Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > OPINIÃO
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

OPINIÃO

Emílio Santiago: O meu adeus ao ídolo, amigo e compadre

Por Roberto Sant´anna

21/03/2013 - 21:24 h | Atualizada em 22/03/2013 - 12:46
Emílio Santiago
Emílio Santiago -

Década de 70 e eu estava me arrumando na Cidade Maravilhosa. Fui convidado pelo Presidente da Phonogram (depois Polygram e hoje Universal) amigo André Midani para trabalhar na sua Empresa. Avisei que minha experiência era no campo do teatro e da producão de shows. Nunca tinha feito um disco. O primeiro foi gravado aqui em Salvador nos Estúdios JS (Jorge Santos de saudosa memória) e o artista foi ELOMAR.

Mas eu já estava no Rio e minha obrigação era buscar novos valores para o cast da Polygram.

Fui convidado pelo amigo Dory Caymmi, que ocupava o posto de diretor artístico da boate Preto 22, na Visconde de Pirajá. Ele queria que eu ouvisse o formato de uma nova boate. Verdade. Lá tocava uma big orquestra regida pelo Maestro Cipó, que acompanhava os artistas da noite Alcione, Emílio Santiago e Dá Fé. O proprietário da dita boate era o comunicador Flávio Cavalcanti, que conduzia o seu programa na Rede Tupy intitulado "Um instante Maestro".

Entrei, passei a noite, tomei um porre homérico (whyski grátis) e pude deliciar-me com as vozes de Emílio e Alcione e os requebros na voz do Dá Fé. Dividia como ninguém. Da escola de Jakson do Pandeiro.

Todos foram contratados pelo grupo Phonogram/Polygram. Primeiro Alcione, logo em seguida Emílio para o selo Philips e o Dá Fé depois para o selo Polydor.

Com os discos prontos de Alcione e Emílio, eu pedi à gravadora uma verba para que eu pudesse levá-los por uma tournée pelo norte-nordeste. Assim foi feito. Saimos do Rio e paramos em Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Belém, São Luis, Fortaleza, Recife, Maceió e Salvador. A Polygram tinha um representante em cada capital e organizava as visitas às rádios. Para nos mantermos, fazíamos shows em boates, churrascarias e onde pagasse para podermos nos alimentar. Em Manaus, eu era amigo do Secretário da Cultura o José Joaquim Marinho. Em Belém, contava com o abraço de um advogado chamado Nelito Almeida, que infelizmente a diabetes levou. Em Recife, encontramos com o diretor comercial da Empresa, Sr. Heleno de Oliveira, que estava no aeroporto dos Guararapes nos esperando.

Avisei aos dois artistas que aquele encontro poderia ser a nossa demissão, cancelamento de contrato ou coisa parecida. Tínhamos uma reserva para uma pensão perto do Teatro Santa Isabel. A Pensão Suisso tinha o seguinte slogan: Pensão Suissa sua casa fora de casa. Quando chovia minava água pelas paredes. Tudo muito úmido, vizinho ao Capiberibe. Heleno nos levou para um hotel na Boa Viagem de 5 estrelas. Sentamos na beira da piscina e então ele anunciou que Alcione, com a música "O Surdo", e Emílio, com o pout-pourri de João Bosco chamado "Kid Cavaquinho", dominavam as paradas e as vendas da Polygram.

A sorte nossa mudou. Eles já, por conquista, pertenciam ao cast muito rico de valores da Polygram. Eles já podiam perfilar ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal Costa, Erasmo Carlos e tantos outros.

Continuando a viagem, paramos em Maceió e fomos ciceroneados pelo amigo jornalista Mozart Santos e, enfim, chegamos em Salvador onde o nosso representante e mestre dos grandes vendedores de disco no Brasil, Raimundo Carvalho, nos carregou por todas as rádios e nos colocou no Hotel da Bahia (agora reinaugurado) por ordem expressa da direção da gravadora.

Assim tornei-me produtor, empresário, amigo e até compadre deste monstro sagrado do canto na nossa música popular.

Fico eu aqui saudoso de tudo e de todos. Hoje o marketing e o jabá jamais permitirão uma viagem como essa. Uma aventura de meninos de Deus.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Emílio Santiago
Play

Simplificando a ortografia e o ensino

x