ELEIÇÕES 2024
Oposição busca nomes em Lauro enquanto Moema decide sucessão
Entre os críticos da gestão municipal, há consenso de que prioridade é derrotar grupo da prefeita
A um ano e meio das eleições municipais em todo o país, a única certeza em Lauro de Freitas é de que a atual prefeita Moema Gramacho (PT), não será candidata à reeleição. Após dois mandatos consecutivos, e o quarto no total, a gestora ainda não entregou quem será o nome pensado para carregar o capital do seu grupo político na 7ª cidade mais rica do estado.
"Pode ser qualquer um da nossa base. Eu não estou defendendo ninguém, porque não é o momento ainda. No momento oportuno, nós devemos escolher, para dar continuidade ao projeto", disse Moema, que pontuou que a escolha não estará limitada ao PT para encabeçar a chapa.
"É precipitado falar agora. O nome que for ventilado vai sofrer muito desgaste, porque quem está governando está sempre mais exposto", justifica a chefe do Executivo Municipal desde 2017.
Até o final do ano, um balanço deve ser feito para identificar quem tem perfil e chances de vencer o pleito. No entanto, a prefeita disse se preocupar mais com sua gestão no momento e não ter iniciado a articulação política para definir o candidato que terá o seu aval.
"A gente fez muita coisa e eu quero fazer ainda mais. Eu deixei de ser deputada federal [entre 2015 e 2016] para continuar o trabalho em Lauro [os dois primeiros mandatos aconteceram entre 2005 e 2012]. Eu tenho compromisso com a cidade, quero concluir tudo o que a gente já iniciou e fazer ainda algumas coisas novas", afirmou a prefeita.
Procurados por A TARDE, membros próximos da petista confirma que o nome do secretário municipal de Serviços Públicos e vereador pelo 3º mandato, Decinho (Republicanos), é especulado para disputar o pleito, mas que não há nada concreto.
Oposição
Se o grupo da situação esconde a sete chaves os possíveis nomes que podem concorrer, na oposição alguns nomes já figuram como potenciais candidatos, a exemplo de Débora Regis (PDT), Mirela Macedo (União Brasil) e João Leão (PP). Embora representem grupos diferentes, todos têm em comum o discurso que, se for necessário, juntarão forças para vencer o grupo que governa Lauro de Freitas.
"A cidade clama por mudança. Consequentemente, nós, que somos da oposição, precisamos entender o momento e unir nossas forças para que a gente tire esse desgoverno que está aí", afirmou a vereadora da cidade Débora Regis, apontada pelo presidente estadual da sua legenda, Félix Mendonça Junior, como principal nome visando o pleito.
De um partido próximo do PDT no cenário baiano, a ex-deputada estadual Mirela Macedo também se diz disposta a estreitar laços com a finalidade de tornar mais forte a oposição.
"O diálogo tem que existir, mesmo que cada um entenda que quer ser o candidato ou a candidata a prefeito ou a prefeita. Cada um faz seu movimento. Ao mesmo tempo, tem o diálogo, porque é importante indicar um nome que esteja fortalecido para que tenhamos uma eleição vencedora", pontua Mirela.
Já o ex-prefeito da cidade,, João Leão, diz estar próximo de nomes que podem ser lançados na disputa eleitoral do ano que vem, mas preferiu a cautela no que se refere a definições de pré-candidaturas.
"Nós estamos discutindo, vamos caminhar para frente", conta o atual deputado federal, que também já exerceu o cargo de vice-governador da Bahia, entre 2015 e 2022.
Especulado no PP, o apresentador Uziel Bueno também já sonda partidos que aceitem sua filiação e se colocou como pré-candidato à Prefeitura de Lauro.
Oposicionistas justificam por que devem disputar a prefeitura
Até o martelo ser batido sobre as candidaturas, porém, cada quadro defende seu nome, ressaltando o que há de especial em sua trajetória política.
"O fato de eu ser mandatária acaba me dando uma projeção maior. Além disso, eu vivo a cidade, eu sei de todo beco, viela e favela daqui. Eu tenho porta aberta para entrar em qualquer lugar do município. Eu estou lado a lado com o povo e isso conta muito", afirmou a vereadora Débora Regis.
O nome da edil é endossado por Félix Mendonça Júnior. "Ela foi a vereadora mais votada no último pleito. Ela tem um potencial para arregimentar toda a oposição junto com ela", acredita o presidente estadual do PDT.
Ex-deputada estadual, que teve muitos dos seus votos em Lauro de Freitas, Mirela Macedo diz que o conhecimento sobre a cidade também seria um atributo de uma possível candidatura sua.
"Conheço os problemas da cidade, fui candidata a prefeita em 2020 [pelo PSD], quando fiz um plano de governo abordando todos os eixos de uma gestão. Por conta da pandemia, não pudemos fazer audiência pública junto às comunidades, mas conseguimos aglutinar um grupo técnico para transformar a cidade", afirmou.
Único dos oposicionistas que já foi prefeito de Lauro de Freitas, entre 1989 e 1992, João Leão disse que algumas forças políticas locais, como o também ex-alcaide da cidade, Roberto Muniz (PP), tentam colocar seu nome na disputa.
"Eu ainda estou pensando e estou muito reticente. Tem muita gente nova querendo e acho que é importante dar oportunidade aos novos", alegou, apesar de defender seu legado e se dizer preparado.
Um dos interessados de levar João Leão ao pleito é o ex-candidato a prefeito da cidade no último pleito, Mauro Cardim (PTB).
“Tudo que Leão fez em quatro anos, a atual prefeita não conseguiu em dezesseis”, afirmou o petebista, que disse enxergar como possível a adesão para uma eventual campanha de Leão de outros quadros que hoje pretendem disputar a prefeitura.
“Eles já têm experiência demais para entender que o processo hoje só vai ter sucesso se tiver o Leão. Quando se fala dele, não tem briga, todo mundo entende por tudo que ele já fez. Não dá para comparar legado com quem já fez. Os outros nomes são muito bons, mas não tem experiência em gestão pública”, concluiu.
Sem nome especulado, mas como apoio de Lula e Jerônimo
Pela primeira vez desde a eleição de 2012, o grupo de Moema disputará o pleito municipal com os apoios do presidente da República e do governador. Na ocasião, há mais de dez anos, Dilma Rousseff (PT) estava à frente do Executivo Federal, enquanto Jaques Wagner (PT), atualmente senador, ocupava o Palácio de Ondina.
Ser do mesmo grupo, para Moema, potencializa a candidatura, independentemente do nome que será escolhido pelo grupo, apesar de que, em 2012, o candidato de Moema, João Oliveira (PT), perdeu a eleição para Márcio Paiva, que na época era filiado ao PP.
"Estou no quarto mandato aqui e ainda faço obras com recursos dos governos Lula [os anteriores, de 2002 até 2010] e Dilma [2011 até 2016]. Muita coisa foi feita, todo programa de segurança alimentar, obras de esgotamento sanitário e macrodrenagem. Tudo isso eu já fiz ou estou fazendo com esses recursos. Fizemos quase sete mil unidades do Minha Casa Minha Vida, então hoje o povo é muito grato a nós por tudo o que nós fizemos em Lauro de Freitas com essa parceria com os governos federal e estadual", justifica.
Críticas à gestão de Moema
Para vencer o candidato do grupo de Moema, a oposição pretende fazer críticas estratégicas à gestão municipal. “Há uma carência grande em serviços públicos, a cidade está toda esburacada e há problemas no transporte público, além de que em algumas das UPAs [Unidade de Pronto Atendimento] entregues faltava até remédio para pressão alta”, argumenta Débora Regis.
Mirela Macedo diz conhecer parte dos problemas, pelo fato de ter feito um plano de governo quando foi candidata a prefeita pelo PSD, no último pleito.
“A educação é um eixo importante a ser tratado, desde a educação infantil. A UPA que tem na cidade poderia ser de muito melhor porte, além do que a UPA em Areia Branca está inacabada e não sai. Faltam viadutos e passarelas para conectar a cidade. Segurança e geração de empregos também são temas que merecem atenção”, afirma a ex-deputada estadual, que nega qualquer conversa sobre uma possível migração para o PDT.
“Não existe nada nesse sentido. A relação que eu tenho com o PDT é com Leo Prates porque ele foi o deputado federal que eu apoiei [em 2022], que foi muito bem votado aqui”, alega.
O deputado federal João Leão, por sua vez, enxerga que Lauro de Freitas vive do passado. “O que nós precisamos é de uma continuidade à arrancada que nós demos”, afirmou.
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