Faxina necessária

A festa da democracia não precisa ser associada à sujeira de muros, postes de iluminação, placas, viadutos, passarelas, pontos de ônibus e equipamentos de mobiliário urbano, ao contrário, a total falta de limites sugere despreparo de candidatas e candidatos - incluindo eleitos.

Nesta perspectiva, se são incapazes de admitir exageros, passados 15 dias da eleição, sem apagarem pichações ou retirarem cartazes de muros, o indício é o de desprezo pelo bem público, sugerindo mais rigor na legislação punitiva, vencida a chance de boa conduta moral.

Diante do mau costume e da segunda falha de não limparem a imundície, cabe admitir, em hipotética medida corretiva, um mutirão de todas e todos, pois envergonha a classe política a cidadania, além de produzir desconfiança nas ações por desapego aos escrúpulos.

Ora, se os postulantes assumem um defeito de tal forma indefensável, assinando com “santinhos” a inequívoca confissão do erro, ao ar livre e sem restrições, como acreditar saberem conter impulsos a portas fechadas e protegidos em grupos de aplicativos?

A figura de paradoxo salta à mente, pois o mesmo sujeito da jura por trabalhar pela limpeza da cidade exibe toda sua contradição, dada a impossibildade lógica de A ser A e B ao mesmo tempo.

O cenário de desprezo, em “mar” de poluição, implica oportunidade investigativa, produzindo a hipótese plausível de criminalidade generalizada, expondo os “sujismundos” à pena de detenção de até um ano, conforme a Lei das Eleições 9.504/1997.

A impunidade, uma vez mais, vai prevalecer, no entanto, ao menos, uma faxina pós-eleitoral poderia reduzir o efeito preocupante de não coincidirem os discursos e a prática, sinalizando a importância de se buscar meios de tentar educar os infratores.

Uma referência a ser copiada em próximo pleito é a do candidato reeleito vereador por Fortaleza, Gabriel Biologia, com mais de 30 mil votos, ao utilizar folhas secas de árvores da capital cearense, unindo a inteligência natural humana à capacidade de inovação e amor ao meio ambiente.