ELEIÇÕES 2024
Irmão Lázaro: 'Voto contra projetos que tragam danos à população'
Por Roy Rogeres | A Tarde BA | Foto: Margarida Neide | Ag. A TARDE

Ex-vocalista do Olodum, uma das bandas de maiores sucessos da Bahia, e atualmente cantor gospel, Irmão Lázaro (PSC), saiu vitorioso do primeiro pleito político o qual participou em 2014, sendo eleito o terceiro Deputado Federal mais bem votado no Estado, e apesar da pouca experiência, repleto de confiança, tenta agora uma vaga de Senador da República. Nesta entrevista exclusiva, ele contou que o primeiro convite para uma disputa eleitoral partiu do hoje candidato ao governo do Estado José Ronaldo (DEM), e que a decisão de concorrer a uma vaga na Câmara Alta foi estratégica, em meio as dificuldades que enfrenta para fazer coligações, por conta das ideologias da bancada evangélica.
O candidato admitiu tomar posições contrárias às indicações do partido, que não apoia o governo do Presidente Michel Temer, e, que, por isso, atua de forma isolada na Câmara dos Deputados. Irmão Lázaro é também contra a descriminalização do aborto, ideologias de gênero e educação sexual na escola, contra a reforma trabalhista e previdenciária, e a favor da redução da maioridade penal. O estreante na disputa por uma vaga baiana ao Senado se considera a maior vítima de Fake News no Estado, e revelou ter sofrido junto com sua família ameaças de morte e sequestro por parte de políticos, além de racismo entre os próprios colegas parlamentares no Congresso Nacional, e contou como superou a dependência química das drogas, tornando-se cristão e um dos mais promissores políticos da atualidade.
Como foi o processo de transição de cantor Gospel para político? Imaginava o êxito já no primeiro pleito?
No ano de 2008 José Ronaldo (DEM) me convidou para ingressar na vida pública e eu não aceitei, mas em 2014 percebi que poderia dar a minha parcela de contribuição, aceitei, encarei o desafio de uma candidatura a Deputado Federal, ganhei a eleição e agora no final do mandato estou tentando uma vaga no Senado da República. Não imaginava... Eu imaginava que poderia ser eleito, mas não com uma quantidade tão expressiva de votos, as contas que eu fazia na minha cabeça pairava em torno de 85/90 mil votos, se eu fosse bem sucedido, então, 161 mil votos foi sim uma grande surpresa.
O Sr. foi o terceiro candidato a Deputado Federal mais votado na Bahia, ou seja, demonstrou força eleitoral. Quais foram as dificuldades enfrentadas que antecederam a escolha de concorrer ao Senado e não tentar a reeleição como Deputado Federal , ou mesmo vice-governador na chapa democrata, o que era cogitado por articuladores políticos?
Eu não aceitava o convite para ser vice-governador em função das bandeiras que tenho o desejo de defender, e em função do motivo pelo qual eu tive meus votos para deputado, por exemplo, eu sou contra a ideologia de gênero, contra o aborto, contra a liberação das drogas, e eu acredito que o meu eleitorado votou em mim por não apoiar essas bandeiras. Então, como eu poderia dar este grito de parlamentar sendo vice-governador? Eu acho que isso desmotivaria o meu eleitorado, se é que posso chamar de meu... Desmotivaria o povo baiano a querer me enviar novamente para jornada política.
Foi uma decisão estratégica? Era um desejo pessoal concorrer ao Senado, ou contou mais as indicações do partido PSC e/ou dos coligados?
Foi uma decisão estratégica porque nas últimas duas últimas legislaturas os deputados que defendem essas bandeiras que chamamos de pró-família têm aumentado muito na Câmara dos Deputados, só que a gente não percebe esse avanço no Senado. Então coloquei meu nome à disposição, pois acredito que há uma possibilidade de ganhar e aumentaria a nossa representatividade no que diz respeito a essas bandeiras.
Quais os projetos que defendeu e/ou são de sua autoria durante o mandato de Deputado Federal?
Os projetos que apresentei foram ligados a tentar inibir vícios, como a venda aberta de substâncias que os provocam, a venda de produtos usados na fabricação de alucinógenos usados em festas públicas. Sempre nessa linha, apresentei aproximadamente uns 16 projetos de lei e fui relator de aproximadamente 6 a 7 projetos na Comissão de Direito do Consumidor que faço parte também.
O Sr. é considerado um político novo, com pouca experiência. Acredita que experiência e tempo na função pública são importantes para assumir um posto na Câmara alta?
Não. Hoje, acho que o político precisa aprender o que ele está exercendo, político precisa de experiência, claro, mas no meu caso eu acho que as pessoas votam em mim mais pela perspectiva de uma renovação e pelo meu caráter. Hoje a gente vê a Câmara cheia de deputados experientes, e eu aprendo com eles, com os que se mantém em uma linha de caráter que agrada a população e se assemelham a maneira que costumo ser, aprendo com muitos deles, mas a experiência de muitos homens não foi suficiente para inibir essa onda de corrupção que infelizmente assola o nosso País. Não estou dizendo que temos de eleger uma Câmara dos deputados e uma câmara maior como é o Senado de pessoas novas, todos sem experiências, mas eu acredito que existe um primeiro dia do médico, do jornalista, acho que todos que pensam em ajudar pessoas e em avançar na estrada de trazer ideias que vão melhorar a vida das pessoas, precisamos da oportunidade de aprender. Realmente existem coisas que precisamos de experiência, um cirurgião por exemplo precisa passar pela residência médica... Eu acredito que o meu primeiro mandato como deputado federal foi a minha residência e agora começarei a fazer cirurgias no Senado da República.
O que acha do processo de coligações políticas e como evangélico, enfrenta muitas dificuldades e divergências nestas coligações?
Enfrento sim, porque infelizmente não hora de fazer coligações precisamos aceitar certas doutrinas de alguns partidos, e como evangélico defensor da família, acabo enfrentando certas dificuldades, que enfrentei também como parlamentar, eu sempre fiquei no baixo claro, fiquei no meio, apanhando dos dois lados, porque o meu partido PSC em alguns temas relacionados ao governo Temer, resolveu apoiá-lo, e eu resolvi voltar contra algumas coisas, como votei contra a reforma trabalhista, votaria contra a reforma da previdência, e votarei contra a qualquer projeto que venha de encontro ao anseio popular e que venha trazer danos a população. Querem começar com reformas que prejudicam o pobre e o menos favorecido e não posso concordar com isto.
Então o Sr. foi de encontro à própria indicação do PSC? Como ficou a sua situação no partido?
Fui sim. Eu votei contra a reforma a trabalhista... Minha situação ficou ruim (risos). Mas não penso em deixar o PSC por ser um partido democrático. Eu conversei com o presidente pastor Everaldo, disse que eu precisava representar quem votou em mim, eu não acredito que o político vai para as Câmaras Federais para expor as suas próprias ideias, e sim para ser o representante das ideias de quem o elegeu, o povo.
O principal papel do senador é legislar: propor, discutir e deliberar sobre a estrutura legislativa do país. Um dos pontos mais importantes e que demandam a maior parte de seu trabalho diz respeito às leis orçamentárias, que indicam como e quanto o governo gastará o dinheiro público. Como Senador, quais os problemas e questões que acredita demandar maiores valores de investimento a serem gastos?
Eu votei contra ao teto de gastos públicos, pois o mais prejudicado com isto sempre é o trabalhador, sempre é a saúde, a educação, a segurança, como Senador me posicionarei favorável a priorização dessas áreas. Não são todos os Senadores que fazem o relatório, são escolhidos para fazer o relatório orçamentário anual do governo, e o meu voto será sempre a favor da priorização da educação, saúde e segurança.
Compete privativamente aos senadores, entre outras atribuições, processar e julgar o presidente e vice-presidente da República, ministros do Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União nos crimes de responsabilidade. O Sr. entende a importância desta função de qual forma? E como pretende combater a corrupção?
Da mesma forma que posicionei na Câmara federal, apesar de essa ser uma atribuição exclusiva dos senadores, também passa pela Câmara, por exemplo, o presidente Temer para ser processado a Câmara precisaria primeiro aprovar a petição do STF para que depois chegasse ao Senado, meu posicionamento foi a favor da denúncia contra Temer, acredito que ele deveria ser investigado pelos supostos crimes que havia cometido, então, se realmente o Ministério Público junto com o STF trouxer provas que existe indícios de corrupção, o meu voto vai ser sempre a favor da continuidade das investigações.
O Sr. chegou a se licenciar para assumir a secretaria municipal de relações institucionais na gestão de ACM Neto. Nesta função, quais foram as principais atribuições e como essa experiência por ajudá-lo caso seja eleito Senador da República?
Foi ótimo, pois com o cargo de secretário acabei ficando mais próximo do executivo, comecei a perceber melhor as dificuldades da máquina, foi mais fácil perceber a atuação dos secretários em função da coalizão de partidos, cada um com um pensamento diferente e como isso interferia positivamente na gestão de ACM Neto, e as vezes negativamente, então, foi um aprendizado enorme. No Congresso normalmente nós somos impulsionados a votar em projetos e na secretaria tive a oportunidade de estar dentro da máquina, tentando fazer com que os projetos de ACM Neto tivessem êxito durante seis meses.
O Sr. é membro da bancada evangélica, tem ideologias que estão em consonância com a fé. Num Estado Laico, quais são os desafios dos políticos evangélicos para defenderem aqueles que representam, e, ao mesmo tempo, defender mudanças, transformações, projetos e leis que são para todas as pessoas, e não para apenas uma parte?
Um dos grandes problemas que a religião enfrenta talvez seja a má interpretação das palavras de Jesus, os projetos de Jesus são para humanidade e não para um grupo religioso, Jesus não é um líder religioso, é o filho de Deus, Jesus ama todos os seres humanos e acredito que como cristão todas as pessoas devem ser respeitadas e é por isso que tomo muito cuidado quando se estabelece leis só para as minorias, porque quando começam a priorizar grupos a gente acaba trazendo uma certa confusão. Não estou no plenário para defender um grupo religioso, e sim, como cristão, para defender o baiano e o brasileiro independe das suas ideologias e da sua opção religiosa.
Qual o posicionamento do senhor em relação à descriminalização do aborto?
Totalmente contra, o STF está querendo agora aprovar a liberação do aborto a partir da 12ª semana de gestação, acho que como está na Constituição já está de bom tamanho, ou seja, em casos de estupro... eu conheço histórias de mulheres que foram estupradas e deixaram o filho nascer e se tornaram grandes homens, mas acredito que diante da concepção vir através de tamanha violência, a pior delas, deve ser dado a mulher a liberdade de escolher se essa criança nasça ou não. Se ela perguntar a mim vou dizer que acredito na vida, mas quem geme é quem sabe a dor que sente.
Sobre a redução da maioridade penal?
Sou a favor da redução, mas não sou a favor de todos os criminosos serem enviados para o mesmo presídio, e nem de um menino de 16 anos ser pego com uma quantidade de drogas e cumprir pena com uma pessoa que matou, estuprou, ou violentou, e nem sou a favor de um menino que fez tudo isto passe seis meses internado e saia para cometer os crimes novamente.
Sobre armas, é a favor da liberação do porte?
Sou a favor de que a pessoa escolha o que acha melhor para a vida, particularmente eu não quero e não sinto necessidade de uma arma. Eu por exemplo, fui ameaçado muitas vezes, minha família foi ameaçada, minhas filhas foram ameaçadas de sequestro em função do jogo político, mas eu preferi me enclausurar, preferir andar menos nas ruas e isso é terrível. Vivemos um Estado de exceção da segurança pública, eu não condenaria alguém que deseja ter uma arama em casa, prefiro eu não ter.
A política privou a sua liberdade e da sua família?
Não digo que a política, mas políticos bandidos que infelizmente se aproveitavam da minha situação de vulnerabilidade por se cristão, ando nas ruas e igrejas, para ameaçar a minha família. Mas graças a Deus as ameaças acabaram e estamos vivendo as nossas vidas.
O senhor apoia o sistema de cotas na educação e funcionalismo público?
Este é um assunto extremamente complexo, eu não gosto da ideia de pelo fato de ser negro alguém querer me dá uma vaga em uma faculdade por que sou negro. Não gosto disso. Mas entendo que existe uma necessidade de correção social.
O Brasil foi o último País do mundo abolir a escravidão, temos pouco mais de 100 anos de liberdade para os negros...
É isso, eles deviam melhorar o ensino básico e fundamental, acho que as nossas crianças e adolescentes merecem escolas melhores, por que não investir na melhoria da escola pública, do que dá para nós, negros, pobres, pessoas que crescemos na favela, com apenas 100 anos de libertação, a ideia de que só estão nos dando uma oportunidade por não termos capacidade? Eu não gosto disso, acho que o negro é capaz sim, o cidadão que nasce na favela é capaz sim, e a melhor maneira do governo corrigir essa situação, esse déficit social do homem negro e pobre é melhorando a educação no ensino fundamental.
Então o Sr. é contrário ao sistema de cotas?
Não digo que sou contra, acho que não é a solução...
A Bahia é o Estado onde morrem mais pessoas LGBTS no Brasil por conta da violência e homofobia. Como este assunto será tratado pelo Sr.? Acredita na necessidade de políticas públicas e leis mais eficazes no combate a este tipo de crime e também quanto ao racismo?
Acho que existe necessidade de combate eficaz em relação a todos os crimes, não acho que devemos dar prioridade ao negro ou ao público LGBT, penso que todas as pessoas precisam ser respeitas, porém, se o público LGBT, se existe um momento que a violência em relação a eles têm aumentado, acho que devemos aumentar as penas e torna-las mais rígidas para quem comete este tipo de crime que diz respeito à violência.
O Sr. já sofreu algum tipo de preconceito?
Sim, dentro da própria Câmara Federal. Eu já fui proibido de entrar no elevador.
Como foi?
Existe um elevador que é exclusivo para parlamentares, fui entrar e um funcionário me barrou, dizendo que o elevador era exclusivo para parlamentar. E eu perguntei a ele qual o motivo que o levava à acreditar que eu não seria parlamentar, se era por que sou negro. Então eu sinto na pele essas cosias. Outro dia um deputado insinuou me colocar para fora do elevador. Ele me olhou e perguntou para onde eu estava indo, e respondi indagando o por quê tinha que dar satisfação para ele. Ele disse que me sinto muito importante e respondi que me sinto ser humano, e ele em nenhum momento cogitou a possibilidade de eu ser parlamentar também. Eu sei o que é isso, então, não posso concordar com agressões destes tipos aos negros, não posso concordar com esse tipo de agressões a pessoas LGBT e nem a ninguém. Precisamos de políticas mais eficazes, porém não gosto da ideia de defenderem os negros, temos que defender o ser humano, porque não dá para olhar os negros e homossexuais como uma parte aquém da sociedade, é um desrespeito. Devem ser respeitados como ser humano e quem não gostou que mude de planeta.
Quando essas atitudes racistas aconteceram contra o Sr. e enfrenta literalmente na pele, dentro de um lugar onde as pessoas estão para defender os direitos e etc.... Como agiu nessas situações e como costuma agir quando se sente atacado e desprivilegiado por conta da sua cor?
Como cristão eu normalmente levanto a bandeira do perdão. A não ser que chegue a um nível que coloque em risco a minha segurança, por exemplo, um dia um deputado jogou o carro em cima de mim, e eu batia no capô, e ele empurrando o carro porque eu estava em pé na vaga do carro dele. Então, tive que dar queixa na polícia, fiquei assustado e achei que poderia sofrer uma retaliação, eu não entendi porque ele fez aquilo. Dei queixa na polícia e isto não mais se repetiu. Se eu sou discriminado no elevador, se alguém me ofende na rua, eu prefiro com meu trabalho e empenho mostrar que não é bem assim, prefiro estar aqui dando entrevista com o cargo de deputado federal, tentando ser Senador, prefiro dar essa resposta, e até aconselho a cada negro, a cada classe da sociedade que se sente discriminada a dar esse tipo de resposta, a não que esteja sendo colocada em risco a própria segurança, aí tem que partir para as leis e prestar queixa na polícia, fazer o que for necessário para que seja freada este tipo de atitude.
Políticas para empoderamento das mulheres, e igualdade de direitos e salários. Defende leis e projetos que protegem a mulher neste sentido e também quanto a violência e desigualdades?
Defendo sim. A bíblia diz que a mulher é o vaso mais frágil no que diz respeito a força física, então, o homem que bate numa mulher é obviamente covarde. Em relação a igualdade salarial na mesma função deve ser tratado pela capacidade. Eu não gosto da ideia de alguém obrigar a outra a pagar o mesmo salário a uma mulher só porque tem um homem e uma mulher, tem situações que a mulher tem que ganhar mais e tem situação que tem que ganhar menos, vai da competência. Acredito que precisam ser tratados de forma igual, não dá para oferecer um emprego para uma mulher e pagar menos por ser mulher.
O Sr. nos seus discursos sempre fala sobre o problema das drogas. Primeiro gostaria que relatasse a sua experiência com as drogas, e que diga se é a favor da descriminalização da maconha para uso recreativo e medicinal, e como resolver o problema do tráfico de drogas no Estado?
A minha questão com a droga é por quê nessa coisa de usar para recreação eu acabei me viciando, então, sou totalmente contra a liberação ... Se você tem que comprar um remédio tarja preta é necessário uma receita médica para que não haja risco de se viciar, como a gente vai liberar maconha para recreação se existe todas as possibilidades do vício? Eu sou contra por ter vivido exatamente isto... comecei a usar a maconha na ideia de que seria divertido, que me deixaria mais alegre, e infelizmente dali acabei partindo para outras drogas, me viciei em maconha, em cocaína, e vivi os piores momentos da minha vida ainda quando artista. Não estou dizendo que todas as pessoas são como eu por terem as mesmas fraquezas que tenho, mas eu acho que uma política pública em relação as drogas, ela deve ir na direção de proteger as pessoas e não de expor as pessoas ao vício.
Qual a sua opinião em relação as novas determinações do TSE, como a proibição de doação por empresa para campanhas políticas, acha que diminuirá a corrupção?
Campanha política é um negócio terrível, e claro que não diminui a corrupção (risos), acho que é muito difícil conter a maneira que se faz política no Brasil sem uma reforma política séria, sem a diminuição dos partidos, e principalmente sem a disposição da sociedade em se envolver na vida pública, a pessoas clamam por renovação mas não há candidatos para renovar, é triste isso.
Quais outras medidas deveriam ser adotadas pelo TSE com a finalidade de inibir a prática da corrupção? E lá na Câmara, o Sr. presenciou casos?
Eu normalmente não me envolvo em grupos, como votei contra a reforma, me posicionei contra a reforma da previdência, e contra ao governo Temer sendo do PSC, eu acabei ficando meio que isolado no governo dele, é tanto que não tenho nenhuma indicação de cargo federal, não participei de distribuição destes cargos, que é algo comum na política, mas também não me aproximei da esquerda, acabei ficando no meio, sem acesso as negociações. Mas acho que as atitudes do TSE para inibir a corrupção no País são as medidas que já tomaram mesmo: declaração de IR ... por exemplo, eu gastei R$ 400 mil na minha campanha para deputado federal, e aí você vê a cara de um deputado estampada na Bahia inteira, todo mundo vendo que é uma campanha milionária e declara que gastou R$ 90 mil e o TSE aceita. É complicado, como é que resolve isso? Eu, por exemplo, pago multas eleitorais as vezes por falar a verdade. Não vou dizer que a legislação nos obriga a mentir, mas as vezes ela não é clara. Temos que pagar advogados que é caríssimo, temos que pagar contadores que é caríssimo, então, acho que uma maneira de inibir a corrupção não está nas mãos do TSE, está nas mãos do povo. Penso, porém, que o número de partidos e candidatos devem ser menores, fazerem uma peneira, com critérios, o mínimo de qualificação. Penso que se um candidato quiser ser candidato o governo teria de fornecer a possibilidade dessa pessoa passar por um curso obrigatório, de uns seis meses, para testar aptidões e vocações, pois muitos vão pelo salário. Eu ganho R$ 25 mil como deputado federal e não fico com R$ 1,00 falo com muita tranquilidade porque eu optei por investir meu salário na ação social, no meu centro de recuperação, ajudando famílias e gostaria de dizer que na última eleição não permiti que ninguém que estava internado em nosso centro saísse para votar em mim, isso traria peso a minha consciência, pois não é por conta de política que ajudo pessoas... Me interessei pela política por conta das leis que colocam em risco a família brasileira, quis dá a minha contribuição.
Como avalia a atual situação política do país?
O País está numa situação catastrófica, os políticos não entendem o que o povo diz, e infelizmente mentem para as pessoas. Por exemplo, hoje eu sou um forte candidato ao Senado da República, eu sei que a minha candidatura hoje não é uma utopia, sei que possa ganhar as eleições, então, os adversários espalha mentiras. Hoje eu sou um candidato que sou a maior vítima de Fake News na Bahia... Eu votei contra a reforma trabalhista, tem vídeos mostrando, mas existem milhares de posts na internet dizendo que votei a favor... Precisamos que as pessoas parem de acreditar em mentiras e tomem mais cuidado. Vivemos em um mundo que se um homem resolve colocar um cabelo diferente ou uma roupa, as pessoas criticam, as pessoas acreditam muito na mentira e uma das maiores mentira que o mundo conta e as pessoas acreditam é que a vida das pessoas tem que ser do jeito que elas acham que deve. Precisamos aprender a respeitar o direito das pessoas.
Qual a sua avaliação sobre a prisão do ex-presidente Lula?
(Risos), eu não tenho capacidade jurídica para julgar, prefiro acreditar no Ministério Público, acreditar no parecer do Juiz Sérgio Moro que o condenou e entender que o Lula está pagando um preço pelo que fez. Nunca vou dizer que ele é culpado, vou dizer que acredito na Justiça.
O Sr. acha que o processo de condenação dele foi célere?
A única coisa que posso dizer é que eu acho que antes do STF ter mandado prender ou o Lula ou seja lá quem fosse, condenado em segunda instancia, eles deveriam mandar uma proposta de mudança da lei para o Congresso Nacional, que é quem deveria fazer as leias para mudar a Constituição. Não acho correto o STF mudando constituição, não concordo. Não em relação a Lula diretamente, mas eu acredito que o STF só deveria prender condenados em segunda instância após a Câmara aprovasse a prisão em segunda instância, uma vez que a Câmara e o Senado é que possuem competência para criarem as leis.
Qual a sua avaliação sobre o governo Temer?
Temer não tem legitimidade...
Ele é golpista?
Devo dizer que a política em si é muito estranha. Temer não deu um golpe, acredito que a política se movimentou de uma forma desfavorável a presidente Dilma Rousseaf, pois ela não dialogava com o Congresso Nacional, acho que o Lula nunca sofreria um impeachment (risos), ela está pagou pela falta de habilidade política, e o presidente Michel Temer, infelizmente quem comanda o País são os partidos que apoiam ele, assim como é o sistema de coalisão de partidos que comanda o Brasil.
O candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem propostas que aparentemente se coadunam com o pensamento geral da chamada bancada Evangélica (contra a ideologia de gênero, descriminalização do aborto e das drogas etc). Qual o pensamento do senhor em relação às ideias deste candidato à Presidência?
Bolsonaro é o que diz ser. Um candidato de extrema direita, que tem muita força e está conseguindo a aceitação popular sem a coalisão dos partidos, e se ganhar vai poder escolher o seu próprio ministério, acredito que ele vai tentar adquirir governabilidade sem a necessidade de sem submeter as imposições partidárias, que é a raiz da corrupção neste País. Mas não é porque eu o apoio que vou abrir mão de discutir com veemência algumas propostas, a exemplo do armamento da população. Penso que devemos valorizar a polícia, e que deve ser declarada guerra aos bandidos mesmo, tem que ir pra cima, não dá para melhorar a segurança pública perguntando ao bandido o que ele acha, e para trata-los como se fossem os mocinhos, tem que ter leitura para ele, e pode ser o que for, religioso inclusive, se ele é um agressor ele tem que ser tratado como um agressor.
Em um cenário de 2º turno entre Bolsonaro e um representante de centro-esquerda, quem o senhor apoiaria?
O meu candidato é Bolsonaro, quando estou no palanque junto com José Ronaldo (DEM), candidato ao governo, eu não peço votos para Bolsonaro, porque é um palanque que o ACM Neto apoia o Geraldo Alckmin (PSDB), então, a gente trata isto com muito respeito, mas o meu voto é de Bolsonaro em todos os cenários.
Isto não provoca dúvidas ao eleitor?
Não, não cria dúvidas, tem pessoas que tem um candidato de cada coligação ou partido. Essa eleição será muito diferente. O Alckmin é uma pessoa bem qualificada, até vi o debate dele, e até respirei fundo, pensei poxa que legal, eu não preciso me posicionar contra ele. Mas numa hipótese que acho que não vai acontecer, de um segundo turno sem Bolsonaro é eu obviamente votaria nele.
Sobre a candidata da Rede, Marina Silva, que também evangélica, o Sr. votaria?
Não, por achar que ela não está decidida. Eu votaria nela, como ela confessa a fé dela, se ela se posicionasse politicamente como nós cristãos pensamos, como Jesus quer que a gente pense, e não defendendo bandeiras. É preciso ter opiniões!
Como presidente da República não se pode governar apenas para um grupo, neste caso, os evangélicos. Ela defende o Estado laico...
O Estado laico dá direito a todo o ser humano de escolher a sua religião, e isso é muito cristão, o cristianismo de Jesus Cristo é democrático no que diz respeito as escolhas que as pessoas fazem, porém, se Jesus disse “isso é pecado, toma cuidado com isto”, porque aquilo prejudica a gente. É como se eu como cristão, se você me pergunta se o “homossexualismo” é pecado eu digo que sim, mas digo ao homossexual ou a qualquer pessoa que tenha uma prática que eu acho que não está de acordo com a bíblia, não é que seja crime ... o “homossexualismo” não é crime, por isso não se pode trata-lo como um criminoso, isso não existe, mas vou dizer que procure por Deus. Na discusão de que o homossexual nasce assim ou é opção, digo que é opção, mas é um assunto que não se deve criar ideia geral, deve se respeitar o ser humano.
O Sr. se refere à homossexualidade como “homossexualismo”, acha que é uma doença?
Não. Eu acho que é opção. Tratar homossexuais como doente é absurdo. Ele fez uma opção que precisa ser respeitada mesmo que seja pelo rigor da lei. Se você levar seu filho ao médico ou ao pediatra e ele for homossexual, você vai embora? Se chegar em um restaurante e for atendido por um garçom homossexual você vai embora? Não vai! Deixa a pessoa viver a vida dela...
O Sr. é adepto da religião evangélica há quanto tempo?
Tinha 33 anos, quando estava saindo das drogas, hoje estou com 51, faz 24 anos.
A Bahia tem no Carnaval e nas religiões de matriz africana alguns dos mais fortes simbolismos culturais ligados à atração de turistas. No Senado, o senhor apoiaria projetos a favor dessas expressões do nosso estado?
Os orixás, as entidades do Candomblé, na minha cabeça, não trataria como algo cultural, trataria como algo religioso, e ressalto que toda religião deve ser respeitada, o Estado é Laico, eu não aprovaria leis que favorecessem nenhum lado e nem outro, não diria sim para leis que colocassem qualquer religião a cima de outra. Quero ser um defensor da família por acreditar que a melhor maneira de se viver é não ensinando sexualidade aos nossos filhos, sou contra ideologia de gênero, não liberando as drogas.
Como é a relação atualmente do senhor com o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, que dirige uma instituição que fez parte da história de vida do senhor?
Foi um grande amigo, me ajudou muito, não só ele, como os demais diretores do Olodum, recebi de João Jorge as maiores oportunidades na vida, que foi fazer parte do quadro de cantores. Tem muito tempo que não o vejo, mas a lembrança que tenho dele é de alguém que me ajudou na vida.
Qual avaliação faz do seu mandato enquanto deputado federal e Por que o senhor acha que deve ser senador da República?
Meu mandato foi uma residência como os médicos fazem. Trabalhamos aprendendo observar pessoas que já sabem e que fazem, aprendi muito neste tempo, e quero ser Senador para aumentar a representatividade de homens e mulheres que querem defender a família brasileira.
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