ENTREVISTA
“Eu não estava em uma viagem de férias”, diz Jean Wyllys sobre exílio
Após mais de 4 anos no exílio, ex-deputado federal retorna ao Brasil sob garantia de proteção do governo
Por Lula Bonfim
O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) está de volta ao Brasil depois de quatro anos e meio no exílio. O jornalista baiano deixou o país em janeiro de 2019, sob diversas ameaças de morte, e retornou no final de junho, no mesmo dia em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi declarado inelegível. A volta foi a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que garantiu sua proteção em território brasileiro.
Nascido em Alagoinhas, no nordeste do estado, e formado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, Jean deve assumir um posto de assessor especial, na área de planejamento, na Secretaria de Comunicação Social do governo Lula. Com o novo cargo, o ex-deputado espera voltar a contribuir na vida pública nacional.
Em entrevista exclusiva ao portal A TARDE, Jean falou sobre seus mais de quatro anos fora do Brasil, analisou o período do país sob o governo bolsonarista, justificou sua mudança partidária — saindo do PSOL para o PT — e comentou sobre os caminhos que a Bahia e demais estados brasileiros devem tomar para combater a violência.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Você já falou muitas vezes sobre os motivos que te levaram a deixar o Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro. Como foi a sua vida fora do país e como você enxergou o que se passou no país nos últimos quatro anos?
A minha vida no exílio foi uma vida difícil, mas que exigiu de mim uma transformação e uma reinvenção de mim, para me inserir na cena política e cultural do país que eu estava vivendo. Eu passei por três países: pela Alemanha, pelos Estados Unidos e depois pela Espanha, em Barcelona. Exigiu me reinventar como pessoal e como intelectual público. Nesses quatro anos de exílio, além de trabalhar nas coisas que eu sempre trabalhei — como palestras, textos e jornalismo —, eu tinha uma bolsa para o meu doutorado e comecei a desenvolver meu trabalho em arte visual, que teve muito resultado. Então, por um lado foi muito duro e, por outro, exigiu de mim uma transformação.
Agora, eu não passei quatro anos e meio fora porque eu quis. É importante dizer isso porque, cada vez que eu ouço, por parte de alguém da imprensa, se referir ao meu exílio, ao de Márcia Tiburi, ao de Débora Diniz e de outros tantos que fomos obrigados ao exílio por causa de ameaça de morte, assédio moral e assassinato de reputação aqui neste país, falar em supostas ameaças ou em autoexílio, alguma coisa dentro de mim morre em relação ao jornalismo. Porque, contra fatos, não há argumentos. O jornalismo não pode transformar fatos em versões. As ameaças contra mim são fatos. Não são supostas ameaças. Eu fiz 17 denúncias à Polícia Federal e a imprensa pode ter acesso quando ela quiser. A imprensa pode ter acesso ao relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA [Organização dos Estados Americanos], que exige do Estado brasileiro uma medida cautelar, por causa das ameaças contra mim. Eu não fui para fora porque eu quis. Eu não estava em uma viagem de férias. Eu estava exilado, porque estava correndo risco de morte aqui. Eu e minha família. E, justamente para proteger a minha família, eu tive que ir ao exílio. Abandonei um mandato em um país em que ninguém abandona um mandato.
Você ainda é ameaçado no Brasil? O que mudou nesse sentido para que você decidisse voltar?
Mudou que o presidente Lula ganhou as eleições, mudou que o ministro da Justiça é Flávio Dino, mudou que está havendo uma depuração das instituições democráticas que foram cooptadas pelo fascismo. Instituições como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Ministério Público Federal e as polícias militares. Principalmente essas instituições responsáveis pela segurança pública estavam contaminadas e sequestradas por essa ideologia fascista. Nós sabemos o quanto de medo foi imposto à sociedade brasileira nesses últimos quatro anos. A gente sabe o quanto as artes foram prejudicadas. Aliás, a própria destruição do Ministério da Cultura era prova de que essas pessoas estavam sob risco. Agora, mudou isso. Temos um ministro como Flávio Dino disposto a fazer essa depuração, temos um Ministério de Direitos Humanos que reconheceu o nosso status de exilados, que nos incluiu no programa de proteção de defensores de direitos humanos e o próprio ar do país passou a ser mais respirável quando Lula venceu as eleições.
Claro, Lula venceu com uma margem pequena em relação ao bolsonarismo. Isso significa, portanto, que o bolsonarismo está desidratando, mas não desapareceu. Bolsonaro se tornou inelegível, por coincidência no dia em que eu cheguei [ao Brasil]. E o presidente Lula garantiu para mim as condições para que eu voltasse ao país. Quando ele me convidou para voltar e colaborar com o governo, ele disse que eu teria as garantias para viver no país, exercitar minhas habilidades e competências, fazer meu trabalho político, intelectual e artístico, sem medo de ser ameaçado. Diante disso, eu decidi voltar. E decidi voltar também porque eu já estava há quatro anos e meses fora, sem ver minha mãe e meus irmãos, e eu não via porque seguir lá, já que a gente está em um momento de retomada da democracia e de fortalecer as instituições democráticas. Eu acredito que é também a minha responsabilidade fortalecer esse movimento. Meu retorno, o de Márcia, o de Débora e o de outros tantos que estão para retornar só vêm somar e fortalecer essa democracia depois de quatro anos, porque ela foi sequestrada pela extrema direita.
Mas você segue sendo ameaçado?
Da maneira como eu era ameaçado quando saí daqui, não sou. Quando eu saí daqui, eu tinha ameaças no telefone do meu gabinete, no telefone da minha casa, no meu aparelho celular, nos meus e-mails da Câmara e no pessoal e nos e-mails da minha família. Era um nível muito mais “hard” de ameaça e Marielle Franco acabava de ser assassinada em 2018. Se comparar 2018 e hoje, as ameaças que ainda chegam por e-mail e através das minhas mídias sociais diminuíram muito. Mas eu ainda sigo recebendo e-mails com ameaças ou comentários em minhas mídias sociais com gente me ameaçando.
Como eu disse, eu estou dentro do programa de proteção aos defensores de Direitos Humanos. Eu estou sob os olhos de organismos internacionais, que estão acompanhando meu caso, que sabem que eu retornei do exílio e, portanto, estão acompanhando como o governo Lula vai tratar a questão dos exilados, se as pessoas exiladas terão mesmo condição de desenvolver seus trabalhos e se essas pessoas estão em segurança.
Você revelou recentemente que foi convidado pelo presidente Lula a retornar ao Brasil e assumir um posto na comunicação do governo federal. Você já sabe qual será esse posto? E como você espera contribuir?
Eu, provavelmente, vou ser um assessor especial do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação do governo. Nessa área, que é a minha área e que é muito interdisciplinar e interseccional. Eu sou formado em Comunicação, jornalista com anos de carreira, mas sou um cara que entende e trabalha com mídias sociais. Fui um dos primeiros políticos a entrar nas mídias e utilizar as novas tecnologias da comunicação para fins de educação política e informação política. E estou concluindo meu doutorado, escrevendo minha tese de Ciência Política, em que o objeto de estudo é justamente o processo de desinformação que aconteceu no Brasil entre 2016 e 2018. Ou seja: a ascensão da extrema direita nesse período e os métodos utilizados por essa extrema direita para ascender e se tornar hegemônica. É por causa dessa minha formação em comunicação e o fato de eu transitar por outras áreas e temas, fazendo essa interseccionalidade, que eu vou ocupar esse lugar na Secretaria de Comunicação.
Como é que você tem acompanhado o debate sobre sobre a lei das fake news, com um embate entre a classe política e as big techs?
Esse embate não se dá só no Brasil. Em todos os países do mundo democrático, há, em curso, um debate sobre como regulamentar a atuação das big techs ou das plataformas. As plataformas de comunicação viraram algo que Pierre Lévy, filósofo francês que se dedica há mais de 30 anos ao estudo das novas tecnologias, chama de estados-plataformas, que se comportam acima dos estados-nações e que querem impor a esses estados-nações as suas diretrizes e os seus algoritmos — ou seja: a sua forma de extrair informações, transformá-las em commodity e a sua maneira de dirigir aos usuários as suas ideias. E essa maneira como as big techs têm operado tem interferido bastante em processos eleitorais e decisórios, com graves consequências para a democracia em distintos países. Não é um problema só do Brasil. A democracia está ameaçada na Hungria, na Polônia, na Turquia, na Nicarágua, nos Estados Unidos principalmente e na Rússia — Putin e seu modelo de comunicação política baseado haters e bots, que disseminam desinformação, têm uma certa cumplicidade das plataformas.
O trabalho dessa Lei das Fake news é criar os termos dessa regulamentação, colocar algum limite na atuação dessas plataformas, que proteja a privacidade e a neutralidade na rede. É preciso impedir esse capitalismo de vigilância, esse capitalismo de extração permanente de extração dos nossos dados e informações para um uso não só mercadológico, mas também político. Não é uma batalha fácil, porque tem parlamentares que, por um lado desconhecem o tema e agem, portanto, a partir do senso comum. E tem parlamentares que estão cooptados pelas big techs. Existem inclusive políticos de muita expressão que estão fazendo lobby para essas big techs dentro da Câmara dos Deputados. Então não é uma batalha fácil de ser travada. Porque, como Pierre Lévy aponta, essas plataformas estão acima dos estados-nações e os estados-nações estão buscando sua soberania frente a esses conglomerados de mídia.
Como é que você avalia o cenário da pesquisa e do pesquisador hoje no Brasil? O que você avalia que pode mudar daqui para frente?
Os anos de Bolsonaro foram anos de negação da ciência. E não só porque Bolsonaro sabotou a chegada da vacina contra a Covid para a população brasileira ou porque ele empurrou um remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19 — que foi a cloroquina —, levando a mortes por causa disso. O governo Bolsonaro negou a ciência porque também perseguiu de maneira sistemática as universidades, criminalizou os professores universitários, reduziu os recursos para ciência e tecnologia, para as pesquisas. As universidades estão assentadas sobre o tripé ensino, extensão e pesquisa, então elas não apenas ensinam, mas também desenvolvem pesquisa, fazem iniciação científica. As grandes descobertas feitas no campo da ciência são das universidades públicas, principalmente as federais. E as universidades buscam, de certa forma, socializar esse conhecimento através de seus programas de extensão. O governo Bolsonaro foi uma desgraça para isso.
O governo Lula, portanto, está fazendo uma retomada da ciência. No Ministério da Saúde, com a recuperação do programa de vacinação — e aí o ministério está enfrentando um nível de desinformação, das campanhas antivax, contrárias à vacina. O governo Lula também volta a investir no Ministério de Ciência e Tecnologia e também a investir nas universidades. Isso é importante. Não há país que queira ser um player internacional — sobretudo um país como o Brasil, que é uma das principais economias do mundo e lidera um bloco da geopolítica que é a América Latina — não pode deixar de investir em ciência e em tecnologia. E isso, é claro, significa investir em educação. Tem toda uma batalha desse governo para investir em uma educação libertadora, que permita aos sujeitos terem uma consciência crítica, se defenderem a mentira da propaganda, poderem lidar com o mundo digital com um maior know-how, poderem distinguir o que é mentira do que é informação. Porque todos nós fomos arrastados para a cultura digital, mas nem todos nós temos as habilidades e competências para lidar com o mundo digital. E, portanto, há tanto engano, tanta mentira, tanta manipulação, tanta gente acreditando em fake news e tantas reputações sendo assassinadas. As pessoas não estavam preparadas para lidar com essa cultura digital e por isso temos esse modelo de comunicação da extrema direita dando certo, sempre com a cumplicidade dos algoritmos.
Recentemente, diversos quadros que foram históricos no PSOL, como você e o presidente da Embratur Marcelo Freixo, deixaram o partido e agora estão no PT. Por qual motivo você acha que o PSOL tem perdido esses quadros? O que mudou no partido e na política?
O que mudou no partido, eu não sei responder. A minha decisão não tem nada a ver com qualquer rusga ou crítica ao PSOL. Tenho excelente relação com o PSOL. Foi uma desfiliação consensual. Eu não briguei com o PSOL. Eu fui o primeiro a iniciar esse movimento de desfiliação do partido original para se filiar ao PT porque nós precisávamos fortalecer a figura de Lula — porque era a única que nós tínhamos — contra o fascismo, que estava vigorando no Brasil. Não havia outro candidato à esquerda que pudesse enfrentar Bolsonaro e toda a máquina de propaganda construída com dinheiro público ao seu entorno. Não havia outro candidato capaz de desmontar o desenho do governo Bolsonaro, que foi mais militar do que os governos da ditadura militar.
O meu movimento foi um movimento em favor de Lula. Quando eu estava no exílio e recebi a notícia de que Lula foi solto, seus direitos políticos foram devolvidos, sua inocência foi reconhecida e a Lava Jato começou a ser desmoralizada e reduzida ao que ela é — um movimento político de extrema direita dentro do Judiciário e do Ministério Público, uma espécie de organização criminosa cujo objetivo era destruir o PT e impedir a eleição de Lula a qualquer momento —, eu vi aí o único horizonte possível para a gente vencer a extrema direita: era fortalecer a figura de Lula.
Durante um tempo, ele se tornou uma figura radioativa por causa da mentira e da desinformação, que não eram perpetradas só pelos sites apócrifos e pelos influencers da extrema direita alunos do falecido Olavo de Carvalho. Eram perpetradas também pela imprensa dita séria, dita profissional, que eu chamo de imprensa liberal, que colaborou muito para construir no imaginário da população a mentira de que Lula era um corrupto, um ladrão, e que o PT tinha feito o maior esquema de corrupção da história. Essa narrativa é mistificadora, não corresponde à verdade e ela nega inclusive os fatos, de que o Brasil, antes do PT, sempre foi eivado de corrupção. E essa corrupção está ligada ao fato de que a política e a economia no Brasil estão tomadas pela classe dominante, que são os mais ricos. A corrupção no Congresso Nacional é endêmica, é histórica e antecipa — e muito — a existência do próprio PT. Foi uma campanha difamatória perpetrada também pela imprensa liberal, que nunca viu com bons olhos a eleição de Lula.
São mentalidades que perduram. Em 1989, quando eu não votava, mas já era engajado politicamente, por causa do movimento pastoral da Igreja Católica, eu ouvia os discursos das patroas de minha mãe dizendo que não votariam em Lula porque ele era analfabeto. E aí você vê agora, depois de dois governos de sucesso reconhecido, que transformaram Lula em um estadista mundialmente elogiado, você vê em 2023 Carlos Alberto da Nóbrega, aquele suposto humorista, dizer que Lula não pode governar o Brasil porque é analfabeto e não tem diploma. Essa mentalidade dessa gente foi forjada por essa desinformação, que transformou a imagem de Lula em um pária.
Então, quando Lula foi inocentado e a Lava Jato foi desmascarada, eu fiz esse movimento de filiação ao PT. E saí muito bem. Escrevi ao presidente Juliano Medeiros, do PSOL, e falei que estava saindo porque queria fortalecer o movimento em torno de Lula. Depois de mim, outras pessoas fizeram isso, não só do PSOL. Além de Marcelo Freixo, Fabiano Contarato, Tainá de Paula, muita gente fez esse movimento e foi para o PT, para fortalecer a figura de Lula. O PT é esse grande partido-multidão que precisava ser renascido, porque os ataques a Lula não se restringiam a Lula. Havia uma intenção da Lava Jato de destruir o Partido dos Trabalhadores, então se filiar ao PT naquele momento era dizer à Lava Jato qual foi o movimento político deles e que nós não concordávamos com esse tipo de procedimento dentro de uma democracia: o uso de lawfare.
E a Bahia, você tem acompanhado politicamente? Governo Jerônimo, violência em Salvador, política em Alagoinhas…
Eu estava há quatro anos e meio no exílio. Por mais que seja diferente dos exílios anteriores e, agora, quando somos desterrados, nós tenhamos a possibilidade de falar com nossos familiares e amigos por meio de tecnologias da comunicação e a gente possa acompanhar o que está acontecendo no país através das mídias sociais, o exílio segue sendo um exílio. Eu tinha minhas ocupações lá, onde eu estava vivendo. Então eu não posso dizer que estava acompanhando a Bahia especificamente. Vi que Jerônimo foi lançado como nome, sei que é um militante do partido, que ele não era muito conhecido, mas fiquei feliz do PT ganhar mais uma eleição. O PT é hegemonia na Bahia e essa hegemonia implica em muitas coisas: responsabilidades sobre o que está dando certo e sobre o que não está dando certo. Uma vez que você tem essa responsabilidade, você tem que agir para que o que não está dando certo passe a dar certo.
Não sei como está o nível de violência urbana na Bahia, se é maior ou menor que em outros estados, como Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará, mas imagino que parte dessa violência urbana não esteja ligada somente à atuação de delinquentes ou organizações criminosas, mas também à atuação das polícias nas periferias. Uma atuação que urge ser revista. A desculpa da guerra às drogas para invadir casas de pobres, para humilhar pessoas pobres e tratá-las — todas elas — como criminosas, como se não houvesse trabalhadores, pessoas honestas e decentes nos bairros pobres e periferias, é um equívoco. É o contrário: a maioria é de trabalhadores que carregam o país nas costas, que tocam suas famílias. O banditismo e o crime não são a maioria. Estigmatizar todas essas pessoas é ruim e só colabora para o aumento da violência urbana.
Não se combate a violência urbana só com repressão, com mais armas, mais polícia e essa onipresença das forças de segurança nas ruas. Essa onipresença pode ser até perigosa para quando os cidadãos quiserem se manifestar politicamente, em greves, marchas e paradas. A violência urbana tem que ser combatida com distribuição de renda, com política cultural que dê acesso às pessoas ao teatro, a shows de música que não sejam necessariamente show de pagode, que não seja necessariamente Carnaval — e o Carnaval é muito importante —, e que deem a oportunidade de lerem livros. A violência também passa por aí, por uma distribuição desigual do acesso à cultura, pela desigualdade social, pela pobreza, pelo desemprego, pelo apartheid dentro da cidade, pelos espaços que só são frequentados por pessoas brancas, ricas ou de classe média.
E tudo que eu digo em relação à Bahia serve também para outros estados do Brasil.
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