OPINIÃO
Acarajé: respeito a tradição
Por Ailton Ferreira | Sociólogo

O antropólogo Luís Mott, líder do Grupo Gay da Bahia (GGB), publicou artigo no jornal A TARDE deste sábado (26) onde faz elogios ao "bolinho" de Jesus, defende a sua comercialização por pessoas não caracterizadas pelas indumentárias afro-brasileiras e nos surpreende ao defender que o acará deve ser apreciado pela mão invisível do capital, o determinante para a decisão de compra do acarajé e não a orientação pela tradição cultural. Na sua justificativa, ele tece elogios ao sabor de acarajés comprados em "bibocas" e outros pontos de venda pertencentes a pessoas evangélicas.
Diante da autoridade intelectual do professor, fiquei a me perguntar sobre as coisas tantas que aprendi na querida Faculdade de São Lázaro, onde a tal da mão invisível foi tão criticada e a nossa cultura afro-brasileira foi tão defendida.
Não entendo como um agente político prefere indispor-se com os seus tradicionais aliados.
Não entendo o professor, mas devo cumprir a minha tarefa de defender a tradição afro-brasileira, de somar esforços com a Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras de Mingaus (Abam), que tem cobrado dos órgãos públicos a fiscalização da atividade das baianas, cujo produto principal é o acarajé, patrimônio tombado, depois de estudos antropológicos que basearam a decisão.
O acarajé é comida sacra de Yansã, alimento litúrgico, partilhado com as pessoas que devem usar as roupas afro-brasileiras conforme determina a lei municipal sob a orientação da tradição religiosa de matriz africana, e quem vende ou manipula o acarajé deve, no mínimo, respeitar a religião que reúne uma parte do nosso povo.
ESTE ARTIGO RESPONDE AO DE LUIZ MOTT, PUBLICADO NESTA PÁGINA, NA EDIÇÃO DE SÁBADO, 26.12.2015, QUE PODE SER LIDO NO PORTAL A TARDE: ATARDE.COM.BR/OPINIAO
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