ELEIÇÕES 2024
Candidatos trocam acusações no último debate antes da eleição
Postulantes ao governo do estado se concentraram em temas como educação, saúde e segurança
Por João Guerra e Alan Rodrigues
O último debate entre os candidatos ao governo da Bahia teve muitos ataques entre os postulantes que se concentraram em temas como educação, saúde e segurança para defender suas propostas e atacar as gestões de adversários e aliados. Além disso, a autodeclaração de ACM Neto como pardo também ocupou boa parte das intervenções.
A concentração dos militantes começou cedo na porta da TV Bahia. Os dois primeiros candidatos ao governo estadual a chegar à emissora, foram Kleber Rosa (PSOL) e João Roma (PL). A maior expectativa era pela presença de ACM Neto (União Brasil), que não compareceu aos debates anteriores.
"Esse debate tem uma natureza diferente dos outros por dois motivos principais. Primeiro que ele é o último debate às vésperas da eleição. Segundo que ele é um debate com a presença de um dos concorrentes que ocupa espaço significativo na disputa, que foi aguardado para o debate e que deve muitas explicações sobre aquilo que está propondo e sobre o que, de fato, representa a partir da sua experiência concreta. Então eu não tenho dúvida que isso vai marcar o debate", disse Kleber Rosa.
Já Roma manifestou determinação de focar nas suas propostas, mas quando foi perguntado sobre as manifestações de aliados do ex-prefeito para que os eleitores usem o "voto útil" para eleger Neto, tirando votos dos seus potenciais eleitores e assim derrotar Jerônimo Rodrigues (PT), Roma subiu o tom.
"O afroconveniente ACM Neto não sabe nem a cor da pele, quanto mais o que quer para o futuro da Bahia. O que fica muito claro é que ele está cada vez mais arraigado em buscar uma estrutura de poder pessoal e isso está deixando ele ficar para trás. Ele está derretendo. Ele começou com 68 pontos, tá com menos de 30 pontos e nessa reta final vai mostrar justamente que eu estarei no segundo turno", disparou.
ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT) foram os últimos a chegar. O ex-prefeito disse estar preparado para os ataques dos adversários. "Se acontecer dos três se juntarem de galera, vocês vão ver, vão denunciar”, disse para a imprensa.
Jerônimo Rodrigues não escondeu a expectativa pelo embate com o ex-prefeito de Salvador. "Quando a gente fez a crítica de que quem quer governar a Bahia tem que vir fazer os debates, a intenção é essa. Hoje estou contente porque hoje nós estamos com todos os candidatos participando e vindo debater os temas que a gente acha interessante", avaliou o petista.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, os candidatos puderam escolher livremente os temas a serem perguntados entre si. Jerônimo Rodrigues (PT) abriu o debate e escolheu o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), a quem questionou sobre a falta de investimentos na educação infantil durante as suas gestões na capital baiana.
Neto respondeu rebatendo que o petista não tem moral para falar de Educação, pois a área é retratada como umas das mais mal avaliadas quando comparada aos outros estados do país.
O ex-prefeito voltou a tratar o tema na sua vez de perguntar. Ao candidato do PSOL, Kleber Rosa, ele questionou sobre a situação da Educação na Bahia. Rosa respondeu dizendo que não concorda em alguns pontos com a gestão da Educação da atual gestão do estado e citou como o exemplo o não pagamento dos juros dos precatórios aos professores, mas lembrou que Neto não tratou o tema de forma devida quando foi prefeito e não tratou os servidores de forma justa.
Corrupção
O candidato do PSOL escolheu João Roma para responder e questionou o ex-ministro o que ele achava de uma empresa concentrar as licitações da prefeitura nas últimas gestões municipais.
Roma saiu pela tangente e respondeu que verificar isso é papel dos órgãos fiscalizadores, mas que durante o seu tempo como aliado e secretário de ACM Neto na prefeitura de Salvador, Neto só sabia dar chilique na sede do Executivo municipal.
Segundo bloco
O segundo bloco esquentou e foi marcado por ofensas pessoais entre João Roma (PL) e ACM Neto (União Brasil). O ex-prefeito de Salvador perguntou ao seu ex-chefe de gabinete sobre o desenvolvimento da indústria da Bahia e Roma respondeu sobre o atraso da Bahia. Neto, então, partiu para o ataque.
“João Roma, você tem na sua marca de vida, como característica principal, a deslealdade e a sede de poder. Você foi meu amigo por 20 anos. Vocês estão vendo ele me criticar? Eu garanto que você, que está aí do outro lado, não faz ideia que essa mesma pessoa me convidou para ser padrinho da filha dele. Eu não queria entrar nesse tipo de assunto. Mas imagine: você, quando tem um filho e vai batizar, a gente escolhe para padrinho a pessoa que a gente mais gosta. Pois é: eu sou padrinho da filha dele”, apontou o ex-prefeito.
João Roma, por sua vez, ficou irritado e rebateu. "Queridas amigas e amigos, de deslealdade entende ACM Neto. Imagine: eu passei 20 anos limpando o chão para esse cidadão. Na hora que apareceu para eu ser ministro, ele simplesmente mandou uma pessoa no governo para dizer que podia ser qualquer um, menos o querido amigo dele, o compadre João Roma. E, se o senhor não respeita a sua família, respeite a minha família, que eu tenho muito valor”.
"O senhor não sabe se é carne ou se é peixe, não tem posições definidas. Tem apenas a sua sanha pelo poder. Permanente sanha pelo poder. Não é possível que a Bahia vai se deixar levar por essa conversa bonita. Não! Não vai ser conversa bonita nem tapinha nas costas que vai levar o povo baiano na conversa”, acusou Roma.
Pardo
O candidato ACM Neto aproveitou o debate para “esclarecer” a sua autodeclaração como pardo, que tem sido motivo de críticas e chacotas, tanto por parte do movimento negro como de humoristas. Ele reafirmou que já se havia declarado desta forma em 2016, antes de haver fundo eleitoral adicional para candidatos negros.
João Roma brincou, dizendo que trabalhou tanto tempo com o ex-prefeito e nunca soube que ele era negão. Kléber Rosa, não aderiu ao clima de brincadeira e fez um discurso alertando para a gravidade da autodeclaração, uma vez que ele próprio não pode se enxergar como branco.
O debate seguiu com o candidato ACM Neto criticando a longa espera na fila da regulação do estado. O ex-prefeito ressaltou os investimentos realizados em sua gestão em Salvador, elevando a cobertura da atenção básica de 18% para quase 60% ao longo de oito anos.
Jerônimo voltou a destacar a falta de maternidades na capital, lembrou que o governo está prestes a inaugurar uma maternidade em Camaçari e destacou os investimentos em policlínicas e hospitais. O petista destacou ainda a relação do ex-prefeito de salvador com o atual presidente da república, Jair Bolsonaro, para quem fez campanha, e lembrou que seu grupo político indicou os cargos federais na Bahia.
Representante de Bolsonaro, João Roma atacou o ex-prefeito e disse que ele trata a todos como capachos, o que se repete com o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis. "Eu mesmo votei em Bruno Reis para ser prefeito de Salvador, mas não para ser assessor político de ACM Neto, que é o que ele tem feito e deixando a cidade da forma que está".
Os ânimos se acirraram já nas considerações finais. João Roma classificou ACM Neto como covarde e disse que era o único a defender a família e combater a ideologia de gênero, convocando o voto de católicos e evangélicos.
A fala do ex-ministro gerou indignação. O ex-prefeito de Salvador pediu direito de resposta e foi seguido por Jerônimo e Kléber Rosa. Ao final das considerações, a produção do debate negou os pedidos dando por encerrado o encontro.
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