Editorial - Corsários e Famintos
Confira o editorial do Grupo A TARDE deste sábado

O desconforto do estômago vazio atinge a carne de 70 milhões de brasileiras e brasileiros, mas o problema diz respeito a toda a cidadania dotada de consciência com o objetivo de participar e transformar a triste realidade.
Relatório das Nações Unidas ressalta a importância do combate a esta deficiência registrada nos países empobrecidos devido à extração de riquezas pelas superpotências.
Ações como a campanha Bahia Sem Fome alcançam, assim, o estatuto de referência planetária, pois trata-se de imperativo imitável por todas e todos quantas reconheçam a emergência de dar de comer. A iniciativa do governo estadual já entregou 488 toneladas de alimentos, abastecendo perto de 50 mil famílias antes ao desalento por força de inclemente e paulatina desnutrição.
Não é favor qualificar de virtuosa a liderança baiana, com a presença de 100 empresas e a doação de R$ 3 milhões em donativos, marca a ser clonada pelos outros 25 estados e nações sob calamidade. Sabe-se ser este método insuficiente para erradicar esta “pandemia”, mas é o possível a fazer enquanto não raia a aurora risonha da nova humanidade.
A mobilização de recursos, como se aprende nas bancas acadêmicas de ciência política, precisa ganhar tônus a fim de expulsar a chaga inominável, à beira de completar-se o primeiro quartel do século XXI.
A correção da escalada de desequilíbrio, acelerada na invasão do “novo mundo”, África e Ásia, exigiria dos corsários uma coragem e dignidade ausentes no perfil belicoso de vencedores provisórios.
Tem oferecido lições dignas de um Rousseau o presidente Lula, nas viagens ao exterior, denunciando, destemido, a injustiça de um mundo empenado e mau.
Inaceitável o adiamento de uma solução para este cenário sombrio de “mães a sofrerem por seus filhos desassistidos e pais escravizados sem ter o leite e o pão dos seus garantidos”, como retrata, em plena fidedignidade, música da banda Tribo de Jah.