EDITORIAL
Editorial - Racismo cassado
Confira o editorial do Grupo A TARDE desta sexta-feira
Por Editorial
Dois golaços em um só lance caracterizam a cassação do mandato do vereador de prática racista Camilo Cristófaro, pois além de ser cumprida a lei vigente, esta foi aplicada sobre integrante do Poder legislativo, apanhado em flagrante.
Além da vitória ambivalente, o gesto coletivo dos colegas edis implica projetar a multiplicação destas iniciativas de inibir divulgação de conteúdos e atitudes reacionárias por formarem crença em grupo social inferior devido à cor preta.
A decisão é inédita, passados dois séculos de criação da Câmara Municipal da capital paulista, decidindo pela quebra de decoro parlamentar com dilatado placar de 47 votos e cinco abstenções, nenhum voto contra o afastamento.
A quem tem por hábito a espontaneidade e confunde liberdade de expressão com sinal verde para atropelar o respeito e a dignidade de uma etnia, subindo da categoria injúria para calúnia, vale a pena prevenir-se da tecnologia.
Toda a celeuma foi causada por um áudio vazado ao microfone do indigitado, no qual afirma ser “coisa de preto, não lavar calçada...”, associando a falta de asseio no trato do bem público com a melanina mais carregada na epiderme.
A sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito investigava empresas de aplicativo, quando os trabalhos foram interrompidos por conta da frase gerada no microfone do condenado, causando perplexidade geral.
O castigo foi maior porque o autor da infeliz oração ficará encostado ao banco de reservas dos candidatos a um novo mandato, pois não poderá reivindicar uma vaga de titular na Casa do Povo, até o longínquo dezembro de 2032.
A encrenca para o praticante de racismo chega em momento histórico delicado, no qual a análise de narrativas tem sido uma das pautas mais presentes no cotidiano, mesmo entre grupos sem autores ou leituras sobre o tema.
Cidadãs e cidadãos posicionados contra a discriminação entendem ter cometido o parlamentar o erro de um chiste com desdobramento moral indevido porque imprimiu tinta ao estereótipo do negro incompetente e sujo.
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