EDITORIAL
O lilás e o grená
Confira o Editorial do Jornal A TARDE deste sábado, 25
Por Editorial

A aurora de um novo mundo, no qual o respeito, a compaixão e o amor prevaleçam, lança seus tons lilases de libertação, com o avanço da campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.
A coloração escolhida como intermediária entre a velha dicotomia do azul patriarcal, complementar ao cor-de-rosa da submissão, já está pincelada em 150 países participantes do movimento em favor de um convívio ameno e feliz.
Na mobilização de recursos liderada por ativistas de gênero, envolvem-se, além do poder público, os mais diversos setores da sociedade civil, buscando afinar numa só cítara a harmonia das carícias em vez da dor das agressões.
Hoje, dia 25, é a data escolhida para demarcar este território, simbólico e geopolítico, lembrando o sofrimento das irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana.
O martírio triplo é também o de milhões de outras torturadas, violentadas, agredidas e mortas diariamente, durante séculos, conforme reconhecem as Nações Unidas, mirando para o devir contínuo em busca de um Novo Tempo.
O pacto global não nasceu de obra do acaso ou mandamento divinal, mas veio à luz pela luta organizada de grupos feministas, aprendendo na refrega de cada tática a enfrentar os diversos meios de opressão, dos sutis aos ululantes.
No Brasil, a denúncia da desigualdade é acrescida das cicatrizes deformantes dos corpos das ex-escravizadas e suas herdeiras do legado dos navios tumbeiros – e por isso ocorre a grita juntamente com a Consciência Negra.
O avanço na legislação, como maneira civilizada de combate, bem como a implantação de políticas públicas protetivas, no entanto, têm sido insuficientes para reduzir a vergonha dos feminicídios, além de assédios de todo tipo.
Emerge a importância de financiar projetos visando conter as fúrias, reduzindo a banalização do falso poder da testosterona, a fim de apressar a iluminação no planeta mal-acostumado ao grená do sangue feminino derramado.
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