OPINIÃO
Artigo: Valores a cultivar
Por Dom Murilo S.R. Krieger | [email protected]

No dia 5 de junho p.v., o Cardeal Dom Sérgio da Rocha tomará posse como 28º Arcebispo desta Sede Primacial do Brasil. De que forma isso acontecerá é ainda prematuro dizer. Afinal, a pandemia que estamos enfrentando não nos permite fazer afirmações categóricas nem a curto prazo. O certo é que será um início de missão sem precedentes, nos 469 anos de história da Arquidiocese.
Há os que me perguntam: e o seu futuro? Onde o senhor vai morar? Sou religioso da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). Quando o então Papa, hoje S. João Paulo II, me chamou para ser bispo, deixei a vida comunitária na Congregação e fui assumindo novas responsabilidades: Bispo Auxiliar de Florianópolis (1985-1991), Bispo de Ponta Grossa (1991-1997), Arcebispo de Maringá (1997-2002), de Florianópolis (2002-2011) e de Salvador (2011-2020). Tendo atingido a idade limite para estar à frente de uma diocese, voltarei para o meu Instituto.
Morarei em Corupá – SC, um município no norte catarinense, a 65 quilômetros de Joinville, com uma população de 16 mil habitantes. Lá minha Congregação tem um Seminário, onde morei nos primeiros sete anos de formação. Dali poderei sair para servir onde for chamado. Não tendo mais as responsabilidades de uma diocese, poderei me dedicar a pregar retiros, dar palestras, assessorar encontros etc. Quem me conhece sabe que não conseguirei ficar “parado”, embora esse tempo de recolhimento por causa do coronavírus me tem levado a descobrir outras possibilidades de ser útil.
Esse não é nosso último encontro aqui, em A TARDE – jornal que me permitiu entrar em inúmeras casas e não poucos corações. Mas, antes da despedida, quero antecipar três valores que a Arquidiocese de Salvador tem obrigação de cultivar: acolhida, alegria e religiosidade.
Acolhida. “A primeira impressão é a que fica” diz o povo, em sua rica sabedoria. Pois a experiência que vivi ao chegar a Salvador, alguns dias antes de minha posse, só se aprofundou. Que capacidade de acolhida o povo baiano tem! Vocês não são formais, mas espontâneos e verdadeiros. Quem aqui chega, logo se sente em casa.
Alegria. Vocês são alegres por natureza. Essa alegria faz com que mesmo acontecimentos muito simples se transformem em festa. Como é importante cultivar esse sentimento, tão valorizado por Jesus: “Que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15,11)!
Religiosidade. Se há um povo religioso, esse povo é o baiano. Essa religiosidade tem inúmeras e diferentes expressões. Espero que, nesse campo, saibam sempre cultivar o respeito mútuo, em honra daquele que deu nome à cidade – o Salvador, que deu a vida por todos.
Pelo muito que aqui aprendi, muito grato eu sou!
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