ENTREVISTA | CLÁUDIO CUNHA
“Casa própria segue entre os principais sonhos do brasileiro"
Presidente da Ademi-BA comemora os resultados obtidos pelo setor em 2021
O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (ADEMI-BA), Cláudio Cunha, comemora os resultados obtidos pelo setor em 2021. De acordo com ele, “tivemos um crescimento de 32% em Salvador e 17% na Bahia”. Segundo explicou, o mercado continua aquecido pois “a compra do imóvel sempre é um desejo de todos nós”, já que “a casa própria continua sendo um dos principais sonhos do brasileiro”. E mais, o dirigente aproveitou para falar da expectativa para o mercado imobiliário com a construção da ponte Salvador-Itaparica. Confira:
Cláudio, estamos em uma nova fase da pandemia, em que a vida dá sinais de que começa a voltar ao normal. Que avaliação você faz da crise de saúde pública e do impacto sobre o mercado imobiliário?
A crise provocada pela endemia que se transformou em uma pandemia foi um momento de muita insegurança e incerteza para todos. E no mercado imobiliário, os seis primeiros meses foram realmente meses de muita inquietação e muita preocupação. Nossa entidade, junto com seus associados, procurou nesse momento pesquisar sobre a pandemia, o que estava sendo feito no mundo, de que forma as empresas também estavam se comportando, principalmente as empresas de construção civil e mercado imobiliário pelo mundo. E investimos muito em pesquisa para também saber como estava o comportamento das pessoas, de que forma elas estavam vivenciando aquele momento de isolamento social, de reclusão, dentro dos seus imóveis. E aí sim pudemos, a partir dali, entender o novo significado do morar, aquilo que era importante para todos que estavam dentro de suas casas, de seus imóveis, e o que é que eles ansiavam naquele momento que poderia perdurar depois com a nova pesquisa que nós fizemos, porque as pessoas realmente ainda consideram imprescindível para se ter no imóvel. A partir daí, passamos a fazer o nosso dever de casa, reinvestimos internamente nas nossas empresas, passando para elas todos os resultados dessas pesquisas, inclusive multidisciplinares. E isso serviu de guia para que a gente pudesse adequar os nossos empreendimentos que estavam em lançamento, em comercialização, e que servissem de parâmetro para os novos lançamentos. O que foi feito e que vimos aí um início de recuperação já no segundo semestre do ano de 2020.
Na pandemia, percebemos o crescimento de vendas de casas, de segundas residências, e vimos o mercado imobiliário aquecido. Essa tendência se mantém, Cláudio?
Essa tendência do mercado aquecido se mantém. Nós tivemos sim um ano de 2020, como eu disse, no segundo semestre bom; um ano de 2021 excelente, com um crescimento em Salvador de 32% e no estado da Bahia de 17%. Tivemos determinadas regiões que se destacaram, como o Litoral Norte, algumas cidades do interior, da Chapada Diamantina. Isso também traduzindo aquele momento que todos nós estávamos passando, em que queríamos buscar um convívio maior, mais espaço para nossos filhos, mais espaço para nossos pets, mais espaço também para que a gente pudesse desenvolver nossas atividades com o advento do home office, com o apoio imprescindível da tecnologia. Isso fez com que o mercado tivesse uma grande movimentação. Inclusive, com pessoas que moravam em outro estado e passaram a morar no estado da Bahia, principalmente na cidade de Salvador e na nossa região metropolitana, fazendo assim com que o mercado imobiliário tivesse também um crescimento nesse segmento de vendas.
Durante muito tempo o mercado imobiliário sofreu impactos, várias crises, e retraiu aqui na Bahia. Faltava segurança jurídica em muitas dessas vezes. O ambiente hoje é mais propício para quem compra e para quem vende?
Sim. O mercado imobiliário tem três grandes pilares. A taxa de juros, inflação com crescimento econômico e controle, e a segurança jurídica. Então, só assim você traz a segurança para o incorporador que está fazendo investimento e correndo risco do negócio, você traz segurança para as pessoas que buscam um imóvel, fazendo com que o mercado tenha uma concorrência saudável e equilibrada. Então, a segurança jurídica hoje nós temos. Tivemos ao longo desses anos alguns aperfeiçoamentos das nossas legislações, como a lei da incorporação, como a necessidade do registro da incorporação, inclusive com a campanha educativa que a Ademi fez para toda a sociedade, mostrando a importância e o porquê da necessidade do registro da incorporação para que uma empresa possa comercializar seus empreendimentos e seus imóveis. E tivemos aí também a partir do início de 2020 uma redução significativa das taxas de juros que permitiu que mais pessoas tivessem acesso ao crédito, e também um maior valor para a obtenção de crédito.
A gente sabe que a instabilidade, sobretudo num ano eleitoral, e os próprios juros elevados acabam gerando impactos negativos sobre o setor. Esse é um cenário que preocupa?
O ano de eleição sempre é um ano que se inicia com cautela. Sempre o primeiro trimestre já é um período ainda de férias de verão, de carnaval. A gente sabe que nossa cidade, principalmente, uma cidade litorânea, a cidade da música, as atividades realmente só deslancham, a vida da cidade realmente volta com mais força após o carnaval. E a gente sabe que com o advento da eleição a gente tem ainda os momentos de incerteza, onde todos procuram ouvir as mensagens, ouvir os projetos dos candidatos para que possam tomar suas decisões. Nosso primeiro trimestre está praticamente igual ao ano de 2021, com a perspectiva de crescimento para o segundo semestre desse ano ainda.
O que você considera ser o maior gargalo hoje para o crescimento e o fortalecimento do mercado imobiliário? Já que o sonho da casa própria é um sonho que com certeza permeia a cabeça de todos os brasileiros?
A compra do imóvel sempre é um desejo de todos nós. Ter o nosso lar, ter o nosso teto, trazendo segurança para toda a família e para todos nós. E também sempre sendo uma alternativa de investimento em períodos em que possa existir uma volatilidade na economia, principalmente nos investimentos de renda variável e de risco, e também em um ano em que você tenha algumas incertezas. Então, a compra do imóvel sempre é segura, sempre traz um resultado e um ganho para as pessoas que investem no mercado imobiliário. Então, isso também faz com que o mercado permaneça, ainda com todos esses momentos que nós vivemos, dentro do nosso desejo e da nossa vontade de adquirir o imóvel. A gente vê os dados das pesquisas que mostram que 42% da nossa população quer adquirir um imóvel até o ano de 2023, entre 2023 e 2024. Então, isso demonstra que o mercado imobiliário tem uma projeção de crescimento ao longo desses anos que nós acreditamos ser a partir do segundo semestre do ano de 2022.
Com esse crescimento do mercado e as pesquisas que vocês fazem para poder balizar as ações do setor, o que é que temos de tendência no mercado baiano?
O mercado imobiliário, você acabou de citar, em 90% do mercado imobiliário, as empresas que atuam nele são associadas à Ademi, a entidade de classe privada. E você tem cada empresa trabalhando em um nicho de mercado. Então você tem empresas que trabalham com habitação de interesse social, nós temos as empresas que trabalham focadas na classe média, temos as empresas que trabalham com os empreendimentos de alto luxo, e aquelas empresas que também trabalham com imóveis que nós chamamos de mais voltadas para o investidor. Então, nós temos aí e verificamos muito até as empresas, vendo os atributos da nossa cidade, do momento que a gente está, vendo o início da recuperação do crescimento do nosso turismo, vemos empreendimentos que têm sido voltados para esse público, em bairros tradicionais como a Barra, Graça, Imbuí. Onde as pessoas hoje têm acesso a todas as atividades que são importantes para a nossa convivência. Sejam elas voltadas para o turismo, sejam elas voltadas para o lazer, para o trabalho, e com possibilidade de mobilidade muito fácil, próximas a estação de metrô, do BRT, e do ônibus como transporte público. Então, a gente tem essa variedade. Os imóveis que sempre se destacam são imóveis que nós chamamos de imóveis de entrada, que atingem mais o público que está iniciando sua compra de imóvel e sua família, que são imóveis de 2 e 3 quartos.
Conversamos há um ano e falamos sobre as expectativas e os impactos que a ponte Salvador-Itaparica pode gerar sobre o mercado imobiliário. É possível falar já do desenvolvimento imobiliário da Baía de Todos os Santos?
A gente tem a Ilha de Itaparica já com uma quantidade de pessoas que já trabalham em Salvador e moram lá. Lógico que com o advento da ponte, isso vai trazer uma ligação não só para a Ilha que está mais próxima aqui do nosso continente, mas também para todo o interior, toda a região sul. Porque você vai encurtar o trajeto para Salvador, na realidade ela está fazendo uma ligação da nossa cidade com as outras do interior que estão mais próximas. Então, a ponte tem esse papel também de desenvolvimento das outras cidades, e a Ilha por estar mais próxima, que sempre se destacou como centro de veraneio, como foi o nosso Litoral Norte, pode passar a ser o local de residência fixa da nossa população.
A gente está em uma semana importante para a Ademi e para o mercado imobiliário, que é o 25º Prêmio que vai ser realizado no próximo dia 02. O que esperar dessa premiação?
O prêmio vai para sua 25ª edição. São 27 anos que o Prêmio Ademi foi criado, tivemos dois anos sem poder realizar por conta também da pandemia. E ele vem coroar tudo que foi feito por nossas empresas, por nossos associados, seja nos seus lançamentos imobiliários, seja no trabalho das empresas que disputam como empresa do ano, como empresa revelação, habitação de interesse social, lançamentos imobiliários, bem como também todos que fazem parte do mercado, com as imobiliárias, os escritórios de advocacia, agência de publicidade, os fornecedores, e os veículos de comunicação. Nós sabemos que o mercado imobiliário é um dos maiores geradores de emprego, e um dos maiores geradores de renda e de arrecadação para o poder público, principalmente nos municípios do nosso estado. A gente quer mostrar agora exatamente os benefícios que o mercado faz ao transformar a vida das pessoas e as cidades onde nós fazemos os nossos empreendimentos.
Tirando Salvador, que é o principal foco do mercado imobiliário, tem algumas regiões na Bahia que têm mostrado um sinal de crescimento muito grande. Que regiões você destacaria?
O Litoral Norte óbvio que se destacou mais, a região de Camaçari, com grande destaque, além de Esplanada, mas nós tivemos Ilhéus com um crescimento fantástico, Feira de Santana também com um crescimento muito grande. Parte da Chapada Diamantina também com um crescimento bastante significativo, a região de Juazeiro também. A gente começa a ver um crescimento das nossas principais cidades do interior, o que também faz com que a gente comece a transformar essas regiões. A gente sabe que o mercado imobiliário sempre traz também novos investimentos, sejam eles em educação, na parte do comércio com novas lojas, shoppings, hospitais, clínicas, prédios comerciais. Então, o mercado imobiliário também tem esse grande potencial de desenvolver e levar mais conforto nas regiões onde ele atua.
Depois de dois anos sem o presencial, a expectativa é que esse ano tenha o Feirão do Imobiliário para justamente mostrar esse momento de força do mercado. Qual a sua expectativa e o que tem de planejamento para isso?
A Ademi está preparada esse ano para o Prêmio Ademi. Nós realizaremos nosso Fórum de Sustentabilidade também, já tradicional no calendário da Ademi. Teremos as comemorações dos 47 anos da Ademi no mês de agosto. E no mês de outubro nós faremos o nosso Salão Imobiliário, onde a Ademi é a única entidade de classe que nunca deixou de realizar o Salão Imobiliário. São mais de 10 anos consecutivos, mesmo durante o período da pandemia nós realizamos o Salão Imobiliário, lógico que de forma também remota, que foi importante e foi o desenvolvimento e a aceleração que nossas empresas fizeram nos processos de digitalização, seja para apresentar seus empreendimentos, para comercializar, e fazer inclusive as assinaturas do contrato de forma remota. E encerraremos o ano com a nossa convenção anual, esse ano será a 32ª convenção também da Ademi, onde nós teremos o fórum de líderes do mercado imobiliário do Norte-Nordeste, trazendo palestras e temas interessantes do setor, e teremos também nossa confraternização de fim de ano, encerrando assim as atividades da Ademi do ano de 2022.
Até porque a casa própria continua sendo um dos principais sonhos do brasileiro, como a gente falou.
Exatamente. A casa própria continua sendo um dos principais sonhos do brasileiro.
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