SEM TERRA
Líder do MST critica primeiros meses do governo Lula
João Pedro Stédile afirmou que o governo federal está agindo lentamente e com medo de cumprir promessas
O líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile, fez duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ele, a gestão petista está lenta e com medo de cumprir as promessas que fez para a área social durante a campanha.
“Na política interna, o governo está muito lento, lerdo. Me atrevo a dizer, em algumas áreas, até medroso. Até agora nenhuma família foi assentada. Para um governo nosso, seis meses é muito tempo para não ter nenhuma solução objetiva. As famílias da nossa base não querem saber se o MST é amigo do Lula ou não, mas quando vão resolver o problema da terra”, criticou Stédile, em entrevista ao portal Metrópoles.
Stédile ainda criticou Lula por ter utilizado a palavra “invasão” em referência a uma das ocupações realizadas pelo MST em 2023. Para ele, as duas palavras possuem significados bem diferentes.
“Foi um equívoco do presidente Lula voltar a usar a palavra ‘invasão’. Invasão é quando uma pessoa invade uma propriedade alheia para se apropriar daquele bem. O Código Penal classifica como esbulho de um bem. Já a ocupação, quando realizada por movimento popular, é uma forma de luta para chamar a atenção do governo para cumprir o que está na Constituição, que é clara: toda grande propriedade improdutiva deve ser desapropriada pelo governo, com pagamento aos proprietários, e distribuída aos trabalhadores sem-terra”, definiu Stédile.
A liderança do movimento agrário, convocada pelo Congresso Nacional para prestar depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MST, afirmou que o governo Lula também “comeu bola” nas negociações no legislativo e se posicionou de forma equivocada durante as manifestações enfrentadas em abril.
“O governo reagiu mal às duas ocupações, na nossa jornada em abril. Se há um decreto presidencial, assinado pelo FHC, declarando que 17 de abril é Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, o que se espera que as pessoas façam? Fiquem em casa dormindo? Então seria o dia do sono profundo da reforma agrária. É óbvio que haveria mobilizações de todo o tipo”, concluiu.
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