OPINIÃO
O poder feminino
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
O Nordeste é a região a ser copiada e seguida se o Brasil deseja, um dia, alcançar a paridade de gênero nos cargos de secretarias de governos municipais e estaduais, como verificou-se em Natal e três estados, Alagoas, Pernambuco e Ceará, no período entre novembro de 2023 e março de 2024, quando um recenseamento produzido por cinco institutos independentes avaliou os perfis de 1.234 órgãos públicos brasileiros.
A estatística aponta 28% dos cargos de secretariado ocupados por mulheres, embora 61% delas ocupem postos na base da pirâmide do funcionalismo, revelando maior dificuldade de ascensão e ainda assim, quando ocorre, a concentração feminina se dá em áreas como assistência social, saúde e educação, mantendo-se o privilégio dos homens em tecnologia, matemática e engenharia, reforçando o resistente estereótipo.
Os exemplos nordestinos de tendência para tratamento equitativo das secretárias e secretários, no entanto, podem também serem interpretados como gratas exceções, pois a regra é prioridade para os portadores de testosterona:em 20 entes federativos estatais entre os 26 e mais o Distrito Federal, em proporção aquém do patamar dos 30% de gestoras, chegando a 16 a quantidade de capitais nas quais elas ficam abaixo deste percentual.
A análise qualitativa do painel indica a necessidade de buscar meios para acelerar a busca do equilíbrio entre os sexos no poder, entre os quais, sugestões de legislação visando métodos de distribuir os cargos, preferencialmente agregando valores como “competência” e “afinidade com o setor”, presentes na formação de redes de apoio para partilha de desafios e boas práticas.
Uma segunda etapa do censo vai acrescentar dados sobre trabalho doméstico e violência relacionada a gênero e raça, possivelmente no sentido de referendar restrições já observadas nesta atual divulgação sobre o setor público, pois os números beiram aos 60% de brancas exercendo a função de secretária, enquanto autodeclaradas pretas, pardas, indígenas e amarelas constituem minoria.
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