OPINIÃO
A natureza do bem
Confira o editorial do jornal A TARDE desta terça
Por Editorial
A pluralidade, ou o infinito de olhares sobre o Natal, depende da doação de sentido pela consciência humana capaz de interpretá-lo, ao fazer do convívio algo possível, e quem sabe, agradável, tomando a divergência como necessária, pois as pessoas sentem e pensam cada qual do seu jeito e intensidade, desde o ateu ao papa Francisco.
Embora não se tenha certeza se foi mesmo num dia 25 de dezembro o parto de Maria, é possível certificar a origem do bebê em condições precárias, coincidindo o pobrezinho nascido em Belém com uma aura de santidade, criando expectativa do povo sofrido diante da chegada do filho de Deus a fim de salvá-lo da opressão.
Uma interpretação frequente e a mais aceita é a de ter o nazareno vindo ao mundo para ensinar, em suas práticas divinais e virtuosas, o amor e a justiça, apesar de perseguido desde bebê por Herodes, temeroso da mobilização popular em torno da oportunidade de revolucionar as relações dos desassistidos, como hoje.
Desde idade precoce, o menino incentivou ao arrependimento aqueles envolvidos em tramas mesquinhas, persuadindo, mesmo os desprovidos de compaixão, da chance de, a qualquer momento, voltar-se para a divindade suprema, o Todo-Poderoso, pronto a acolher quem urde diabolices extremas de golpes, assassinatos premeditados e todo tipo de pecado mortal e tratarias, ainda uma chaga a ser curada pela fé.
O tipo dócil, compreensivo e amoroso da criança espalhava lições de bem viver, não apenas com as pessoas, mas também os animais não humanos, pois seguia, sem hesitar, o pressuposto de ter sido o Pai, o criador "ex nihilo", ou seja, do nada criou o homem à sua imagem e semelhança, além de gerar todas as criaturas viventes.
Jesus Cristo renova a crença na natureza do bem, tomando como certeza a impossibilidade do mal, pois seria extremo paradoxo sua autoria pelo Senhor, sugerindo, no limite, a privação provisória da harmonia, pronta a ser recuperada para felicidade eterna de quem crê na Ressurreição, quando vencidos a dor e o sofrimento.
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