EDITORIAL
Política ou pugilato?
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
A arte da política, tida como a mais relevante nos primórdios da civilização, por tratar de decisões relacionadas ao bem comum das primeiras cidades – as polis –, vem sendo rebaixada a trocas de insultos, agressão a cadeiradas, boxe sem regras e casos extremos de assassinatos de candidatos, justificando a voz firme da presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, a fim de conter os impulsos.
O ‘pito’ público da ilustre magistrada tem o efeito de proteger o eleitorado, já agredido pela absurda polarização entre tendências partidárias, assemelhando-se a guerra entre fanáticos torcedores, em flagrante fragilidade da democracia, adoecida com a falta de vontade para a troca de razões a dois (di-álogo), reduzindo a oportunidade de debates a estéreis acusações mal calçadas em argumentos falaciosos.
Não bastasse o uso insistente da figura de “petição de princípio” – quando se toma a hipótese como comprovação prévia de “verdades” –, os pleiteantes a cargos públicos “ofendem a civilidade”, nas palavras da renomada liderança do Poder Judiciário, pedindo aos “pugilistas” darem-se ao respeito, e às agremiações partidárias, tomarem devida “tenência”.
Louvável, in totum, a iniciativa, em missão pacifista, servindo a narrativa da autoridade de alerta para contexto atual de despreparo, descompostura e desrespeito, não apenas mutuamente entre os competidores, mas contra a sociedade, a qual dizem querer representar, amparando-se o arrazoado da jurisconsulta em animadora utopia – projeto de construção de sentido, não importa se de resultado inalcançável.
A violência pode ser interpretada como sintoma em possível diagnóstico de crise sistêmica, uma vez não caber no regime das urnas, o modus operandi em declínio, solicitando reinvenção, ao constatar-se o desalento geral da falta de apetite da cidadania, mesmo a engajada, para lidar com a representação em parlamentos, produzindo uma grita por ampla reforma, sem perderem-se os fundamentos do bom convívio entre divergentes.
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