OPINIÃO
Editorial - Sigilo ou transparência
![Como se tivesse algo a esconder, e sem calar declarações prenhes de desfaçatez, Bolsonaro tem desprezado a prestação de contas](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1190000/1200x720/Artigo-Destaque_01192996_00-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1190000%2FArtigo-Destaque_01192996_00.jpg%3Fxid%3D5413295%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1721475845&xid=5413295)
Sigilo pode ser considerado um valor em casos específicos, como estratégias de concorrência comercial, nas quais não se deve mostrar a tática, mas seu antagônico, a transparência, é condição para o bom relacionamento de um governo e seus cidadãos.
Como se tivesse algo a esconder, e sem esforçar-se para calar declarações prenhes de desfaçatez, Jair Bolsonaro tem desprezado a prestação de contas, algo pertinente ao escopo da função de gestor.
A metáfora de faces de uma mesma moeda cabe para ilustrar o aceite de parte dos brasileiros e representantes das instituições republicanas em geral, de um lado, tendo do outro o chefe do Executivo, ecoando tons sem melodia deste desafinado concerto.
Seria temer errar não admitir como de evidente descaro o fato de o presidente ter utilizado de seu poder emanado por 57 milhões de eleitores para decretar 100 anos de silêncio sobre conteúdos tratados com pastores lobistas.
Pretende o senhor chefe do Executivo propor o pleno conhecimento das malsãs tratativas para os bisnetos ou tataranetos das atuais gerações com previsão de virem à lume as notícias apenas no ano de 2122.
Poderiam os crédulos considerar a proposta uma manifestação jocosa do perfil reconhecidamente espontâneo da pessoa da principal autoridade do Brasil: é preciso esforço para acreditar ser verdade tal disparate.
Não se espera este comportamento de quem persuadiu tanta gente com o desgastado discurso de uma moralidade imbatível, ao proteger possíveis tramas danosas à soberania, supostamente ocorridas em reuniões do Ministério da Educação.
Protegido por setores conservadores das Armas, apoiado por parlamentares agraciados com mimos polpudos, no chamado Centrão, o líder nacional tem ainda em sua defesa fatia considerável do eleitorado, segundo recentes pesquisas.
Sente-se, com este bloco histórico favorável, à vontade para seguir mantendo o breu, receoso de lançar luzes sobre o grande cartel de enigmas registrados desde antes de tomar posse.
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