EDITORIAL
Desigualdade inaceitável
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
O fato de ser dotado de anatomia diferenciada própria ao sexo biológico masculino serve de molde distintivo de vantagem no ordenado, em hipótese plausível e falseável, portanto científica, formulada a partir de dados do “Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios”, elaborado e divulgado pelo Ministério das Mulheres: as colaboradoras ganham menos de 80% do registrado nos holerites dos homens.
Trocando em moedas ou transferindo pix, não importam os meios de pagamento, são precisamente 20,7% de diferença, desempenhando mesmo cargo, tornando perceptível nos curriculum vitae apresentados às empresas a vantagem do cromossomo Y, beneficiando trabalhadores, enquanto as trabalhadoras são menosprezadas por terem apenas o X.
O trabalho exímio de cotejar os grupos, relegando ao feminino a classificação de “vice”, levou em conta 50.692 empresas com 100 ou mais empregados, permitindo o método indutivo utilizado na pesquisa uma plena confiabilidade devido à escolha meticulosa do universo estudado, servindo cada setor como espelho do mercado, em processo de inclusão iniludível a partir de critérios estabelecidos com rigor.
A ministra Cida Gonçalves, em estado beligerante contra toda e qualquer situação de desconforto no tratamento entre as brasileiras e os brasileiros, aproveitou o Dia Internacional da Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres para anunciar um Plano Nacional prevendo na primeira etapa 79 ações visando remover barreiras rumo à conquista de um “mundo democrático, justo e igualitário”, conforme anunciou.
Nos entes pesquisados, a média masculina chega perto de R$ 5 mil, enquanto a feminina passa de R$ 3.500, ampliando-se o desajuste no recorte da mão de obra das pretas, ao receberem metade dos brancos, disparate inaceitável, quando eram decorridos 136 anos de uma princesa assinar a lei “áurea”, em possível ironia aludindo à abolição mal-ajambrada, como se pode constatar pelo efeito tardio da escravidão.
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