ELEIÇÕES 2024
Jaques Wagner: "Temos tarefas bem importantes para fazer no Congresso"
Por Yuri Pastori l A TARDE BA
Jaques Wagner (PT) já foi deputado federal (1991 a 2003), ministro do Trabalho no governo Lula (2003 e 2004) e, por duas vezes, governador da Bahia (2007 a 2014), além disso, foi ministro da Casa Civil de Dilma (2015 e 2016). Antes de atuar em um partido político, já fazia política desde quando era escoteiro e integrava movimento comunitário. Na universidade, no Rio de Janeiro, estado de origem, foi presidente do diretório acadêmico. O petista também atuou como diretor do Sindiquímica-BA. Nesta entrevista, analisa o cenário estadual e nacional, faz críticas à reforma trabalhista e às investigações da PF em relação a irregularidades na construção da Arena Fonte Nova.
Como está vendo o clima nas ruas? O senhor acha possível uma reviravolta da oposição na eleição?
Rui está puxado. Há uma diferença. Naquela época, Paulo Souto nunca teve cacoete para política. Apesar do pessoal dizer, Rui foi um grande gestor. Concordo. Comparado comigo, eu sou mais político do que gestor. Não para dizer que ele é gestor. Ele foi vereador, foi do movimento sindical, deputado federal, meu articulador político. Ele está com a fala excelente para as pessoas. Eu nem falo para não atrapalhar. Tem coisas que a gente é ótimo, tem coisas que a gente é bom. Tem coisas que a gente é ruim. Tem coisas que é péssimo. Eu sempre digo assim. O senhor procura se cercar de quem? De quem me complementa. Eu preciso de alguém que faça o que não sei fazer bem.
O senhor já foi governador duas vezes, foi cotado para ser candidato a presidente para substituir o Lula. Porque o senhor deseja ser senador da república?
Era esse nosso planejamento para continuar militando na política. Eu acho que temos tarefas importantíssimas para fazer na casa legislativa tanto no senado quanto na câmara. A reforma política é uma delas, a reforma eleitoral é outra. Defendo uma eleição única de quatro em quatro anos e a concomitância das eleições porque acho que seria mais proveitoso para a democracia brasileira. Eu acho que a gente tem que fazer um grande debate nacional para fortalecer a democracia brasileira que está muito abalada desde o episódio de 2016. Eu acho que a gente entrou num desequilíbrio na harmonia dos poderes. Eu gosto de dizer que a política está judicializada e a justiça muito politizada. Está se misturando os papéis. Primeiro que eu entrei na política para tentar construir um mundo melhor. Eu faço política antes de estar em partido político, desde do movimento de escoteiro, comunitário, na universidade do Rio de Janeiro fui presidente do diretório acadêmico. Eu acho que o exercício da política para quem faz ela não como profissão mas como sacerdócio, como ideal, pra mim é uma das atividades mais nobres do ser humano. Então, não quero me afastar da política. Em 2014 muita gente dizia que eu devia sair a senador e eu dizia que ia cumprir meu mandato, que os baianos me deram. Não me arrependo. Ao contrário, a gente fez Otto [Alencar]senador e depois continuei trabalhando como ministro da Dilma, aqui como secretário e agora o próprio Lula achou como muita naturalidade que eu deveria sair como senador. Essa coisa do meu nome ser lembrado é por conta do êxito que a gente teve aqui na Bahia. Foram 8 anos, depois fizemos o sucessor Rui. A eleição é 7 de outubro, mas nós estamos numa embocadura muito boa para conseguirmos mais 4 anos para Rui. Em 2014, ninguém acreditava na candidatura e nós derrotamos o DEM. Aí fica aquela mística, o cara derrotou os que pareciam que iam.
O senhor conseguiu eleger Rui sem ele ser conhecido.
Em 2014, quando eu lancei a candidatura de Rui havia uma desconfiança dentro do próprio grupo. Na verdade, não foi eu que lancei, foi o conselho que decidiu dentro do grupo político. Como era bem avaliado e era governador. As pessoas discutiram. Houve dentro do PT outros candidatos que se apresentaram como Gabrielli e Walter Pinheiro, mas acabaram escolhendo. Tenho uma amizade com Rui a mais de 30 anos, mas a escolha se deu mais em cima da trajetória dele do que da amizade. Ele foi do movimento sindical, foi vereador. Quando chamei ele para fazer a articulação política, ele largou a vereança para fazer. Ele fez todo um trabalho que tarimbou ele nessas relações. Foi eleito o terceiro federal mais votado da Bahia em 2010. Depois de um ano no congresso ele voltou para a Casa Civil, interagiu com toda parte administrativa do governo. Eu sabia que ele tinha o mapa baiano político e administrativo na mão. Então era um cara preparado. Como ele não era muito conhecido, apesar de ter 200 mil votos para 15 milhões de baianos é muito pouco. Eu tinha certeza pelo que a gente tinha realizado que tínhamos chance. Graças a Deus, deu tudo certo e deu mais certo ainda porque o que mais recebo no interior é parabéns pela escolha.
O senhor assumindo o senado, quais os seus projetos prioritários? Detalhe-os por favor.
Repare, não tem. A minha prioridade com a candidatura ao Senado é a reforma política, porque a gente precisa reequilibrar a harmonia entre os poderes. Essa frase que falei ela resume muito a minha preocupação. Hoje você ganha a eleição e o adversário leva tudo para a Justiça. Está totalmente judicializada, vai perdendo, vai tentando ganhar. Não que as pessoas não devam recorrer ao Judiciário, mas estou dizendo que a incidência disso é altíssima. E acabou que o Judiciário, na minha opinião, deixou o vento da política dentro dos tribunais. Inclusive, nos tribunais superiores. Isso, para mim, acaba fazendo a desarmonia que eu chamo dos poderes. Essa é a prioridade. O resto tem mil projetos que a gente vai fazer a revitalização do São Francisco, programas que digam respeito a juventude. Não tem uma fórmula. Até porque, quando você entra no senado, não é sua ideia que vai entra e sair. Aquilo lá, é uma casa de debate. Então, tem uma agenda. Minha agenda é a questão da política, que é a mãe de todas as reformas e que, na minha opinião, acho até com responsabilidade do PT. Acho até que a gente já devia ter feito isso lá em 2003. A gente não estaria vivendo esta multiplicidade de partidos políticos. Não funciona em nenhum lugar do mundo. O Brasil só tem menos partidos políticos no sentido das Américas que no Haiti. Não é razoável para uma potência do ponto de vista do seu potencial de natureza, de água, de solo, de terra, de capacidade tecnológica. O que a gente conseguiu avançar, nesses dois anos, a gente perdeu muito em inteligência. Está cheio de engenheiro, cheio de gente que está disperso. As empresas foram muito atingidas e acabou que teve essa dispersão. Tem áreas que me encantam. Meio ambiente é uma área que tenho uma proximidade muito grande. A área internacional que nos governos do presidente Lula a gente exercitou e exerceu essa expansão. A gente passou a ser alguém na constelação internacional. Hoje, infelizmente, a gente virou um local de desconfiança para os de fora, justamente por causa desse processo todo. Outras áreas estão invadindo áreas que são da política. O Ministério Público também eu acho que precisa entender. O MP tem uma regra que cada cabeça é um mundo. Eu não consigo entender uma instituição que funciona assim. Na verdade, você tem uma hierarquia administrativa. Mas você não vai criando jurisprudência. Eu acho que tem questões de funcionamento da democracia brasileira que a gente precisa melhorar, claro que o combate à corrupção é fundamental. Trabalhar cada vez mais para ter transparência é fundamental. Agora, quem organiza uma sociedade é a política.
E em relação à reforma trabalhista (já aprovada), a reforma política e a da previdência?
Olha todas as duas foram produzidas por um governo que perdeu totalmente a legitimidade perante à sociedade e que, assim como fez no golpe, enfiou goela abaixo da sociedade brasileira um vice-presidente que não tinha sido escalado para isso. Então, a reforma da previdência acabou nem saindo. Nós já trabalhávamos na atualização da previdência há muito tempo com Gabas [Carlos Gabas], que já foi ministro da previdência é um cara profundamente conhecido. O que eu acho que está se fazendo agora é o de sempre. A reforma trabalhista trabalha no sentido da precarização. Eu fui ministro do trabalho do presidente Lula e começamos, mas o trabalho acabou não sequenciando o Fórum Nacional do Trabalho, que era justamente para atualização da legislação trabalhista num diálogo entre patrões e empregados, que é o que eu defendo. O sindicato do qual eu fui diretor, o Sindiquímica-BA, foi dos primeiros sindicatos a fazer um acordo em patronato fora da legislação, ou seja, estabelecendo regras nossas de convivência. E eu sempre digo muitas vezes, o pessoal ia no meu gabinete reclamar do custo da mão de obra etc. e falavam muito da China e de outros países. Eu falei, “olha gente, nós temos que modificar o nosso sistema, não adianta ficar querendo importar uma coisa”. A China tem um sistema político totalmente diferente do nosso. Então, a regra que ela tem lá é possível, dentro de um governo que tem aquela característica. No nosso, não tem. Então, essa reforma que foi aprovada pra mim não é uma reforma, é uma tentativa de precarizar o mundo do trabalho e se teve algum aprendizado que a gente teve com os 8 anos do Lula e mais os primeiros 4 da Dilma, quando o governo dela ainda não tinha problema na economia, nós invertemos aquele velho teorema, só precisa crescer pra depois distribuir e o Lula disse só vai crescer se distribuir, porque óbvio você forma um mercado de massa. O Lula sempre defendeu isso. O Lula não é um cara que tem nada contra o lucro. Não é esquerda tradicional contra o capital, ele está mais para a harmonia e pro desenvolvimento, agora ele é um cara que prega pro social. Henry Ford disse se o meu funcionário não pode comprar o produto que eu produzo eu vou vender para quem? Então, essa reforma trabalhista para mim não vale. Aliás, já tem dados atuais que mostram empobrecimento a partir dessa reforma.
Como o senhor está vendo esse cenário eleitoral agora que a candidatura do Lula foi indeferida. O PT continuou insistindo no Lula e demorou para efetivar o Haddad, não foi um suicídio eleitoral?
Não acho e confesso que o Lula não tem, pelo rigor que ele tem, acho muito difícil que que ele não esteja fazendo os cálculos, porque ao fim e a cabo quem está definindo o time de cada coisa é ele. Eu tive com ele em 7 de junho. Naquela época, na minha opinião ele já devia ter escolhido um vice para fazer uma chapa completa. E ele me disse galego está muito cedo para escolher vice na hora certa eu vou escolher. Como ele tem muito tino com a política ele entrou com recurso no STF e mirou o dia 11 que foi o prazo que o TSE deu para substituição. Então não houve nenhum suicídio. Ele tensionou, poque como ele disse o problema não é ser só candidato, é provar sua inocência. Eu hoje estava vendo um vídeo de um cidadão do interior paraibano que ele dizia “a melhor coisa é ser candidato preso” ele diz assim “ os outros estão fora gastando dinheiro e todo mundo não cresce e o cara está lá naquela salinha do Paraná e cada vez cresce mais. Porque está crescendo na minha opinião o votador do Lula, não vou chamar de eleitor , quem está votando no Lula hoje: o eleitor do Lula e do PT com 24 % como partido político, os que são petistas, os que concordam com tudo que a gente prega, os que estão com saudade do tempo de ouro que viveram os 8 anos do Lula e os primeiros quatro da Dilma, ou seja, as pessoas vivendo prosperidade, botar filho na escola, na universidade, viajar de avião, comprara carro, DVD e está se agregando a isso uma legião que não concorda com o processo que está se fazendo contra ele. Está ficando cada vez mais claro que é um processo de discriminação. O eleitor cresce porque acho que o povo não gosta muito de injustiça. Para além dos petistas muita gente já concorda. Eu andava em São Paulo e vejo como melhorou o ambiente para gente por conta disso. Primeiro, porque as pessoas viram que quem entrou no lugar da Dilma não melhorou nada. Ao contrário, deu uma desarrumada. Então as pessoas estão com saudade desse tempo.
Você não acha que a gente discutir se o Lula pode ou não pode concorrer, justamente no período do processo eleitoral, não esvazia a discussão de propostas dos candidatos e o debate dos problemas do Brasil e só discute a questão do Lula?
Não dependeu da gente. A gente lutou o tempo todo pra provar a inocência dele e infelizmente o Judiciário insiste com a tese da condenação dele. Não vou entrar no mérito do Judiciário, nós temos recurso no Supremo. Tem A, B, C que não foi votado na minha opinião inexplicavelmente, porque é uma matéria que está lá e se resolve que tem que colocar depois de inviabilizar a candidatura do Lula. Então essas a gente tem um ditado aqui na Bahia que diz tudo que é ditado é sobra. Na minha opinião, está demais a injustiça contra o Lula está sobrando e o povo está dando conta disso. Eu concordo com você, a gente devia está fazendo debate de programa. Aliás, um dos motivos que ele escolheu o Haddad, além dos valores do Haddad, o currículo dele excepcional, trabalhou na prefeitura de São Paulo, foi prefeito de São Paulo, tem uma visão de mundo e tem os elementos básicos, na minha opinião, para ser presidente. Tem projeto político e compromisso com a população do Brasil e tem um código de ética e um procedimento que já foi demonstrado lá em São Paulo. Muito do que ele escolheu foi o fato de ele ser o coordenador do programa de governo. Ele como programador de governo seja o cara que mais mergulhou nessa tarefa, é o que tem a melhor visão do que o Lula para sequenciar. Eu queria também está discutindo o estatuto do trabalho e várias ideias lançadas pelo Lula. A própria população vai querer saber do Haddad qual o nosso programa de governo. Não podemos ficar limitado a discutir a questão do Lula. A questão do Lula vai continuar sendo discutida independente do programa eleitoral. Esta camisa que uso virou meu uniforme [ a camisa branca com uma figura do Lula e escrito Lula Livre]. Não vou me eleger falando por Lula Livre. Mas vou me eleger sem deixar de falar do Lula Livre.
A Alice Portugal do PC do B, candidata apoiada pelo seu grupo para a prefeitura de Salvador, adotou a estratégia de falar do golpe o tempo todo e o resultado eleitoral foi desastroso?
Não se sustenta. Vamos pegar um exemplo mais perto da gente. Rui está na rua, já visitamos 50 cidades pretendemos visitar mais 120 ele fala do Lula, como uma injustiça feita no país com o golpe, fala do governo dele, de valores de vida dele, da família, dos senadores e dos deputados federais e estaduais dele. Eu concordo com você Rui foi meu sucessor, óbvio que eu fiz foi a plataforma de arranque dele porque vinha de um governo exitoso, mas disse ele “ Você não vai se eleger com a minha história. A minha história será fiadora daquilo que você apresentar para a população e ele fez o programa de governo dele. E realizou. A policlínica é dele. Uma série de coisas novas ele introduziu, é dele. Tem outras que começaram comigo, o metrô, as avenidas daqui, estradas, investimentos em saúde, tem coisas que é dele. Ele criou a personalidade própria dele, que é o mínimo que você pode ter. Ninguém pode ser sombra do outro pra ser governador. É uma bobagem isso. Virou um cacoete aqui, que quando a pessoa não é conhecida que vai eleger um poste. Quando eu lancei Rui disseram que era um poste. O Haddad está longe de ser poste. É um cara que tem uma formação fantástica e já foi prefeito. Aliás, ele já foi prefeito de uma cidade com a população da Bahia. Extremamente inovador. Ah, mas ele não foi pro segundo turno. Tem até uma maldade aí, porque não teve segundo turno. Parece que teve segundo turno e ele não foi. Aqui o Paulo Souto também não foi para o segundo turno. É bom lembrar que 2016 foi o olho do furacão pra gente. Nós tínhamos 70 prefeituras em São Paulo ficamos com 8 perdemos 90 %. Perdemos 62% dos votos que a gente tinha tido na última eleição. Então ele perdeu a reeleição dele no pior momento de críticas ao PT. Mas ele está longe de ser um poste, ele é professor tem muito mais fama do que eu. As pessoas se elegem pelo que elas apresentam para a população. Eu sempre defendo que nós somos um projeto político. Não são só pessoas. É lógico que personaliza no Rui como personalizou em mim, no Lula ou no Haddad, mas o que junta nesse bloco que está com a gente PP, PSD, PSB, PP, uma série de partidos é o projeto político.
Como o senhor está vendo o processo eleitoral na Bahia?
Eu acho que a gente formou um grupo eleitoral muito forte, com políticos diversos PP, PR, PC do B, PSB, Podemos, Avante, PT, ou seja, a gente conseguiu fazer uma pluralidade muito grande respeitando cada qual e criando nossa fidedignidade ao programa de governo. Eu acho que Rui está muito bem. O projeto está com uma embocadura muito boa. Então eu tenho defendido muito bem isso, não é eu um e Coronel outro, eu e Coronel somos dois senadores de um projeto político. Ele pensa coisas diferentes? Eu sei que ele falou que é a favor da maioridade penal. É o pensamento dele. Eu acho que a gente tem unidade, por exemplo, quando teve o impeachment, os 24 deputados federais da base de Rui e os 3 senadores votaram junto contra o impeachment, originalmente alguns tinham posições diferentes. Originalmente, se a gente quer ser grupo temos que debater internamente. Nem que seja por volta de uma via temos que ter uma posição. A não ser que seja questões de consciência. Tipo pena de morte, eu não posso impor a ninguém que tenha o mesmo pensamento que eu, porque nós somos plurais mas nas questões matriciais a gente tem unidade. Porque estou dizendo isso? Rui ganhando a tendência é ir os dois senadores juntos, porque a tendência é ir o projeto político como um agrupamento de ideias.
Foi divulgado recentemente o IDEB e a Bahia ficou com o pior índice do país. O senhor governou a Bahia durante 8 anos e Rui mais 4 anos, num total de 12 anos. Porque não deu pra melhorar esses índices?
Melhorou muito. No meus 8 anos melhorou. E se não estou enganado nos dois primeiros anos do Rui também melhoraram e esse último caiu. Os governadores do Nordeste já fizeram um manifesto claro contra a metodologia introduzida pelo governo atual, que mudou completamente. Confesso que não conheço detalhes da metodologia, mas 6 dos 9 refutaram o que está sendo feito. Então, não quero brincar com números, mas evidentemente a forma como faz a pesquisa tem tudo a ver. Como eu acho esse governo totalmente ilegítimo. Não acho que seja impossível que a metodologia introduzida é equivocada. Eu quando cheguei aqui a Bahia era o estado com o maior número de analfabetos do Brasil eu fiz um programa desde o meu primeiro ano chamado Topa, Todos pela Alfabetização, que não era assinar nome, eram 8 meses de curso. As pessoas só recebiam um atestado depois que eles conseguiam escrever uma carta de próprio punho. Nós evoluímos em muita coisa. Tem cidades aqui como Andaraí eu sei que foi para um patamar melhor. São Paulo também eu sei que caiu. Agora, óbvio que é um problema. Eu só quero saber qual é a metodologia? Igual a questão da segurança. No meu governo eu exigi transparência na área de segurança pública. Fizemos o programa Pacto pela Vida. Rui é o governador que mais contratou policiais tanto civil, quanto militar, polícia técnica e bombeiros na história da Bahia. Até contratou mais do que contratei. Em quatro anos renovou a frota toda. Fizemos as bases comunitárias de segurança, não é uma UPP, mas é uma metodologia dos policiais entrarem na comunidade. Agora a gente tem transparência absoluta. Eu não quero citar estado nenhum, mas tem estado que foi encontrado morto é homicídio vai para a estatística. Tem estado que tem um termo morte por causa duvidosa ou seja indeterminado enquanto não determina ou seja se a polícia não descobrir fica no estoque de outras causas. Segurança é um problema extremamente complexo a gente tentou trazer os melhores técnicos consultores especialistas disso. Eu posso garantir que hoje você tem uma equipe da Polícia Militar, Civil. Técnica e Bombeiro muito mais motivados. É da água pro vinho. Os caras não tinham capacete, colete a prova de bala, arma. Quando sai deixei cada policial com a sua arma numerada, não tinha nem bala para fazer treino, até cota de gasolina que recebiam era ridículo. Então estamos evoluindo, o problema é que do outro lado o tráfico também está evoluindo infelizmente e lhe digo sem medo de errar, que 70% dos homicídios na Bahia estão relacionados ao tráfico de drogas. Ou é briga entre quadrilha ou em treinamento com a polícia, ou eles matando gente que não pagou e consumiu, ou até pela disputa mesmo. Quando morre um chefe de grupo eu já sei que a violência vai aumentar, porque o segundo escalão todo começa a disputar quem vai assumir. E como a gente nunca topou fazer nenhum tipo de acordo com o pessoal do tráfico então essas coisas acontecem mesmo.
Mas o senhor não acha que o tráfico está crescendo porque está faltando política pública?
Eu como um cara de formação de esquerda e humanista. Eu digo que sua frase está absolutamente correta. A exclusão não é a pobreza empurra pra violência e para o tráfico. Eu acho que isso já não responde por todo o tamanho do tráfico. Porque o tráfico acabou virando um negócio no mundo inteiro de bilhões e bilhões de dólares. Eu já ouvi aqui no subúrbio de Salvador, mãe dizer “eu vou fazer o que”, o menino que trabalhava para os caras recebia dois salários mínimos. É uma empresa não registrada que corrompe gente do judiciário, do MP, da polícia, do governo. Todo mundo sabe que estão infiltrado em tudo que é lugar. A causa original concordo com você, a minha tese é que é melhor um lápis na mão do que um fuzil como alguns estão recomendando. Acho que botar fuzil na mão de todo mundo não vai resolver nada. O problema é de inclusão social. Porque estou te falando isso, mesmo no meu governo quando a gente chegou na taxa mais baixa da história da Bahia. Eu não zerei o problema do tráfico e tinha momentos até de incremento. Hoje temos premiação para o grupo de policiais que toma conta de uma área quando cai o número de crimes, principalmente, com morte tem todo um sistema e mês a mês tem uma avaliação que o Rui manteve com a presença do próprio governador, de membro do legislativo, do judiciário, do MP e defensoria. A causa mãe é essa que você falou. Mais política pública de inclusão, emprego e renda. Se as pessoas tiverem como viver dignamente sem está tangenciando o crime todo mundo prefere. Todo mundo sabe que está ali e não está se arriscando a morrer a qualquer hora. Então, eu só digo o seguinte: a razão mãe não explica tudo.
O candidato Marcos Mendes (PSOL) disse também que “A falta de autonomia das universidades estaduais é uma coisa que foi retirada no governo carlista e que foi mantida pelo governo Rui Costa e foi uma promessa de Wagner na época que ia acabar com isso é”. Ele se referia a universidade não poder decidir para onde vai o dinheiro que recebe do governo. Porque o senhor não cumpriu a promessa ou não prometeu isso?
Nós discutimos muito. Eu interajo com o pessoal da universidade e do sindicato, apesar de uma greve de 4 meses da APLB. Tivemos um desentendimento que não era nem financeiro, mas de concepção. Mas, eu disse que a gente poderia chegar a estabelecer um valor percentual para o orçamento das universidades e elas tinham que ter a responsabilidade de viver com aquilo. Eu acho que toda contrapartida tem que corresponder a contrapartida de responsabilização dos seus. Porque autonomia a universidade tem. Ela decide as suas coisas todas. Agora ela não pode pretender isso, vamos dizer e invada o orçamento do estado, pois tem restrições orçamentárias. Todo mundo tem que compartilhar. Eu sempre fiz um esforço que a gente pegasse do orçamento da faculdade e gastasse mais na atividade fim. Para isso tem que ter cobrança, tem que ter gestão, gastar menos, otimizar a vigilância, gasto de energia elétrica, gasto de água, uma série de coisas para você poder concentrar nisso. Agora não posso ter um orçamento para a universidade inelástico. A autonomia tem que caber dentro de um determinado orçamento. Eu acho que o candidato pesa a mão, quando ele diz ou tenta comparar o nosso governo o meu e agora o de Rui com os de Antônio Carlos são situações totalmente diferentes. Inclusive o movimento sindical com as entidades que representam...
Ele fala muito que o Otto Alencar e o João Leão que foram apoiadores de ACM, fazem parte do grupo de vocês.
Eles fazem parte de um guarda chuva que é um projeto de governo nosso. Eu não tenho nenhuma ilusão de que na democracia brasileira você vai governar só com os seus. Você tem que primeiro construir uma maioria e depois uma hegemonia de ideias.
O senhor não acha que foi isso (esses tipos de alianças) que derrubou Dilma?
Eu acho que essas pessoas traíram o projeto, viram uma oportunidade de mandar. Como eram maioria acabaram mudando, mas com quem ela ia governar? Ela precisa do congresso. O congresso tinha 517, se pegar só o campo da esquerda cento e pouco como é que governa? Eu quando ganhei a eleição em 2006, eu não tinha maioria na assembleia, eu tive que construir. Alguns defendem você pode governar até em minoria. Eu acho complicado muito desgastante. Porque a democracia, a assembleia é a casa do povo tem que interagir. Eu não vejo problema em fazer governo em coalizão. O problema é se você perder seu rumo e seu prumo. Eu modéstia parte fiz um governo, consegui manter um grupo que a gente brinca azul e vermelho e não acho que perdi minha cara. O governo tem marcadores sociais extremamente expressivos. Um relação com índios, negros, movimento sindical, agricultura familiar. Eu recebi esse estado com 4 mil jovens matriculados na escola no ensino médio e profissionalizante entreguei para Rui com 70 ou 80, hoje já está em 140. Eu recebi o estado tinha 5 mil agricultores familiares que tinham garantia safra, eu entreguei com 300 mil, ele acho que está chegando em 400 mil. Rui acabou investindo no orçamento dele 1,2 bilhões na agricultura familiar. Os editais que a gente faz através da CAR/BNDES e da secretaria de desenvolvimento regional que era o Jerônimo atualmente coordenador da campanha do Rui são todos por editais, ou seja, é uma transparência absoluta. E são editais que nós temos uma relação com a institucionalidade, com os prefeitos, e temos as relações com o movimento. Se você entrar em todo o tecido social, movimento dos sem teto, sem terra, agricultura familiar, eles nunca tiveram a relação que tiveram com o nosso governo. Agora eu não reclamo, eu costumo dizer que o PSOL é um partido parceiro, porque é do campo progressista, ele não é um antagônico a nós.
O senhor foi alvo de um mandado de busca e apreensão em fevereiro deste ano na investigação que aponta irregularidades na contratação de serviços para a Arena Fonte Nova. Em entrevista ao jornal A Tarde, o candidato ao governo Marcos Mendes do PSOL disse que há “indícios fortíssimos de esquemas de desvios. Se fizer uma transparência, existem pessoas que recebem salários altíssimos nesses esquemas da Fonte Nova”. O senhor teme que o resultado dessa investigação atrapalhe o seu futuro mandato, caso o senhor vença as eleições?
Não. Primeiro estou muito tranquilo sobre a metodologia que a gente usou na Fonte Nova. Existe uma dificuldade de entendimento que começa no Tribunal de Contas do Estado que a gente usou uma ferramenta nova que é a parceria público privada para fazer a Arena Fonte Nova, como fiz o Hospital do Subúrbio. Como o Rui fez o hospital Couto Maia. Como a gente fez outros hospitais. E várias coisas nós temos utilizado. Repare só um cara de esquerda. A PPP é uma ferramenta dentro da economia de mercado. É juntar o interesse público e o privado. Evidentemente o cara vai querer ter o lucro dele. E eu quero o serviço de volta entregue. Eu recebi prêmio do Banco Mundial em relação ao Hospital do Subúrbio. Em relação a Fonte Nova a própria Fifa na época reconheceu que foi a melhor equação. Por acento que é a forma de você considerar o preço do estádio, o custo dele pelo número de acento de 50, 52 mil cadeiras está entre os três mais baratos dos que foram feitos aqui, mas na minha opinião há uma falta de entendimento sobre o que é PPP até porque era uma ferramenta nova que nós tivemos coragem de fazer. Hoje a Bahia é considerada expert em PPP. O nosso pessoal de secretaria de Fazenda que trabalha nessa área sai para dar palestra, faz curso na Inglaterra. O melhor custo benefício que eu tenho hoje é o Hospital do Subúrbio, foi premiado. Inclusive teve a visita não me lembro se era o cara da OEA ou do Banco Mundial que veio aqui e virou exemplo. A própria forma que Rui construiu o Hospital da Mulher, que não é bem uma PPP, mas a forma de contratação é totalmente moderna. Então, houve e é um direito do TCE um entendimento que a PPP excessivamente onerosa para o estado. Qualquer contrato você pode até revisitar e reavaliar, apertar mais ou menos. O que ele está se referindo em relação a salário é da iniciativa privada. A empresa que ganhou que é a Fonte Nova Participações que evidentemente como é PPP tem condições de ir pra cima e dizer eu acho exagerado isso , como eu pago parte disso aí está saindo caro. Agora, o que a gente fez aqui acabou sendo feito em vários outros estados do país. Essa coisa chegou na mão da Polícia Federal provocada se não me engano pelo MPF e estadual, que na minha concepção já é um equívoco, que a jurisprudência do TCU e do próprio STF é de que se o dinheiro foi analisado aqui o obrigação é do MPE e dos órgãos de controle daqui, isso foi pra PF, o primeiro delegado que enfrentou o problema disse que era pra ir pra arquivo porque não havia, que era papel do TCE e o MP se insurgiu foi pra mão de outra delegada a que preside atualmente a investigação, que acolheu as razões do TCE, mandou fazer uma auditoria, uma diligência, sindicância com os órgãos da PF, chegou a um número que é extremamente estratosférico de um desvio de duzentos, trezentos sei lá quanto ela falou, primeiro que PPP não tem valor unitário de obra.
A PF diz que o senhor teria recebido uma propina de R$ 82 milhões.
Pois é. Eu não vou mais debater com a entrevista. Primeiro que acho que isso tudo está errado. O Brasil está precisando parar de fazer espetáculo com investigação. O nome investigação deveria guardar pra entregar a alguém que é a desembargadora federal do TRF1 que é quem preside, na verdade as pessoas fazem espetáculo. R$ 82 milhões, onde foi que ela achou esse número? Eu sei de onde ela tirou, saiu somando uma porção. Eu desafio em qualquer delação tanto da OAS quanto da Odebrecht que a Fonte Nova foi fonte de eventual contribuição de campanha. Eu li todas as delações premiadas. Nenhum deles cita a Fonte Nova como overprice para isso aí. Nenhuma, não é estranho. Eu disse isso pra delegada. Todos os delatores que fizeram a delação, as peças que me incluíram foi por outro motivo, não foi por esse. O ministro Fachin mandou pra cá para o MP investigar. Está investigando, uma parte foi arquivada. Então ela pediu a busca, aliás ela pediu minha prisão. A desembargadora que deu só busca e apreensão. Óbvio que isso me chateia, porque acaba envolvendo família, mas acho que a gente tem uma história no estado. Então, não acho fácil querer pregar em mim o carimbo de corrupto porque aqui na Bahia tudo se sabe.
Qual a sua opinião sobre a emenda 95 que congela os gastos públicos de educação e saúde por 20 anos? Vai propor algo pra mudar isso?
Eu acho um absurdo essa emenda. É uma visão do estado desse tamanho [juntou os dedos]. Foi exatamente o contrário disso que o Lula fez e que a gente conseguiu chegar. Não existe estado que você pode gerir como você gere uma venda. Com um livro caixa na mão. E não precisa dizer pra mim que tem que ter a responsabilidade fiscal porque tanto eu quanto Rui entregamos o estado extremamente saneado com uma margem de endividamento altíssima. Isso pra mim não é lição pra ninguém. Isso é obrigação. Ninguém pode estourar orçamento senão ninguém aguenta. Na crise que está o estado está de pé. Se fosse esculhambação orçamentária o estado já tinha quebrado. 16 ou 18 dos 27 estados atrasaram salários, pararam obra agente está conseguindo segurar, mesmo com o grau de rasteira que o governo federal dá. O empréstimo do Banco do Brasil teve que se entrar na justiça para sair e o empréstimo do banco europeu de perto de 800 a 900 milhões poderia estar fazendo estrada e outras obras por aí, até hoje o Ministério da Fazenda não assinou, apesar de que o estado da Bahia tem margem de endividamento. Essa medida é a mesma ideia do estado mínimo. Não dá pra ter estado mínimo. O Brasil é um país que tem um fosso social imenso. As pessoas falam de estado mínimo na Suíça. Ok. Mas a Suíça, é desse tamanhinho com a renda per capita lá em cima, é outra realidade. Eu acho graça que esse pessoal fala de estado mínimo, porque tem o custeio. O que é o custeio? Remédio no hospital, gasolina no carro de polícia, armamento para o policial. Então nós investimos tem metrô, a ponte Salvador-Itaparica que eu espero que já vá, o Rui acabou de licitar o VLT, então nós fizemos muito investimento, trouxe muita indústria pra cá, nós chegamos no menor índice de desemprego, agora o cara dizer que vai congelar arbitrariamente pra mim é loucura total. Não vai ser eu que vai ser contra ela, deve ser eu e a torcida do Flamengo e do Corinthians junta.
O senhor é a favor da redução da maioridade penal?
Não. As pessoas às vezes não aprofundam no estudo e fica criando falsas saídas para o problema. Eu, por exemplo, sou judeu. Tenho profundo respeito por todas as religiões. Trabalhei assim, quando era governador. Católicos, protestantes, evangélicos, religiões de matriz africana, tem um primo carnal meu que é budista, meu filho é espírita, eu acho que é a obrigação de qualquer um de nós respeitar a diversidade. Isso é a alma da democracia é a tolerância com os diferentes. Só os intolerantes é que pregam que todo mundo tem que ter o mesmo pensamento. Eu não posso impor o meu pensamento aos outros. Na minha religião os jovens aos 13 anos fazem o chamado bar-mitzvah , a partir daquela idade perante a religião, a Deus e a comunidade você passa a ter responsabilidade pelos seus atos não é mais seu pai. Mas isso é do ponto de vista religioso. Por isso estou dizendo seus valores. A questão do direito civil é diferente. As pessoas num desespero que eu até entendo por causa do drama que virou a questão de segurança pública no Brasil começam 16 daqui a pouco vão falar que é com 12. Tem menino que com 8 e com 10 é capturado pelo tráfico porque ele sabe que uma criança chama menos atenção do que um adulto. Para mim, não acredito nem em pena de morte nem em redução penal, nem liberdade de uso de armamento. Nada disso vai resolver senão já tinha resolvido nos EUA. O que eu aposto, que eu o que se faz na China e Rui está fazendo, é usar tecnologia, reconhecimento facial. Aí você vai trabalhar na prevenção. Você anda na China, o volume de câmera que tem instalada, não é câmera de trânsito. É pra isso tudo. Mas não há ser humano que fique na tela de televisão olhando as imagens. Então você precisa ter software, o Rui comprou agora e vão ser instalados que cruzem essas informações com o banco de dados que você tem. Aí ele vai misturar isso com shopping center, com metro, aeroporto. Então você começa a trabalhar na prevenção. O que adianta ter uma arma, se você não tem a experiência que tem um policial ou um bandido para operar uma arma? A arma vai parar na mão do bandido. Na hora que você pegar você vai se tremer, nem atirar você sabe. Eu sou contra pena de morte, já por uma questão filosófica. Porque eu acho que como o ser humano sempre falha contra a pena de morte não tem retorno. A gente está cansado de ver filme o cara é preso 30 anos, depois de 30 anos descobriram que não era ele o culpado. As pessoas falam de redução da maioridade penal como se não acontecesse nada. Mas ele só não vai pra cela como os outros. Ele tem o sistema que acolhe jovens infratores. Se é insuficiente e precisa melhorar é outra conversa. Hoje o drama e a ministra Carmem Lúcia falou outro dia é o volume de presos em excesso nas nossas cadeias. Aí, as pessoas querem diminuir a maioridade penal para botar mais gente pra dentro. Eu aprendi quando tocava o pacto pela vida, que no Brasil temos o seguinte problema se prende muito e se prende mal. Roubou uma lata de leite na esquina daqui a pouco vai pra cadeia. Essas pessoas deviam ter aplicado pena alternativa. Que foi outra coisa que eu aprofundei no estado. Criamos vários centros de aplicação de penas alternativas.
Qual o posicionamento do senhor em relação à descriminalização do aborto?
Essa discussão é mal posta no Brasil. Primeiro que não há ninguém que defenda o aborto. Todo mundo sabe que o aborto feito nas melhores condições é uma violência psicológica e física contra a mulher. E feito nas piores condições, como muita gente pobre faz é uma ameaça a vida das mulheres. Na época eleitoral, sempre aparece essas perguntas para colocar de um lado os defensores da vida e os não defensores. É a pior época para tratar desses temas porque está muito polarizado. Acho que temos que trabalhar muito mais em prevenção e educação sexual na escola. Não vamos segurar a onda, no mundo as coisas estão acontecendo precocemente, tem tanto método contraceptivo que hoje é muito menos agressivo do que a pílula. O aborto é o limite porque tinha que ser a exceção da regra. Você também não pode achar que a mulher é criminosa por isso. Hoje o debate no Congresso, inclusive com as feministas, é manter a legislação que está aí. Isso por causa de um trejeito na Câmara que em uma comissão tiraram até o que já existe. Que são os casos em que já é aceito. Eu sou acho que temos que fazer um corte social. Mulheres ricas não tem esse problema e nunca serão criminalizadas porque elas tem dinheiro suficiente pra procurar a melhor clínica, o melhor método e evitar se engravidou sem querer por um acidente de percurso tirar. Quem é criminalizada sempre são as mulheres pobres que estão sujeita a estupro, agressão ou que eventualmente não tem educação sexual necessária ou fornecida. Não só da AIDS e em Carnaval dar camisinha. Deveria chamar a juventude e ensinar a ela como a gente namora sem necessariamente procriar, que é uma coisa mais sublime. Namorar é namorar. Resolver ter um filho é muito mais sublime.
O senhor apoia o sistema de cotas na educação e no funcionalismo?
Sou totalmente favorável. Assim como eu acho que a gente tem uma dívida profunda com a África, não é culpa, é dívida por milhares e milhares de negros que foram trazidos pelo Brasil como escravos. Essa é a cabeça do Lula. Quando a gente levou a Embrapa para a África e fez essa ponte não é peninha dos caras. É uma questão de juízo histórico. De que o Brasil se formou com portugueses, indígenas que aqui habitaram e negros que foram trazidos violentados. O mundo tem uma caminhada muito perigosa no rumo da intolerância. Cresceu o partido nazista na Alemanha, o nacionalista na Europa por conta da imigração ou seja volta o processo de fechamento, preconceito e discriminação. Já temos guerra de mais no mundo. O preconceito é a anti sala da violência e da conflagração. Detesto dono da verdade. Na democracia a gente vive uma pluralidade de partidos, de religião, de orientação sexual. Eu acho que a ninguém não é dado o direito de cercear a decisão do outro. Eu vivo assim, sou casado com Fátima e temos inúmeros amigos seja em terreiro de candomblé, seja LGBT e aí eu prefiro ficar com o papa Francisco que fala com muito mais autoridade que eu, eu não só católico ativo, Fatinha é cristã católica e eu acho que ele tem dado aula de tolerância para todo mundo. Essa questão de preconceito, ah tem os orixás no dique, ah tem que tirar. Isso é um valor nosso baiano. Alguém quer colocar outra homenagem. Vem gente do mundo inteiro visitar.
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