EDITORIAL
A capacidade de julgar
Confira o Editorial de hoje do Jornal A TARDE
Por Editorial
O painel de Justiça Racial, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça, favorece o monitoramento de processos, produzindo, em relação necessária de causa e efeito, a expectativa de visibilidade e de transparência, em inequívoca colaboração visando dar maior celeridade às sentenças e punição aos crimes de racismo no Brasil.
A benfazeja iniciativa permite acompanhamento por parte de gestores do Poder Judiciário, magistrados e toda a comunidade das cortes, bem como ajuda cidadãs e cidadãos a exercerem, em contrapartida, a capacidade de julgar o desempenho dos tribunais sustentados com dinheiro público, trocando provisoriamente de lugar com os togados.
Os números divulgados na sexta-feira repercutiram na reportagem de manchete da edição de sábado d’A TARDE, destacando, em análise qualitativa, a “baixa presença negra”, como um fator de relevância na dificuldade de privar racistas do bem da liberdade, revelando-se, à sombra do contexto, a “coincidência” de apenas 13 entre 100 magistrados terem mais melanina.
São 11.620 processos pendentes, dos quais 4.205 feitos deste ano, com expectativa de alcançar mais da metade do total até o final de 2024, resultando em duas boas possibilidades de verdade: a cidadania está mobilizada e acreditando na lei e na ordem; ou as equipes das varas especializadas não precisam atender a esta demanda.
Sabe-se, aplicando o poder da empatia (colocar-se no lugar do outro), a complexidade de um julgamento, acrescentando possíveis subjetividades e intersubjetividades às acusações e defesas, restando aos senhores e senhoras juízas a missão do autocontrole, fiscalizando-se a si próprias, para evitar viés pessoal nos vereditos.
Estado com maior número de descendentes dos sequestrados de África para Salvador, a Bahia tinha mesmo de liderar com 42% do total em tramitação, alertando as equipes de servidores para a importância de pensarem melhores táticas de contribuir a fim de enfrentar o percentual, sem postergação, levando à cadeia quem precisa de castigo.
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