EDITORIAL
O perigo de ser mulher
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
Uma nova pesquisa, divulgada ontem, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, indica a importância de se continuar buscando meios de proteção das vítimas, pois chega a 85 mil o número de mortas intencionalmente no mundo em 2023; e o mais grave: seis entre cada grupo de 10 “feminicídios” foram de autoria de parceiro íntimo ou outro membro da família.
Os números do estudo produzido pela ONU Mulheres – ente das Nações Unidas voltado para análise qualitativa das questões de gênero – revelam um índice equivalente a 140 mulheres assassinadas todos os dias, ou uma a cada dez minutos. Os países da África detêm as maiores taxas de crimes cometidos em ambiente doméstico entre todos os continentes.
No Brasil, como já se tornou recorrente, pretas e pardas, coincidindo com a dependência financeira em relação aos algozes, constituem maioria dos 21% de ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-amores, conforme dados coligidos em sociedade pelo Instituto Patrícia Galvão e pela empresa Consulting, ao avaliarem percepções e vivências a partir das sensações de medo, ameaça e risco.
O levantamento, viabilizado com apoio do Ministério das Mulheres, graças a uma emenda da deputada federal Luiza Erundina, implica pensar o quanto o temor, um dos sentimentos de maior capacidade de mobilização, tem sido superado pela desconfiança das instituições policiais e judiciárias: das 44% em perigo iminente, 30% prestaram queixa e 17% pediram medida protetiva.
A impunidade é outro fator altamente contributivo no sentido de sentirem-se as mulheres em contexto adverso, pois duas entre cada três entrevistadas não acreditam na aplicação da lei, embora o Brasil seja uma referência mundial, desde a elaboração da figura jurídica do “feminicídio”, implicando a autoria dos atentados por motivação erótica ou de algum tipo de relacionamento com homens violentos.
A proporção cai para uma entre cada cinco, ao responderem sim à possibilidade da punição de cadeia para os meliantes.
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