POLÍTICA
Pastor Sargento Isidório explica posicionamento sobre casamento gay
Deputado nega ser preconceituoso e defende respeito às pessoas como elas são
Por Flávia Requião e Lula Bonfim
O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) se manifestou, nesta quinta-feira, 9, sobre as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) acerca de declarações transfóbicas que teriam sido dadas por ele à deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), considerada a primeira travesti a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional.
Segundo Isidório, não se tratou de transfobia nem homofobia, mas sim de um debate de ideias na Câmara dos Deputados. O parlamentar baiano afirmou que respeita todas as pessoas independente de suas orientações sexuais, mas defendeu que tem o direito de manifestar suas convicções religiosas.
“Não fui [transfóbico]. Não sou. Eu tenho 38 homossexuais, homens gays, dentro da minha casa. Eu tenho agora, neste momento, 14 lésbicas dentro da minha casa, no meio da minha casa. No meio de quase 1300 pessoas internadas, eu tenho lá 14 lésbicas e 38 homens gays. Se eu fosse homofóbico e transfóbico, eu teria esse povo lá [na Fundação Dr. Jesus]?”, questionou Isidório ao Portal A TARDE.
“Essa situação aí é a situação do debate, dos costumes, da família. Eu tenho e continuarei tendo as minhas convicções religiosas, respeitando todo mundo. Eu sou contra qualquer tipo de discriminação, de violência, de tolerância religiosa, certo? Contra o preconceito”, afirmou.
O religioso afirmou ainda que a Constituição Federal não permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em contraponto ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2011, quando a Corte entendeu que o conjunto normativo brasileiro garantia o casamento igualitário.
“A Constituição Federal é quem não recepciona casamento de homem com homem e mulher com mulher. União estável, conforme a Constituição Federal, só de homem mais mulher, mulher mais homem”, disse Isidório.
“Agora, existem as parcerias, existe a união homoafetiva e, se existe, pagam impostos, são cidadãos, importam, porque são seres humanos. Eu não tenho nada contra o ser humano. As pessoas precisam dos seus direitos garantidos. Previdenciário, de herança, saúde, tudo isso. Eu nunca me posicionei contra direito de pessoa nenhuma, de forma nenhuma”, ponderou o deputado baiano.
Isidório explicou que, na verdade, ele é contra que a legislação imponha às religiões o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, de forma civil, ele não é contrário ao reconhecimento das uniões.
“Nada contra essas pessoas. Agora, eu, como sou pastor evangélico, como Parlamento, eu discuto direito das pessoas e garanto isso. E aí é sem religião, sem sexo, sem cor. Agora, também existe sim a minha convicção religiosa. Os pastores, padres, o povo chamado cristão, evangélico, o que eles temem e vivem assombrado é com a possibilidade de serem obrigados a fazer a cerimônia nos seus templos, nas suas igrejas. Foi isso que eu quis botar no projeto”, justificou.
“O STF, inclusive, garantiu, por causa da vacância do Parlamento, todos esses direitos em 2011. Então, por que que vai tirar direito das pessoas agora? Mas a outra parte, do direito dos pastores, dos padres, com seus templos e igrejas, não fazer solenidade desse tipo, respeitar também a fé deles, a gente precisa também garantir esse respeito”, complementou Isidório.
O pastor ainda disse que defende o respeito a todos os tipos de diferenças e mandou uma mensagem contra a intolerância religiosa.
“Todos nós, independente de religião, temos que ser respeitados. O pessoal do candomblé tem que ser respeitado, o católico tem que ser respeitado, o espírita, o ateu que não crê em Deus, todo mundo tem que ser respeitado. É cada qual no seu cada qual”, defendeu o parlamentar.
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