ELEIÇÕES
Lúcio diz que Neto sabe que perderá a eleição no primeiro turno
Cacique do MDB considera que pedido por voto útil é "desespero" e medo de ser derrotado por Jerônimo
Por Dante Nascimento

Em queda nas pesquisas eleitorais, ACM Neto (União Brasil) tem buscado o voto útil dos eleitores de João Roma (PL) para tentar liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Mas, a estratégia revela desespero diante da possível derrota já no próximo domingo, 2, segundo avaliação do presidente de honra do MDB baiano, Lúcio Vieira Lima.
"Política é muito dinâmica e recentemente já mudou minha visão. Não haverá segundo turno. O Jerônimo cresceu tanto que eu afirmo que ele irá ganhar já no primeiro turno. Quando eu disse 'se tiver segundo turno'' é uma análise onde vejo a campanha do ex-prefeito de Salvador simplesmente desaparecer. Está derretendo. Semana após semana, dia após dia, ele cai nas pesquisas e perde apoios", pontuou nesta quinta-feira, 28, em entrevista ao programa Isso É Bahia, da rádio A TARDE FM.
"Ele [Neto] está defendendo o voto inútil. Como é que você, numa campanha política paga com recursos públicos, cada um defende suas propostas, pra chegar no final e dizer: 'não vote em fulano não, vote em mim senão eu vou perder a eleição'. O voto útil está sendo o voto pelo amor de Deus. Então, ele já declarou logo de cara que, se tiver segundo turno, ele perde o segundo turno".
Aos jornalistas Jefferson Beltrão, Ernesto Marques e Levi Vasconcelos, Lúcio relembrou episódio em que Neto, da tribuna da Câmara Federal, ameaçou dar uma "surra" no então presidente Lula, em 2005.
"Alguém que goste de Lula, e Lula é endeusado na Bahia e vai acabar com 80% [dos votos no estado], vai querer votar em alguém que iria dar uma surra nele? Se alguém falar que vai dar uma surra no meu pai, no meu irmão, eu não quero papo".
Um dos principais caciques da política baiana, Lúcio disse não acreditar em "traição" e destacou o embate entre Neto e Roma após o rompimento dos dois, quando o candidato do PL foi convidado a ser Ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro.
"Quem traiu quem? Foi Neto que traiu Roma quando vetou ir para o Ministério? Onde estavam os 20 anos de amizade que Neto não disse: 'esse cara é meu amigo, deixa ele ir para o Ministério'? Ou foi Roma, quando aceitou o Ministério? Ninguém trai ninguém, cada um toma o seu caminho. E o futuro que vai dizer se é certo ou errado".
Durante a entrevista, sobrou até para o companheiro de partido, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins.
"Apesar de ele ser um prefeito do MDB, ele está fazendo a pior gestão que tem. Se ele apoiasse Jerônimo, iria ficar triste, era pior pra Jerônimo. Graças a Deus, ele apoiou Neto".
Sobre um retorno à vida política, Lúcio foi irônico.
"É mais fácil eu sair nu nas ruas de Salvador do que disputar alguma eleição. A não ser que algum Vieira Lima queira disputar. Meus filhos, ninguém manifestou desejo, minha sobrinha não manifestou desejo. Eu vou fazer o que? Impor a candidatura? Se amanhã aparecer um neto que venha através da política estudantil, ou do que seja, ou se manifeste, vai ser muito bem-vindo na política e espero que o povo o eleja. Mas não creio não".
Para o ex-deputado federal, não se faz política apenas com mandato eletivo e que agora se sente livre para se manifestar.
"Eu, agora, por exemplo, estou muito mais liberto de dar minhas opiniões, eu posso ser muito mais sincero, vamos dizer assim. Não tenho que ter o cuidado, 'isso vai afetar em termos de voto'. Então, eu digo que hoje eu me tornei um Levi Vasconcelos, eu sou um comentarista político".
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