POLÍTICA
ACM Neto se reúne com categoria sobre fim das atividades da Petrobras na Bahia
Por Bruno Luiz Santos | Foto: Joá Souza | Ag. A TARDE

Um ato realizado nesta segunda-feira, 23, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) reuniu parlamentares, prefeitos, petroleiros e entidades da sociedade civil organizada contra o encerramento das atividades da Petrobras na Bahia.
A mobilização é uma reação a comunicados que a empresa teria feito a funcionários sobre o fechamento da chamada Torre Pituba, sede da estatal no estado, e a desativação de outras operações no estado.
De acordo com o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), 1,5 mil funcionários concursados que trabalham na torre seriam imediatamente transferidos para São Paulo, Rio de Janeiro ou Espírito Santo. Outros mais de 2 mil terceirizados seriam demitidos. Na Bahia, a Petrobrás emprega 4 mil servidores e 13 mil terceirizados. A incerteza sobre o que seria feito com grande parte deles preocupa a categoria.
Reação
Diretor do sindicato e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar chama a decisão da Petrobras de "absurdo", ao relembrar o fato de que, na Bahia, foi encontrado o primeiro poço de petróleo do Brasil, em janeiro de 1939, no bairro do Lobato, em Salvador. Ele alerta que a desativação da Torre Pituba vai trazer um impacto "devastador" para a economia da capital baiana.
"Essa massa de trabalhadores, que tem um salário razoável, vai deixar de consumir aqui. Esse impacto para ser revertido é impossível", lamenta. Além disso, o fim das atividades pode aumentar a taxa de desemprego no estado e reduzir a arrecadação de impostos como o ICMS.
Deyvid denuncia também que o calendário para a desativação da sede, prevista para conclusão até março do ano que vem, está sendo adiantado pela Petrobras, que já estaria realizando as primeiras transferências.
Nesta segunda, representantes do Sindipetro se reuniram com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), para pedir a ele que articule junto ao governo federal a permanência da empresa no estado. Para A TARDE, Neto disse ser contra o fechamento da estatal e que vai atuar para abrir canal de diálogo com a União e a Petrobras.
"Me coloquei à disposição para colaborar junto à bancada de deputados federais, reforçando esse diálogo e tentando sensibilizar o governo e a Petrobras no sentido de reavaliar essa decisão de fechar as portas na Bahia", afirma. No último dia 16, um grupo de dirigentes do sindicato e da FUP também se reuniu com governadores da região Nordeste, entre eles o da Bahia, Rui Costa (PT), em um encontro do Consórcio Nordeste em Natal (RN).
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) diz que vai pedir ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), junto com a bancada baiana na Casa, uma posição institucional contra o fechamento. Ele alfinetou parlamentares baianos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PSL): "Precisamos ouvir essas vozes que estão caladas", declarou o senador.
Presidente da Alba, Nelson Leal (PP), anunciou que a Casa vai criar hoje uma frente parlamentar para defender a permanência da petroleira em solo baiano. "É importantíssimo que a Petrobras permaneça aqui, não apenas pelos postos de trabalhos, mas pela importância que tem para a economia baiana", defende.
Empresa
Em nota, a Petrobras informou que o edifício tem taxa de ocupação de 20% e elevados custos de aluguel e manutenção. Disse também que sua possível desativação atende uma "estratégia de redução de custos em todos os seus processos e atividades". A empresa informou, ainda, que não necessariamente fará transferência de servidores para outros estados e negou a possibilidade de demissão em massa de tercerizados.
O fechamento da Torre Pituba faz parte uma série de ações de encerramento de atividades no estado. A Petrobras já anunciou a venda de unidades como a Refinaria Landulpho Alves (RLM), Transpetro, Biodiesel, além de alguns campos terrestres, termoelétricas e o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen). Apenas o fim da RLAM deve provocar a demissão de 900 concursados, segundo o Sindipetro-BA.
Ato
A mobilização teve a presença de nomes como o senador Jaques Wagner (PT), do deputado federal Nelson Pelegrino e do presidente da Alba, Nelson Leal. Prefeitos e representantes de dez municípios também participaram.
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