada adora. É tradicional também servir arroz doce com manteiga e canela, muitas frutas e carnes defumadas. Assim como ocorre no Brasil, é uma festa junina que não se pode perder.
Crença popular
Tentou-se combater por muitos anos as fogueiras comemorativas, pelo risco de incêndios que poderiam causar. Na Noruega era costume acendê-las não somente na data de São João, mas também para comemorar o Natal, a Páscoa e o dia de Pentecostes. Nas demais datas tais fogueiras foram abolidas, mas no dia de São João ainda permanece como tradição até os dias de hoje. Acredita-se que o fogo poderia espantar bruxas e maus espíritos que rondavam as fazendas e destruíam os gados e plantações.
Outra crença antiga é tentar adivinhar o futuro esposo ou esposa. Os apaixonados queriam saber se o romance daria certo ou não. Então, no dia 23 de junho colocavam de cinco a sete flores diferentes de verão debaixo do travesseiro para sonhar se casariam e se a pessoa poderia ser revelada em sonho.
Acreditava-se também que o clima do dia de São João, Sankthans, era um grande indicador de como o tempo se comportaria no resto do ano. Se chovesse no dia 24 de junho, o resto do ano teria muita chuva.
O dia de Sankthans é comemorado igualmente em outros países do norte da Europa e na Escandinávia, e com a tradição da fogueira mantida.
A comemoração do dia de Sanktshans é tão popular na Noruega que levou um dos artistas mais importantes da história da arte norueguesa, Nikolai Johannes Astrup, a retratar um quadro com o titulo Sankthansbål ‒ Fogueira de São João, em 1921. Astrup é considerado um dos artistas visuais mais importantes da história da arte norueguesa, e fica ao lado de Edvard Munch como pioneiro no desenvolvimento de artes gráficas.
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