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POLÍTICA

Comissão do Rio apresenta prontuários de ex-presas políticas

Por Estadão Conteúdo

09/12/2014 - 19:45 h | Atualizada em 19/11/2021 - 6:34

Prontuários médicos de três ex-presas políticas torturadas em 1970, durante a ditadura militar, foram localizados no acervo do ex-presidente da República Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e apresentados nesta terça-feira, 9, em audiência da Comissão Estadual da Verdade do Rio. Cópias dos documentos foram entregues às famílias das vítimas.

Um dos prontuários é o de Maria Dalva Leite de Castro, que ficou no Hospital Central do Exército (HCE) de março a junho de 1970. Hoje com 68 anos, ela fez um depoimento emocionado. Afirmou que as fichas de "três jovens brasileiras opositoras do regime militar, arrebentadas pelas torturas a que foram submetidas, eram guardadas como troféu no livro de ouro do dono do País". "O ditador Médici, qual um criminoso, orgulhoso de suas vítimas, colecionou em um livro de capa preta e letras douradas as provas de seu próprio crime", declarou Dalva durante a audiência.

Depois, em entrevista, ela afirmou considerar fundamental o fato de os documentos terem sido localizados, porque "sempre pairou a dúvida" sobre seu estado de saúde. "Na verdade, me foi negado tratamento pela vida afora."

Dalva relatou torturas com espancamentos, pau-de-arara, choques elétricos e afogamentos, entre outras práticas. "Queriam mentir, negar que houvesse tortura." Ela disse ter ficado "pasma" com a revelação de que os prontuários foram localizados no acervo de Médici, que foi doado ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). "Parece um troféu de psicopata. Porque psicopata é que faz isso. Mata as vítimas e coleciona. Era o presidente do Brasil, que guardou cuidadosamente prontuários de três jovens brasileiras para exibir como troféu. Isso me deixou num estado... Eu vivi os horrores da época. Quarenta anos depois ter uma notícia dessas é uma coisa que te deixa fora do ar. Estávamos sendo monitoradas pelo ditador de plantão. Não tem outra explicação."

Na época, Dalva era apontada como "membro de organização terrorista". No prontuário dela, militares escreveram que "sua paralisia tem caráter psicogênico". "Os exames médicos revelaram que Maria Dalva não apresenta vontade de locomover-se, procura queixar-se de tudo e de todos, é impertinente e astuciosa, costuma ser acometida de pesadelos", alegam no prontuário. Por causa das sessões de tortura, Dalva desenvolveu epilepsia e ficou quase seis meses sem conseguir andar. Os outros dois prontuários localizados, de Abigail Paranhos e Vera Sílvia Magalhães (que teve participação no sequestro do embaixador americano Charles Elbrick), foram entregues a parentes.

O acesso a prontuários de presos políticos internados no HCE durante a ditadura já foi feito pelas Comissões Estadual e Nacional da Verdade. Diante das negativas, o Ministério Público Militar realizou, com o apoio da Polícia Federal, em 14 de novembro, uma busca e apreensão no hospital militar autorizada pela Justiça. Lá, foram encontrados dossiês com informações sobre integrantes das Comissões da Verdade e prontuários datados de 1940 a 1969 e 1975 a 1983 em uma sala trancada "não oficial" no prédio anexo do HCE. O presidente da CEV-Rio, Wadih Damous, disse que a comissão fará uma nova diligência no HCE. "Era do conhecimento dos ditadores o que acontecia nos porões", disse Damous.

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