O presidente Bolsonaro tem sido alertado pela cúpula das Forças Armadas e pela coordenação da campanha à reeleição sobre os riscos em transferir o desfile militar do Sete de Setembro do centro do Rio de Janeiro para a orla da praia de Copacabana, reduto de manifestações bolsonaristas.
A mudança foi tema de reunião no Quartel General do Exército, em Brasília, da qual participaram o comandante, Marco Antônio Freire Gomes, e oficiais do Alto Comando, segundo informação da coluna da Malu Gaspar, do Globo.
Os aliados presidenciais apontam a dificuldade em montar um aparato de segurança no local em tão curto espaço de tempo. Há também grande preocupação não só com a segurança de Bolsonaro, mas com a do público, com risco de tumultos.
Outro problema é que o ato em Copacabana cria um ambiente de viés político-partidário e ainda coloca à prova a popularidade de Bolsonaro. Líderes do Centrão avaliam que a manifestação será um fracasso eleitoral se reunir menos gente do que o ato realizado ano passado, na avenida Paulista, em São Paulo.
“O Exército convenceu o presidente que não seria uma 51 (uma boa ideia, em referência ao slogan da marca de cachaça). Quando ele percebe que a ideia é de jerico, recua", disse um general ouvido pela coluna.
Uma questão jurídica também pode dificultar a transferência do Sete de Setembro. A Rede Sustentabilidade ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal e a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, deu um prazo de 5 dias para o governo Bolsonaro apresentar justificativas.
Na semana passada, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), já tinha publicado em rede social que a parada militar será mantida na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, "onde o exército organizou e aonde sempre foi feito”.
Para a campanha e militares próximos ao presidente, o prefeito do Rio inviabiliza de vez o desfile na orla, pois é responsável por toda logística e o planejamento do evento.
As comemorações deste ano marcam a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil e são encaradas como cruciais para atestar o poder e popularidade do presidente.