TRABALHO AMBIENTAL
Conheça a brasileira aclamada internacionalmente por luta pela terra
Ambientalista é única brasileira entre as 16 mulheres com reconhecimento da 'Global Landscapes Forum' em 2023
Por Thiago Conceição
A ambientalista Maria Amália Souza, 59, tem um vida dedicada para uma missão: colocar nas mãos dos povos originários e tradicionais os recursos necessários para a proteção das florestas brasileiras. O trabalho fez a paulista ser a única brasileira entre as 16 mulheres que tiveram o reconhecimento internacional (16 Women Restoring the Earth) da “Global Landscapes Forum”, maior plataforma mundial de uso integrado da terra, em 2023. Ela foi a convidada desta quinta-feira, 9, do programa Isso é Bahia, do A TARDE FM.
Maria Amália é a fundadora do Fundo Casa Socioambiental, criada em 2005, que atualmente apoia uma média de 500 projetos por ano. Ao longo de sua trajetória, de mais de 40 anos na área ambiental, a paulista apoiou mais de 3 mil projetos em 10 países, com mais de R$ 77,3 milhões destinados para comunidades ribeirinhas, associações de pescadores e populações indígenas que enfrentam o desafio da preservação da terra.
“Ao voltar para o Brasil nos anos 90 [após período de estudo e atuação nos Estados Unidos], conheci um grupo enorme de pequenas ONGs, todas eram voluntárias, sem um real. E ao notar como os recursos ficavam nas pouquíssimas organizações de conservação que são grandes, a motivação para a distribuição de recursos foi aumentando. [...] Se a gente perguntar para essas comunidades de periferia, aquelas que estão trabalhando por uma sobrevivência digna, se sabem cuidar desses lugares, elas sabem. Então o objetivo era angariar mais recursos para que elas pudessem cuidar das florestas, desenvolver cidades sustentáveis”, explica Maria Amália.
Em momento de debate sobre a situação das terras e dos povos indígenas do país, que é puxada por cenários alarmantes como a situação dos povos Yanomami, em Roraima, que abrange o impacto ambiental e social causado pelo garimpo ilegal, a ambientalista destaca o trabalho de proteção que as populações exercem nas florestas.
“A gente fez um projeto com apenas 59 populações indígenas. E elas protegem 66 milhões de quilômetros quadrados de floresta amazônica. E 80% de todas as florestas que ainda estão em pé ficam em territórios indígenas, então não tem como alguém questionar o que eles [os indígenas] estão fazendo. Mas o fazem sem investimento, geralmente estão protegendo a floresta com a própria vida. No Brasil, as pessoas que tentam manter as florestas em pé sofrem violência, são assassinadas. É preciso colocar investimento na mão de quem sabe o que está fazendo”, concluiu Maria Amália.
A ambientalista é graduada em Serviços e Desenvolvimento International com foco em Estudos Internacionais de Meio Ambiente pela World College West, na Califórnia (EUA). Ela ainda é membro-fundadora da Rede Comuá (Filantropia para Justiça Social), membro do Steering Committee do Human Rights Funders Network, parte do Conselho Diretor da Associação Interamericana de Defesa Ambiental (AIDA), e lidera a participação do Fundo Casa Socioambiental.
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