EDITORIAL
O Brasil em jogo
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial

A proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), iniciativa do senador Omar Azis, do PSD, encontra seu encaixe em uma triste “realidade”, na qual as apostas virtuais subtraem as já minguadas rendas de um sem-número de famílias brasileiras, sinalizando erro técnico ou/e moral.
Não se pode levianamente acusar as autoridades de alguma cumplicidade com rentáveis negócios das jogatinas a jorrar parte da arrecadação em taxações, mas é possível trabalhar com a hipótese de incapacidade de prevenir o mal – premeditatium malorum – apesar das evidências.
Por outro viés, deve-se admitir a dificuldade de delimitar a ação dos cassinos, uma vez poderem utilizar da arquitetura horizontal da internet, armando em cada celular uma arapuca a fim de sorver caraminguás de gente ingênua, facilmente entregue à prática viciosa por vocação ancestral.
Não bastasse o serviço ineficiente de fiscalizar o Octopus do azar, não se percebe uma política de combate ao jogo, permitindo-se a “regulamentação” do setor, como se os efeitos não implicassem na imoralidade da sucção de pequenos orçamentos domésticos para locupletarem-se os espertos.
Como uma nódoa avançando sobre a sociedade, a ponto de beneficiários do Bolsa-Família desviarem pix para satisfazerem sua mania, há por acréscimo o portal escancarado de bets e bingos para lavagem de dinheiro por facções criminosas agradecidas pela boa oportunidade.
O perigo de o mau costume passar a exercer força estruturante sobre o convívio já pode ser constatado nos casos de separação de casais, por desvios de conduta, tirando o pobre o dinheiro contado da feira para fazer a “fezinha”, bem como a tendência à anomia da juventude mentalmente capturada.
Além de investigarem os parlamentares as causas e desdobramentos da “epidemia”, cabem às equipes ministeriais envolvidas, como as da Fazenda e do Desenvolvimento Social, examinar prós e contras a fim de verificar com boas razões e argumentos se o povo brasileiro merece servir de presa para infames quadrilhas.
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